Sem os dispositivos móveis, as crianças aprendem a criar suas próprias diversões e a gerenciar o tempo livre
Após meses de rotina exaustiva de um ano letivo
atarefado, as férias escolares se aproximam e abrem espaço para o descanso
físico e mental dos estudantes. O período de recesso não só permite que as
crianças recarreguem suas energias, mas também favorece para uma maior
convivência familiar e social. Essa pausa é essencial para que os pequenos
retornem às aulas renovados, com disposição e motivação para novos desafios.
Desimpedidos de compromissos, muitos recorrem ao
celular para se distrair, e é tarefa dos pais encontrar estratégias para
mantê-los afastados das tecnologias e mostrar a eles que existem opções tão
atrativas quanto. “Sem a dependência dos aparelhos móveis, o público infantil
aprende a criar suas próprias diversões e a gerenciar a hora livre. E
as atividades off-line, como brincadeiras ou esportes, ajudam a lidar melhor
com frustrações e dificuldades, além de reduzir a dependência de estímulos
rápidos. No entanto, o maior desafio dos pais é encontrar tempo e
disposição para oferecer alternativas, já que as crianças trocam a tela por uma
interação divertida com a família”, explica a psicopedagoga e escritora, Paula
Furtado.
A profissional sugere aos responsáveis que
estabeleçam regras e rotinas claras, reservem uma hora por dia, por exemplo,
antes ou depois do banho, para que seus filhos possam usar dispositivos como
tablets ou videogames para se divertir com jogos de sua escolha. Além disso, o
pai e a mãe podem selecionar aplicativos pedagógicos para complementar o
aprendizado de forma lúdica.
Criar um cronograma de tarefas é, para a escritora,
uma ótima maneira de manter esse equilíbrio, mas, em período de férias, a
flexibilidade é fundamental. “É importante lembrar que surgirão convites de
amigos ou parentes para brincar, ir ao cinema, entre outras ações, e esses
momentos de lazer também fazem parte do processo”, diz Paula.
Trabalhar com a resistência do menor quando é
imposta uma limitação exige paciência e consistência na abordagem. Para ajudar
nessa etapa, a especialista recomenda que os adultos expliquem claramente as
razões por trás dessa restrição, além de conversar sobre os benefícios que essa
mudança pode trazer para sua saúde, criatividade e vínculo familiar. “Para
incentivar os hábitos saudáveis, os pais devem ser o exemplo, mostrar que
também reduziram o tempo nas telas. Validar os sentimentos do filho, reconhecer
a frustração ou o descontentamento dele e saber recompensar os comportamentos
positivos, elogiando quando a criança respeitar as novas normas são formas de
driblar a situação. Enfim, com consistência e paciência, aos poucos, os limites
se tornam parte da rotina”, orienta a psicopedagoga.
Sem acesso à internet, os familiares podem planejar
programas variados como: trilhas, caminhadas em parques ou visitas a reservas
naturais; criar uma caça ao tesouro com pistas espalhadas ao longo do percurso,
incentivando-as a observar a natureza e trabalhar habilidades lógicas com
enigmas; montar circuitos de obstáculos naturais (pular troncos, passar por
debaixo de galhos, correr ao redor de árvores); incentivar brincadeiras
tradicionais, como esconde-esconde ou pega-pega; piqueniques; passeios de
bicicleta, desenho, pintura de telas ou a dedo, modelagem com argila, massinha,
fazer slime, construção de brinquedos ou objetos com materiais recicláveis;
e também algo que seja novidade, como plantar árvores, cuidar de um jardim ou
fazer uma limpeza de um espaço natural. "É importante mostrar entusiasmo,
pois as crianças tendem a imitar o comportamento dos mais velhos. Participar
das atividades junto com elas, e mostrar que estar na natureza, por exemplo, é
divertido e ótimo para o bem-estar físico e mental".
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