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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Dengue: conheça as estratégias do SUS para controlar focos em SP

UBS Jardim Nakamura, na zona Sul, é uma das unidades que se destacam na busca por inovações para enfrentar esse desafio de saúde pública


O Brasil registrou 6,5 milhões de casos de dengue desde o começo do ano, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Isso representa um aumento de 400% em comparação com o ano de 2023. Mais de 2 milhões desses casos e quase 2 mil óbitos ocorreram em São Paulo, aponta o Painel de Monitoramento da Dengue da Secretaria de Saúde do Estado.

Embora em 2024 o pico de casos tenha ocorrido entre os meses de abril e maio, e os números recentes tenham apresentado queda, há a possibilidade de que a incidência da infecção volte a aumentar a partir de dezembro.

Nesse cenário, o Sistema Único de Saúde (SUS), por intermédio das equipes de Vigilância e com o apoio do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS), segue intensificando ações preventivas para a população. Profissionais como agentes comunitários de saúde (ACS), agentes de promoção ambiental (APA), enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos se mantém na linha de frente, orientando e realizando intervenções com as comunidades.

“As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e suas equipes atuam tanto no atendimento nas próprias unidades como nas visitas domiciliares. Quando necessário, realizam também bloqueios e varreduras nas áreas mais afetadas. O PAVS, por meio dos APAs, auxilia ainda em atividades educativas, como rodas de conversa, palestras, jogos e apresentações teatrais para a conscientização”, afirma Bruno Saito, gestor ambiental do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim".

Entre janeiro e outubro de 2024, as unidades gerenciadas pelo CEJAM, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), registraram mais de 62 mil pacientes com diagnóstico positivo para dengue.

“Após o atendimento médico e a confirmação por meio de teste, anunciamos ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação, a partir do preenchimento de uma ficha, que é encaminhada para a Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) regional dentro de um prazo de 24 horas. Essa, por sua vez, pode determinar a realização de um bloqueio na área residencial do paciente, para evitar transmissão, a depender do caso”, complementa Dion Carvalho, supervisor de vigilância da organização.

O bloqueio abrange um raio de 150 metros ao redor da casa do paciente, incluindo imóveis residenciais, comerciais e terrenos. “Normalmente, a equipe se dirige ao endereço e realiza visitas a todos os imóveis nesse raio. Verificamos calhas, ralos, caixas d’água, recipientes de água para animais, quintais, entre outros locais, em busca de criadouros e larvas do mosquito transmissor da dengue”, detalha Michele Assunção, também gestora ambiental do CEJAM.  

As ações de bloqueio visam controlar o avanço da doença e reforçar a importância da prevenção, especialmente em áreas onde os surtos têm sido mais severos.


Tecnologia para enfrentar esse velho inimigo

Na zona Sul de São Paulo, a UBS Jardim Nakamura, gerenciada pelo CEJAM em conjunto com a SMS-SP, está adotando uma nova ferramenta digital para reforçar a prevenção da dengue: um mapa interativo. A partir da plataforma My Maps, a equipe consegue acompanhar em tempo real os locais de risco no território da unidade.

O projeto, que foi iniciado em 2023, sinaliza pontos críticos, áreas de difícil acesso e locais onde há resistência às orientações, por exemplo. 

“Percebemos a necessidade de monitorar os pontos de risco com mais precisão e criar estratégias para reduzir os casos, que estavam atingindo altos níveis. Foi assim que começamos a desenvolver o mapa, e esse trabalho vem dando muito certo”, destaca Alexandre Neves, APA da unidade e idealizador da iniciativa.

A ferramenta tem sido utilizada pelas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), que, com os dados do mapa, conseguem ser mais assertivos. “Com o uso da plataforma, observamos uma redução de casos nas áreas mapeadas e uma conscientização maior dos usuários sobre o descarte adequado de objetos que acumulam água”, acrescenta.

Mesmo que o uso da metodologia esteja inicialmente concentrado na UBS Jardim Nakamura, a ideia é expandir o projeto para outras unidades, ampliando o impacto positivo no combate à dengue. 



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial


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