Obter, entender, processar, extrair valor, visualizar e se comunicar com dados: apesar da importância da ciência de dados, atualmente simplesmente não há cientistas de dados suficientes para suprir essa demanda. Nas próximas décadas, esse tipo de profissional será cada vez mais necessário para a resolução de problemas complexos, da relação humana com a internet e as redes sociais ao tortuoso caminho que nos ajudará a evitar catástrofes ambientais, por exemplo. Isso deve aumentar a busca por cientistas de dados e, consequentemente, também a remuneração oferecida a eles.
A análise de dados revela informações valiosas por
meio de representações gráficas, facilitando a compreensão dos resultados
obtidos, e o cientista de dados é essencial nesse processo, permitindo a criação
de narrativas e insights enriquecedores, transformando dados em informação.
Como, então, garantir que teremos à disposição as mentes tão necessárias nesse
processo? Uma solução possível parece vir de um movimento de reposicionamento
de carreira. Economistas poderiam, considerando o Código de Ética do Conselho
Regional de Economia (Corecon) e as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso
de Ciências Econômicas, assumir posições no campo das ciências de dados.
Acostumados a contribuir com a resolução de
questões relacionadas aos números e ao mercado financeiro, economistas podem
ser justamente a peça que está faltando para que a ciência de dados consiga
entregar tudo aquilo que a sociedade espera dela. Observando os currículos
oferecidos pelas 70 principais universidades a contar com o curso de bacharel
em Economia e cruzando as informações de habilidades primárias e secundárias,
identificamos uma série de semelhanças entre o que está sendo ensinado nessas
instituições e o perfil desejável do cientista de dados contemporâneo. As
habilidades primárias predominantes nesses cursos estão relacionadas aos
conhecimentos gerais em negócios, seguidas de habilidades em inteligência
artificial e conhecimentos gerais em computação.
Hoje, economistas são os candidatos ideais para
atuar com dados. Sua capacidade analítica é uma vantagem nesse tipo de função e
deve se tornar cada vez mais requisitada ao longo dos próximos anos. Manusear
softwares especializados e realizar análises preditivas e descritivas
preliminares não são problemas para os economistas. E essas habilidades
proporcionam insights indispensáveis nesta nova era da vida em sociedade.
Assim, essas pessoas podem desempenhar um papel intermediário, investigando
novos dados e apoiando a melhoria de modelos existentes. Embora não possuam
habilidades avançadas em programação, elas são capazes de analisar dados, criar
visualizações personalizadas e tomar decisões de negócios com base nessas
análises.
Em um mundo cada vez mais orientado por dados, seu
papel se destaca como uma ponte entre o conhecimento econômico e as habilidades
analíticas necessárias para lidar com os desafios da era digital. Mesmo que não
tenham habilidades avançadas em programação, sua capacidade de extrair
significado dos dados, criar visualizações personalizadas e tomar decisões de
negócios embasadas em análises sólidas é inestimável.
Ao unir os conhecimentos em economia, negócios e
ciência de dados, os economistas podem se tornar agentes de mudança,
impulsionando a adoção de estratégias baseadas em dados nas organizações e
contribuindo para a resolução de problemas complexos em diversas áreas.
Compreendendo a importância do trabalho colaborativo entre profissionais de
diferentes campos, eles podem se juntar a governantes, acadêmicos, setor privado,
organizações não governamentais e cidadãos, trabalhando em conjunto para
impulsionar a transformação e o desenvolvimento sustentável.
Walcir Soares Junior (Dabliu) - doutor em Desenvolvimento, é professor do curso de Ciências Econômicas na Business School da Universidade Positivo (UP).
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