Levantamento indicou que os assédios
são um dos obstáculos: 78% das entrevistadas relataram já ter passado por isso
- seja o assédio virtual, moral ou físicoFoto: banco de imagem
A pesquisa Mulheres 2024 - Desafios, tendências e
comportamento da mulher no mercado de trabalho, produzida pela Catho,
marketplace que conecta empresas e candidatos que estão em busca de emprego,
identificou que ainda existem muitos obstáculos para as mulheres no mundo
corporativo. Dentre eles, os principais incluem falta de oportunidades,
machismo, assédio e sobrecarga quando se tem filhos.
De acordo com o levantamento, realizado com 886 mulheres, algumas
empresas ainda não exercem determinados investimentos, como programas de apoio
e acolhimento às gestantes e promoções após o retorno da licença maternidade.
Cerca 50% das respondentes alegam terem sido demitidas após o afastamento.
“Por conta disso, muitas mulheres desistem de se candidatar a
vagas em empresas que tenham má reputação ou que pagam pouco, visto que, mesmo
sendo mais escolarizadas que os homens, mulheres ganham, em média, 21% a menos
que os profissionais masculinos, conforme dados do IBGE.a”, afirma Christiana
Mello, Diretora da Unidade de Recrutadores da Catho.
Segundo a diretora, a maioria do público feminino busca obter
conhecimento prévio sobre a empresa e sobre as etapas do processo seletivo,
além de garantia de feedback.
"Observamos evoluções positivas no cenário atual, se
comparado a anos anteriores. Um estudo do Índice de Igualdade de Gênero (GEI)
2023 mostrou que as empresas tiveram, em média, 34% de mulheres em cargos de
liderança. No que diz respeito à contratação feminina, houve um aumento de 11%
em relação ao ano anterior. Ainda há muitos desafios pela frente, em uma
realidade não tão equitativa, mas, como mostra a pesquisa, estamos
caminhando", afirma Christiana.
O estudo da Catho também revelou que os assédios constituem um
considerável obstáculo, com 78% das entrevistadas afirmando terem enfrentado
algum tipo de assédio, seja virtual, moral ou físico. Christiana enfatiza que a
maioria desses casos não é originada entre colegas, mas sim de superiores, com
21% das entrevistadas afirmando que a denúncia não teve nenhum resultado.
“Por incrível que pareça, a maioria dos casos não parte dos
colegas, mas sim dos líderes diretos ou indiretos. Apesar disso, é importante
destacar que o mercado está investindo em iniciativas para combater essa
realidade, especialmente nas maiores empresas. Contudo, os resultados da
pesquisa ainda mostram que poucas organizações tomaram alguma atitude após
esses casos, com a maioria fazendo nada ou até mesmo demitindo a colaboradora
após o assédio", comenta Christiana.
A identificação desses desafios abre um caminho valioso para as
lideranças refletirem sobre ética e o respeito à legislação nas condições de
trabalho, além do poder da diversidade e inclusão no ambiente profissional.
"Reconhecemos a importância de criar espaços onde todos se sintam
valorizados e respeitados, incluindo a liberdade para expressar sua
individualidade. Essa é uma oportunidade para as empresas revisarem suas
políticas internas e práticas de liderança, garantindo que promovam um ambiente
de respeito mútuo e crescimento pessoal", diz a executiva da Catho.
Outro ponto elucidado pela pesquisa é que metade das profissionais
entrevistadas não recebeu nenhuma promoção ou mérito na empresa em que atua.
Além disso, 49% responderam que as companhias nas quais elas trabalham não
incentivam a inclusão e o desenvolvimento, fazendo com que elas não tenham uma
perspectiva de crescimento na empresa a longo prazo. No entanto, 29% declara
que esse movimento vem ocorrendo nas empresas.
Para a diretora da Catho, esses e outros fatores, infelizmente,
mantém a chama acesa da discriminação da mulher no mercado de trabalho, fazendo
com que elas fiquem insatisfeitas com seus empregos.
Para a pesquisa, a Catho ouviu pessoas a partir dos 18 anos, sendo
que 46% têm entre 36 anos e 50 anos de idade, 38% têm de 18 anos a 35 anos e
16% têm 51 anos ou mais. A maioria deles (86%) mora no Estado de São Paulo; 49%
afirmam não ter filhos e 51% têm uma criança ou mais.
Catho
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