Cardiologista reforça importância de exames cardiovasculares. Dentre
pontos de atenção, está a cardiomiopatia hipertrófica, principal causa de morte
súbita em atletas jovens[1]
No dia 26 de julho começam oficialmente os Jogos Olímpicos de 2024. Com a proximidade da data, há a expectativa de que as pessoas sejam incentivadas a iniciar novas atividades físicas. Uma pesquisa realizada pelo Governo da Inglaterra mostrou que a população se tornou mais ativa após o país sediar os jogos em 2012.[2]
Porém, antes de iniciar uma nova atividade esportiva é essencial a realização de um check-up médico, com atenção especial à saúde cardiovascular. Dentre os pontos de atenção, está a cardiomiopatia hipertrófica: a principal causa de morte súbita em atletas jovens[3] e causa da morte do empresário João Paulo Diniz e do jogador de futebol camaronês Marc-Vivien Foé.
Em 2024, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou a primeira diretriz para tratamento da cardiomiopatia hipertrófica (CMH). O documento aponta tópicos importantes sobre a doença para orientar melhor os médicos sobre a fisiopatologia da cardiomiopatia hipertrófica, quadro clínico, diagnósticos diferenciais, métodos complementares, tratamentos clínicos e terapias de redução septal, bem como estratificação de risco de morte súbita. Dentre as orientações, está a importância de realizar exames de avaliação em atletas.
“Com a proximidade das Olimpíadas e o tema do esporte em alta, é importante
reforçarmos a importância dos exames cardiovasculares para que a prática
esportiva seja segura. Algumas doenças graves, e potencialmente letais, como a
miocardiopatia hipertrófica podem inicialmente só se manifestar durante a
prática de exercícios. Infelizmente, em algumas pessoas essa manifestação
inicial já é a morte súbita. Por isso, o ideal é que a avaliação cardiológica
pré-participação seja realizada em todos aqueles que iniciarão a prática de
exercícios, e também periodicamente naqueles que já se exercitam regularmente”,
defende a Dra. Renata Castro, cardiologista especialista em medicina esportiva.
Entenda a Cardiomiopatia Hipertrófica
A
CMH causa um espessamento do músculo cardíaco, que provoca alteração da função
diastólica do coração e em alguns casos prejudica a passagem adequada do
sangue, a forma chamada de obstrutiva. A CMH é uma doença genética que afeta
pessoas independentemente da idade, etnia e gênero, com risco de
aproximadamente 50% aos descendentes[4].
Ainda que se trate
de uma doença muitas vezes assintomática, algumas pessoas podem apresentar
desmaios, falta de ar, cansaço, fadiga, palpitação e dor no peito,
principalmente durante atividades físicas intensas. Vale ressaltar que esta é,
inclusive, uma das principais causas de mortes súbitas em jovens. Os sintomas
da doença costumam surgir a partir dos 20 anos de idade[5]
e, normalmente, estão relacionados a esforços físicos intensos. A doença atinge
1 em cada 500 pessoas, mas estudos clínicos recentes sugerem que esse número
pode ser maior[6].
Por décadas os
médicos ficaram sem uma opção terapêutica específica para a doença, o
tratamento até então era baseado apenas no alívio de sintomas. Hoje, o
tratamento com um inibidor da miosina cardíaca, que normaliza a contratilidade,
reduz a obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo e melhora as
pressões de enchimento, já está aprovado no Brasil. Outra opção de tratamento disponível
é a redução química ou remoção cirúrgica da obstrução da via de saída.
Para o diagnóstico
mais preciso, é necessário realização de exame Ecocardiograma com manobras
provocativas, que irá identificar alterações no coração do paciente. Além disso,
outros exames como o teste ergométrico e testes genéticos são importantes para
complementar a avaliação do paciente e da sua família. [7]O
tratamento adequado melhora a qualidade de vida dos pacientes e pode
possibilitar, inclusive, que eles retornem às práticas esportivas.
[1] Cardiomiopatia hipertrófica, atividade física e morte súbita. Link: Link
[2] Learning from London 2012 to create lasting impact ten years on. Link: Link
[3] Cardiomiopatia hipertrófica, atividade física e morte súbita. Link: Link
[4] Maron BJ, et al. JACC Heart Fail. 2018;6(5):376-378.
[5] PebMed, Cardiomiopatia Hipertrófica: uma das principais causas de morte súbita em atletas, acesso em junho de 2024: Link
[6] AHA Journals, 2020 AHA/ACC Guideline for the Diagnosis and Treatment of Patients With Hypertrophic Cardiomyopathy: Link
[7] AHA Journals, 2020 AHA/ACC Guideline for the Diagnosis and Treatment of Patients With Hypertrophic Cardiomyopathy: Link
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