O reconhecimento das emoções é o primeiro passo para o
entendimento no ciclo familiar e social
Será lançado no dia 20 de junho o filme
Divertida Mente II. A animação da Disney Pixar tem como enredo a história da
garota Riley, no período entre 11 e 12 anos de idade, quando ela tem que lidar
com as emoções que a controlam: Alegria, Medo, Tristeza, Raiva e Nojinho. A
personagem reflete como os adolescentes passam pelas descobertas de novas
emoções e como é a sua transição para o mundo adulto.
A adolescência corresponde a uma fase em que
intensas e rápidas transformações que acontecem a partir da produção de
hormônios que modificam o corpo da criança, que passa a expressar seu
amadurecimento sexual. Isso modifica a noção que ela tem de si mesma, de sua
autoimagem e de seu papel na família e na sociedade.
A professora de Psicologia do Centro
Universitário São Camilo, Lydiane Fabretti explica como o início da puberdade
mexe com a criança. “Há inúmeras perdas no modo como o adolescente passa a ser
compreendido e tratado pelas pessoas. Surgem demandas específicas a respeito
dos estudos, das escolhas vocacionais, da capacidade para o trabalho e da
conquista de autonomia relativa, e elas variam nos diversos contextos
socioculturais”, explicou.
Segundo ela, algumas comunidades cultivam
práticas coletivas e ritualísticas que podem oferecer suporte às dúvidas e às
perdas que indivíduos jovens vivem em relação aos seus antigos referenciais da
infância. Na sociedade ocidental urbana há a festa de formatura e o baile de
debutantes, o povo judeu tem o bar mitzvá, os grupos indígenas apresentam
rituais de caça para os meninos e rituais específicos para as meninas quando
têm a primeira menstruação, criando experiências emocionais que norteiam suas
crenças e comportamentos sociais.
“As práticas rituais mais tradicionais, podem
dar continência e, de certo modo, organizar emoções direcionando o
comportamento e a preparação para determinados papéis sociais e para as
demandas mais complexas da vida adulta. E as crianças estão amadurecendo
fisiologicamente cada vez mais cedo. Há estudos que afirmam que o tipo
de alimentação e de estímulos psicológicos aos quais elas são expostas
podem acelerar determinadas produções de hormônios, assim como o ritmo de vida
mais rápido e o consumo de produtos com alterações genéticas ou hiper
processados. Em relação a isso, considera-se que as meninas que vivem em
grandes cidades atualmente vêm menstruando cada vez mais cedo em comparação às
que viveram no século passado”, afirmou a professora de Psicologia.
Ao longo da adolescência muitas crenças,
relações e papéis são revistos, a personalidade continua a se desenvolver e é o
período quando se inicia a autonomia relativa em relação à figura dos pais.
Fazer parte de uma família é uma experiência
que ocorre na interação entre os seus membros e que permanecem por toda a vida
em desenvolvimento. Desse modo, enquanto o adolescente vive seu amadurecimento,
os pais também devem lidar com a passagem de uma fase em que tinham sob seus
cuidados uma criança dependente e frágil, e passarão a lidar com um jovem
adulto com opiniões próprias e gradual ganho de autonomia.
De acordo com Lydiane Fabretti esse processo é permeado por mudanças de comportamentos, interesses e rotinas e pode suscitar emoções ambivalentes nos pais que também passam pelos sentimentos de orgulho, alegria, projeções positivas, medos e até o luto pela perda do filho idealizado, entre outros sentimentos. Para a professora, os pais também devem cuidar de suas emoções para que sejam capazes de continuar oferecendo um espaço de regras e de segurança para os filhos, no entanto, de maneira diferente. “Há nos pais o registro de suas próprias adolescências, e quanto melhor eles tiverem consciência acerca de suas dificuldades e alegrias naquela experiência, mais poderão abrir espaço para que seus filhos vivam a nova fase da vida de maneira singular, evitando projeções maciças a partir de fantasias e temores dos genitores. O exercício da paternidade é atualizado, abrindo espaço para que todos lidem com as novas experiências e vivam seu processo de autorrealização”, finalizou.
Para passar essa fase de turbulência geral entre filhos adolescentes e pais, ela aconselha o desenvolvimento da habilidade de lidar com as emoções, dentre elas conversar, se expressar, escutar colegas e pessoas que sejam de confiança e que atuem como referências positivas e que o ambiente familiar e social forneça regras, limites, mas também aconchego para que o adolescente possa manifestar suas dúvidas, dores, confusões e outras emoções intensas e de difícil compreensão. Reconhece-se que a prática de atividade física, e outros hobbies como desenhar, cantar e afins também é importante para dar referências sobre as dinâmicas complexas das relações humanas e a oportunidade de elaborá-las de maneira criativa e protegida.
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