Os medicamentos têm um alto potencial poluente
quando entram em contato com o meio ambiente
Envato
Lixo comum e lixo
reciclável não são adequados para descartar medicamentos que já não estão sendo
usados
O tratamento acabou, a dor foi embora, o prazo
venceu e aqueles comprimidos ou as doses no copinho já não são necessários. E
agora, o que fazer com os remédios que já não estão sendo utilizados? A lata de
lixo comum, orgânico, não é um bom destino para eles, mas o contêiner de
recicláveis tampouco pode ser usado.
De acordo com a professora do curso
de Farmácia da Universidade Positivo (UP) Ligia Burci, qualquer medicamento
é um composto químico e, por isso, não pode ser descartado no lixo comum. “Os medicamentos
são enquadrados na categoria de lixo químico, classificação tipo B. Isso
acontece porque sua formulação é química e, dessa forma, tem um potencial
poluente quando entra em contato com o meio ambiente”, explica. Solo, água e ar
podem sofrer impactos significativos, às vezes advindos de um único comprimido
que não foi descartado corretamente.
E o estrago pode ser ainda maior dependendo de onde
vai parar esse medicamento. “Por exemplo, no caso de uma plantação, quem se
alimentar daquela planta pode sofrer algum dano causado por ela. Ou, se houver
um manancial, animais que bebem daquela água ingerem compostos tóxicos para sua
saúde.” Em tempos de mudanças climáticas e ameaças provenientes do uso
indiscriminado de agrotóxicos, jogar fora os remédios que já não servem para
nada pode acabar contribuindo para o cenário de caos que o planeta vem tentando
evitar ao longo dos últimos anos.
Mas, se o lixo comum não é o destino correto, o
reciclável é igualmente problemático. Quando se fala em lixo reciclável, existe
uma grande quantidade de pessoas que trabalham com esse tipo de material, que
recolhem e separam esse lixo. “Então, existe aí uma chance de que um
medicamento descartado no lixo reciclável acabe sendo utilizado por pessoas que
não têm conhecimento de como usá-lo. Isso pode gerar intoxicações, seja porque
aquela pessoa não precisa daquele medicamento, seja porque o medicamento está
estragado, de alguma forma”, detalha Ligia.
Postos de coleta
Muitas farmácias disponibilizam pontos de coleta de
medicamentos vencidos ou que não têm serventia. Essa é a única maneira segura e
correta de descartar esses remédios. Dali, eles são reencaminhados à indústria
para que tenham uma destinação adequada. “A indústria farmacêutica tem uma
forte política de logística reversa porque já se entende há muitos anos que é
responsabilidade dela promover a destinação correta dos produtos que ela mesma
coloca no mercado”, pontua.
Liberados para descarte na lata de recicláveis,
apenas as caixas e bulas que vêm com os fármacos. Mas atenção: também não devem
ser descartadas ali as embalagens primárias dos comprimidos - os chamados
“blisters”. Por estar em contato direto com os comprimidos, o blister também só
pode ser jogado fora nos pontos de coleta disponibilizados nas farmácias.
Universidade Positivo
up.edu.br/
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