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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Chegada das Olimpíadas: evento pode incentivar população a iniciar novas atividades físicas

Cardiologista reforça importância de exames cardiovasculares. Dentre pontos de atenção, está a cardiomiopatia hipertrófica, principal causa de morte súbita em atletas jovens[1]


No dia 26 de julho começam oficialmente os Jogos Olímpicos de 2024. Com a proximidade da data, há a expectativa de que as pessoas sejam incentivadas a iniciar novas atividades físicas. Uma pesquisa realizada pelo Governo da Inglaterra mostrou que a população se tornou mais ativa após o país sediar os jogos em 2012.[2]

Porém, antes de iniciar uma nova atividade esportiva é essencial a realização de um check-up médico, com atenção especial à saúde cardiovascular. Dentre os pontos de atenção, está a cardiomiopatia hipertrófica: a principal causa de morte súbita em atletas jovens[3] e causa da morte do empresário João Paulo Diniz e do jogador de futebol camaronês Marc-Vivien Foé.

Em 2024, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou a primeira diretriz para tratamento da cardiomiopatia hipertrófica (CMH). O documento aponta tópicos importantes sobre a doença para orientar melhor os médicos sobre a fisiopatologia da cardiomiopatia hipertrófica, quadro clínico, diagnósticos diferenciais, métodos complementares, tratamentos clínicos e terapias de redução septal, bem como estratificação de risco de morte súbita. Dentre as orientações, está a importância de realizar exames de avaliação em atletas.

“Com a proximidade das Olimpíadas e o tema do esporte em alta, é importante reforçarmos a importância dos exames cardiovasculares para que a prática esportiva seja segura. Algumas doenças graves, e potencialmente letais, como a miocardiopatia hipertrófica podem inicialmente só se manifestar durante a prática de exercícios. Infelizmente, em algumas pessoas essa manifestação inicial já é a morte súbita. Por isso, o ideal é que a avaliação cardiológica pré-participação seja realizada em todos aqueles que iniciarão a prática de exercícios, e também periodicamente naqueles que já se exercitam regularmente”, defende a Dra. Renata Castro, cardiologista especialista em medicina esportiva.


Entenda a Cardiomiopatia Hipertrófica

A CMH causa um espessamento do músculo cardíaco, que provoca alteração da função diastólica do coração e em alguns casos prejudica a passagem adequada do sangue, a forma chamada de obstrutiva. A CMH é uma doença genética que afeta pessoas independentemente da idade, etnia e gênero, com risco de aproximadamente 50% aos descendentes[4]

Ainda que se trate de uma doença muitas vezes assintomática, algumas pessoas podem apresentar desmaios, falta de ar, cansaço, fadiga, palpitação e dor no peito, principalmente durante atividades físicas intensas. Vale ressaltar que esta é, inclusive, uma das principais causas de mortes súbitas em jovens. Os sintomas da doença costumam surgir a partir dos 20 anos de idade[5] e, normalmente, estão relacionados a esforços físicos intensos. A doença atinge 1 em cada 500 pessoas, mas estudos clínicos recentes sugerem que esse número pode ser maior[6]

Por décadas os médicos ficaram sem uma opção terapêutica específica para a doença, o tratamento até então era baseado apenas no alívio de sintomas. Hoje, o tratamento com um inibidor da miosina cardíaca, que normaliza a contratilidade, reduz a obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo e melhora as pressões de enchimento, já está aprovado no Brasil. Outra opção de tratamento disponível é a redução química ou remoção cirúrgica da obstrução da via de saída. 

Para o diagnóstico mais preciso, é necessário realização de exame Ecocardiograma com manobras provocativas, que irá identificar alterações no coração do paciente. Além disso, outros exames como o teste ergométrico e testes genéticos são importantes para complementar a avaliação do paciente e da sua família. [7]O tratamento adequado melhora a qualidade de vida dos pacientes e pode possibilitar, inclusive, que eles retornem às práticas esportivas.
 

 



[1] Cardiomiopatia hipertrófica, atividade física e morte súbita. Link: Link

[2] Learning from London 2012 to create lasting impact ten years on. Link: Link

[3] Cardiomiopatia hipertrófica, atividade física e morte súbita. Link: Link

[4] Maron BJ, et al. JACC Heart Fail. 2018;6(5):376-378.

[5] PebMed, Cardiomiopatia Hipertrófica: uma das principais causas de morte súbita em atletas, acesso em junho de 2024: Link

[6] AHA Journals, 2020 AHA/ACC Guideline for the Diagnosis and Treatment of Patients With Hypertrophic Cardiomyopathy: Link

[7] AHA Journals, 2020 AHA/ACC Guideline for the Diagnosis and Treatment of Patients With Hypertrophic Cardiomyopathy: Link


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