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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Fotofobia pode indicar complicações nos olhos e na saúde

Entenda quais as causas da intolerância à claridade e como prevenir danos maiores à sua visão.

 

A fotofobia ou intolerância à claridade não é só um desconforto nos olhos intensificado no verão pelo aumento da radiação ultravioleta. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, o sintoma pode estar associado a alterações na saúde ocular, doenças sistêmicas como lúpus, fibromialgia, hipovitaminose A, alterações hormonais ou neurológicas e ao uso contínuo de alguns medicamentos. Ocorre em todas as faixas etárias com maior frequência em pessoas de olhos claros e albinos que têm maior sensibilidade à luz nas células da córnea e da retina.

 

 Membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), o especialista ressalta que na maioria das pessoas a condição vem acompanhada de visão embaçada, vermelhidão, ardência, dor nos olhos e dor de cabeça, sintomas que indicam necessidade de acompanhamento para prevenir maiores prejuízos à saúde ocular.

 

Principais alterações nos olhos

Astigmatismo: É a causa número 1 da fotofobia, sobretudo entre crianças, afirma Queiroz Neto. “As mais atingidas são as alérgicas que de tanto coçar os olhos fazem o formato redondo da córnea se tornar ovalado” pontua. Quando a córnea é esférica, explica, as imagens penetram no olho pela córnea, atravessam o cristalino e são projetadas sobre a retina. Em olhos com astigmatismo, a córnea ovalada ora projeta as imagens na frente da retina, ora atrás.  “Esta flutuação do foco provoca fotofobia e visão desfocada para perto e longe. A criança não sabe que enxerga o mundo fora de foco. Por isso, a recomendação é que passem por um exame oftalmológico nas férias, principalmente porque há muitas evidências de que o excesso de telas é uma causa importante do aumento da miopia na infância”, afirma

 

Sinais e tratamento: Uma dica de Queiroz Neto aos pais é observar se a criança ou adolescente tem hábito de esfregar ou apertar os olhos em ambientes com bastante claridade. Isso porque, deve ser educada a não levar as mãos aos olhos para evitar a progressão do astigmatismo para ceratocone. O astigmatismo é diagnosticado pelo exame de refração e pode ser corrigido pelo uso de lente de contato tórica ou óculos com lente tórica e fotossensível que corrige o astigmatismo e reduz a fotofobia por escurecer quando exposta ao sol, pontua. 

 

Ceratocone: A condição que responde pelo maior número de transplantes de córnea no País e atinge mais de 100 mil brasileiros, a maioria crianças e adolescentes. Queiroz Neto explica que o ceratocone pode ser confundido com astigmatismo, mas é mais grave. Isso porque, enfraquece e afina a córnea, fazendo com que progressivamente tome o formato de um cone.  O diagnóstico no início da condição só e possível pela tomografia, um exame detalhado da superfície anterior e posterior da córnea.

 

Sintomas, tratamento e prevenção: Além da fotofobia, a troca frequente dos óculos, visão de halos noturnos, maior fadiga no uso de telas, coceira e vermelhidão sinalizam o ceratocone. “Por ser uma doença progressiva, o tratamento de primeira linha para ceratocone é o crosslink, único que interrompe a evolução em 85% dos casos e elimina o risco do transplante”, afirma Queiroz Neto.  A cirurgia é ambulatorial. “Associa a aplicação de vitamina B2 (riboflavina) e radiação ultravioleta (UV) para fortalecer a reticulação do colágeno da córnea”, salienta. O problema, comenta, é que muitos pacientes adiam o procedimento e quando decidem operar a córnea já afinou mais que o permitido para uma cirurgia segura.

Uveite: Inflamação da úvea, revestimento interno do globo ocular formado pela íris, corpo ciliar e coroide, a uveite pode atingir pessoas de todas as idades. É causada por doenças infecciosas, inflamatórias ou autoimunes. Pior: “Frequentemente é confundida com conjuntivite pela população por apresentar alguns sintomas semelhantes – vermelhidão, dor e fotofobia” afirmam Queiroz Neto. Por isso, ao sentir um desconforto no olho a recomendação do oftalmologista é consultar um especialista. “Tratar uveite como colírio para conjuntivite pode levar à perda da visão” alerta.

Catarata: Queiroz Neto esclarece que todos os tipos de catarata - senil, traumática, secundária por medicamentos, diabética ou congênita - causam a opacificação do cristalino, lente interna do olho. Isso provoca a dispersão da luz no globo ocular e resulta em fotofobia intensa. “É esta dispersão da luz, explica, que aumenta a fotofobia a ponto de causar cegueira momentânea durante a condução noturna por motoristas com catarata, explica.

A boa notícia é que a catarata é eliminada pela cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular que também corrige os erros de refração, incluindo a presbiopia.


Outras condições oculares e sistêmicas

Queiroz Neto esclarece que a fotofobia pode ser causada pela síndrome do olho seco, uma alteração na quantidade ou qualidade da lágrima, cicatrizes na córnea causadas pelo uso abusivo de lente de contato, conjuntivite mal cuidada, ceratite (inflamação da córnea), e condições neurológicas como enxaqueca, encefalite ou meningite.

 

Mulheres e medicamentos.

“As oscilações hormonais na mulher, independente da faixa etária, somada ao frequente contato da mucosa ocular com cosméticos ou maquiagem e a redução dos hormônios sexuais após a menopausa fazem com que elas tenham 3 vezes mais olho seco e consequentemente mais fotofobia”, destaca. A mulher, ressalta também está exposta ao uso de anticoncepcional que também piora o ressecamento da lágrima e a fotofobia. Além dos anticoncepcionais, outros medicamentos que podem provocar a fotofobia Queiroz Neto destaca os antibióticos, antialérgicos, antiarrítmicos, anti-hipertensivos, corticoides e  os indicados para acne como a Isotretinoína. Para diminuir o desconforto e proteger os olhos a recomendação é usar óculos escuros que filtrem 100% da radiação UV, finaliza.

 

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