Selfies em um cenário de risco, podem ir de um ato
inofensivo a um grande problema, ou terminar em morte
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Distração ao fazer registros em áreas
rochosas ou lugares elevados pode ocasionar graves acidentes, inclusive fatais,
alerta TRAUMA
A busca por “likes” nas redes sociais se tornou uma sensação
global na última década e, quanto maior a criatividade para compor a foto,
maior o engajamento. Porém, quando o cenário é um local de risco, o ato
inofensivo pode se transformar em um grande problema, ou em uma tragédia.
No último domingo, dia 8 de dezembro, uma jovem de 22 anos caiu de
um edifício com 25 pavimentos, localizado na avenida principal de Balneário
Camboriú (SC). O irmão da vítima, que estava com ela no momento do acidente,
disse ao Corpo de Bombeiros que ela fazia vídeos no heliponto do edifício
quando perdeu o equilíbrio em um momento de distração.
No dia 11 de novembro, outra jovem morreu após fazer fotos e
vídeos em cima de carro em movimento. O acidente aconteceu em João Pessoa (PB).
Ela caiu, foi atropelada, chegou a ser socorrida e levada para o Hospital de Emergência
e Trauma de João Pessoa, mas morreu na unidade hospitalar.
Em agosto, tia e seu sobrinho, de 43 e 16 anos, morreram após
caírem em uma cachoeira ao tirarem uma selfie em Campos dos Goytacazes, no
interior do Rio de Janeiro.
Com as férias e viagens se aproximando, locais como mirantes,
cachoeiras e costões rochosos atraem pela beleza para fotos, mas também
representam perigos, tornando ainda mais necessário reforçar o alerta.
“Evite situações de risco, como ficar próximo a penhascos, sentado
em muretas ou perto de pedras escorregadias, onde um deslize pode resultar em
quedas no mar ou em cachoeiras”, pontua o presidente da Sociedade Brasileira de
Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.
O especialista reforça a importância de nunca subestimar
os riscos do ambiente ao redor. “Muitas vezes, a pessoa se orienta pela tela do
celular e não se atenta ao entorno, onde está pisando, próximo a que ela está,
se há risco de cair, se afogar, então, veja onde está pisando, o que tem ao
redor para, em segurança, fazer a foto. Não arrisque a vida por likes”, enfatiza.
Quando uma queda de altura não é fatal, pode resultar em série de
lesões, o chamado politraumatismo, que é quando pelo menos duas partes do corpo
se lesionam gravemente. A energia desprendida no momento da lesão está
diretamente relacionada com a gravidade das lesões. “Quanto maior a velocidade
que o corpo se desloca no momento do trauma, mais sérias as lesões serão”,
explica o especialista.
Os politraumatismos podem incluir múltiplas fraturas ósseas, lesões na coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), além de lesões cerebrais. “As consequências podem ser graves e afetar de forma importante a qualidade de vida da pessoa, pois as sequelas, com lesões permanentes, são muito comuns”, salienta Caiero.
Locais mais perigosos
Em 2021, a revista Journal of Travel Medicine apontou que a Praia
da Penha, em Santa Catarina, está entre os 10 lugares com mais mortes em
tentativas de selfies no mundo. Foi lá, inclusive, que uma mulher de 28 anos
morreu ao cair do costão da Ponta do Vigia, quando fazia uma foto, em 2021.
Outros lugares considerados perigosos, de acordo com a publicação,
são as cataratas do Niágara (na fronteira entre os EUA e Canadá); o Glen Canyon
(EUA); o Charco del Burro (Colômbia); a catarata de Mlango (Quênia); os montes
Urais (Rússia); o Taj Mahal e o vale de Doodhpathri (ambos na Índia); a ilha
Nusa Lembongan (Indonésia) e o arquipélago de Langkawi (Malásia).
À época, o Brasil ocupava o quinto lugar da lista, com 17 casos de
morte por selfies e os países que mais registravam mortes eram Índia (100
casos), Estados Unidos (39) e Rússia (33).
Atenção máxima também ao caminhar
Tirar uma selfie em cenários arriscados não é o único risco de
acidentes envolvendo a distração com o uso de celular. Ao caminhar pela rua,
digitando ou olhando mensagens, situações sérias podem acontecer, como a
registrada na cidade de Januária, em Minas Gerais, no dia 18 de fevereiro. Um
homem de 33 anos caiu em um bueiro de 2,5 metros de profundidade. Durante o
resgaste, a vítima contou aos socorristas que estava focado na tela do aparelho
e não percebeu que o bueiro estava aberto.
“Evite andar na rua com fone de ouvido, que aumenta a distração, e
não caminhe e use o celular ao mesmo tempo. Atente-se ao trajeto, nos
obstáculos e demais riscos que pode haver no caminho, conclui o presidente da
Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico.
Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico - ABTO
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