Com 43 casos
estimados em todo o mundo, sendo cerca de dois no Brasil, pessoas com sangue Rh
nulo necessitam de acompanhamento médico constante e sistema seguro de estoque
para emergências
Considerado o tipo sanguíneo mais raro do mundo,
estima-se que o RH nulo ou, como é conhecido, sangue dourado, acomete menos de
50 pessoas em todo o mundo. No Brasil, há conhecimento de pelo menos dois
casos, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para entender melhor as características e
implicações aos portadores desse grupo, a Dra. Maria Cristina Pessoa dos
Santos, hemoterapeuta chefe da agência transfusional do Hospital da Mulher
Mariska Ribeiro, gerido pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João
Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro tira
dúvidas sobre a classificação dos tipos sanguíneos de maneira geral.
Ela explica que os diferentes tipos sanguíneos são
definidos pelos antígenos que eles carregam, que são as proteínas presentes nos
glóbulos vermelhos (hemácias). Atualmente, existem 44 sistemas de grupos
sanguíneos reconhecidos, contendo 354 antígenos de hemácias.
“Essas classificações são muito importantes, pois
determinam, de acordo com sua presença ou ausência no sangue, de quem um
indivíduo pode receber ou para quem pode doar sangue”, destaca.
Segundo a especialista, o sangue do tipo A é
considerado o mais comum no Brasil, seguido pelo tipo O. Entre os menos
incidentes estão os tipos B e AB. “Estudos indicam que apenas 8% da população
brasileira possui sangue tipo B, incidência ainda menor para o tipo AB.”
Já o sangue dourado ocorre quando as hemácias não
contam com nenhum tipo de antígeno RhD, o que o torna, ao mesmo tempo, muito
especial e perigoso para quem o possui.
“Sem o fator RH, o indivíduo seria, teoricamente, o
verdadeiro doador universal, uma vez que seu sangue não terá conflito com os
antígenos existentes nos outros tipos sanguíneos, desde que seja respeitado o
sistema ABO. No entanto, suas hemácias têm vida
média mais curta e apresentam um certo grau de anemia. Eles só devem doar para
outras pessoas com o mesmo fenótipo, pois estes só podem receber sangue desse
mesmo grupo, o que, devido à sua raridade, pode se tornar um grande risco à sua
vida”, detalha.
A médica destaca que esse tipo de sangue ocorre
quando pai e mãe possuem a mesma mutação genética. É o caso das duas
brasileiras que fazem parte do grupo e – ambas são irmãs, sendo uma moradora do
Rio de Janeiro (RJ) e outra de Juiz de Fora (MG), e monitoradas pela equipe do
Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR), do Ministério da Saúde, que centraliza
as informações de doadores raros registrados nos hemocentros públicos do país.
Dra. Maria Cristina ressalta que pessoas com sangue
dourado devem ter sua saúde acompanhada de perto, uma vez que há riscos de
desenvolverem anemia devido à fragilidade da estrutura dos glóbulos vermelhos.
O ideal, segundo ela, é realizar o congelamento das hemácias de tipos raros de
sangue, a fim de assegurar uma reserva para possíveis casos de transfusão.
“Hemácias não congeladas duram
apenas 42 dias, o que inviabiliza uma doação emergencial quando se precisa
buscar um doador em outro país. No caso das duas brasileiras, caso uma delas
necessite de sangue e a outra esteja impossibilitada de doar, o ideal é que
possamos recorrer a um estoque reserva”, frisa.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
Nenhum comentário:
Postar um comentário