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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

AVC: neurologista orienta sobre prevenção e tratamentos da doença que mata mais do que o infarto


O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral ou isquemia, está entre as principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. Segundo uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, com base em dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil, o número de mortes por AVC superou o de mortes por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) entre 2019 e junho de 2024. Neste ano, a diferença nos óbitos entre essas duas doenças chegou a 8,78%, tornando o infarto a menor causa de morte em comparação com o AVC.

O neurologista cooperado da Unimed-BH, Paulo Pereira Christo, explica que o AVC resulta de uma interrupção no fluxo sanguíneo para o cérebro, provocando a morte de células nervosas na região afetada. Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. No tipo isquêmico, o mais comum e responsável por cerca de 85% dos casos, um vaso sanguíneo sofre obstrução ou redução de fluxo, o que impede a circulação adequada para uma área específica do cérebro, causando perda de função e danos permanentes.

No caso do AVC hemorrágico, ocorre a ruptura de um vaso sanguíneo, resultando em sangramento no cérebro. Esse tipo representa cerca de 15% de todos os casos de AVC, mas apresenta um risco maior de morte em comparação ao AVC isquêmico. “Existe também o chamado Acidente Isquêmico Transitório (AIT), que ocorre devido a um pequeno coágulo que bloqueia temporariamente uma artéria, geralmente por menos de uma hora. Esse episódio pode servir como um importante alerta de que um AVC mais grave pode estar prestes a acontecer”, ressalta.


Sinais e fatores de risco

O especialista destaca os principais sinais que indicam um possível AVC: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, geralmente em um lado do corpo; alterações na fala ou na compreensão; problemas de visão, perda de equilíbrio e coordenação; além de dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente. “Geralmente estes sintomas são agudos e súbitos e ocorrem em segundos a minutos. Outros sinais, como desvio da rima labial (boca torta ao falar) e confusão mental, também podem ocorrer”, descreve.

Fatores de risco que podem desencadear o AVC devem ser identificados e tratados de maneira adequada. Entre eles, destacam-se: hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, câncer e problemas cardíacos, como arritmias. “Existem ainda algumas outras condições clínicas que não podem ser modificadas, como a idade, a raça, a constituição genética e o sexo”, acrescenta.


Hábitos saudáveis são fundamentais

A boa notícia é que hábitos saudáveis podem ajudar na prevenção do AVC. Entre as principais recomendações estão:

  • evitar o consumo de tabaco, álcool e drogas ilícitas;
  • adotar uma alimentação equilibrada e manter o peso controlado;
  • hidratar-se bem;
  • praticar atividade física regularmente;
  • manter a pressão arterial e a glicemia sob controle e realizar exames regulares para monitorar colesterol, glicose e a saúde do coração.

Paulo Pereira orienta que uma alimentação balanceada é outra medida importante na prevenção. Ele recomenda o aumento do consumo de fibras, vegetais, frutas, legumes, grãos inteiros, aves e peixes. Além disso, é importante reduzir a ingestão de carboidratos simples, como açúcares e doces, sal, carne vermelha e frituras, evitando principalmente alimentos industrializados e processados.


Primeiros socorros e diagnóstico

“Em caso de suspeita de AVC e, baseado nos sintomas citados anteriormente, o paciente deve ser levado o mais rápido possível para um hospital”, reforça o especialista, destacando que se trata de uma emergência médica.

Ele explica que o diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, que identificam a área afetada do cérebro e o tipo de AVC. A tomografia computadorizada de crânio é o exame inicial mais utilizado para avaliar o AVC isquêmico agudo, permitindo a detecção de sinais precoces de isquemia. “Medidas importantes são: verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura; checar a glicemia; colocar a pessoa deitada, exceto se houver vômitos; administrar oxigênio, caso seja necessário e é fundamental determinar o horário de início dos sintomas com o paciente ou acompanhante. Isto define a escolha do melhor tratamento”, orienta.

De acordo com Paulo Christo, em ambos os tipos de AVC, cada minuto é valioso, pois o tempo desempenha um papel crítico na minimização dos danos cerebrais e na maximização das chances de recuperação. “No caso do AVC isquêmico, por exemplo, podem ser aplicadas medicações que dissolvem coágulos e entupimentos das artérias do paciente. Existe a possibilidade de retirada mecânica, por meio de procedimentos que inserem um cateter no cérebro do paciente e conseguem dissolver o entupimento no local. Já no AVC hemorrágico, podem ser feitas cirurgias que removem o sangue que ficou no local e que pode estar causando pressão no cérebro”, explica.


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