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quinta-feira, 15 de junho de 2023

Vidro pode ser mais prejudicial que plástico para o meio ambiente

Líder da Câmara de Descartáveis e fundador do projeto Plástico Amigo explica que, apesar de reciclagem infinita, o material também causa danos


Vidro ou plástico? Qual deles é menos prejudicial ao meio ambiente? Algumas características de cada material podem ser levadas em conta para que essa resposta seja possível.

De acordo com Rica Mello, líder da Câmara de Descartáveis e fundador do projeto Plástico Amigo, o vidro vem sendo um recipiente de armazenagem durável e funcional ao longo da história, e que pode ser reciclado infinitamente sem prejuízo à sua qualidade ou durabilidade. “Ele pode ser partido, fundido e reutilizado e costuma ter uma taxa média de reciclagem maior que a de outros materiais”, explica. 

Entende-se que, se for mantido em ambiente natural, o vidro não apresenta tantos riscos para o meio ambiente. O material é feito principalmente de sílica, substância que já faz parte da crosta terrestre. “Por isso, geralmente, o vidro é visto como uma alternativa mais sustentável. Porém, tudo tem dois lados!”, afirma. 

Segundo o especialista, é preciso considerar o ciclo de vida de cada substância para entender melhor o impacto à natureza. “Para começar, a mineração da areia de sílica para a indústria de vidro pode causar diversos danos ambientais. Outros pontos preocupantes são a deterioração do terreno e a perda da biodiversidade. Também há pesquisas que mostram que a exposição prolongada ao pó de sílica, no caso dos que trabalham nesta indústria, pode gerar uma série de doenças”, avalia Rica. 

Ele acrescenta que, na fundição, o vidro precisa de temperaturas mais altas que o plástico e o alumínio, por exemplo, o que pode significar mais gases do efeito estufa. “O processo de fabricação do plástico consome menos energia que o do vidro, o que também precisa ser considerado”, diz o especialista. 

Segundo o fundador do projeto Plástico Amigo, um grande problema relacionado à reciclagem de vidro é que ela não elimina o processo de fusão, que representa 75% do consumo de energia ao longo da fabricação do material. “Além disso, apesar do grande potencial de reciclagem, quando o vidro é descartado, pode levar até um milhão de anos para se decompor”, afirma. 

Ele explica que, na reciclagem, o vidro precisa ser separado por cor antes de ser fundido novamente, o que torna o processo mais caro e demorado. Mello lembra que os plásticos também têm características que devem ser consideradas ao avaliar o impacto ao meio ambiente, como a durabilidade, a capacidade de reciclagem e a multiplicidade de aplicações.

“Plásticos reciclados dispensam a necessidade da extração de matérias-primas fósseis, sendo assim mais sustentável, além de manter a alta qualidade. Também pode ser reaproveitado de diversas maneiras, com aplicações nas residências e nas indústrias.” destaca Rica.

O empreendedor ainda ressalta a importância das pessoas saberem dessas características e incorporarem a separação do lixo como hábito, facilitando assim a reciclagem e o uso consciente do plástico.

 

Ricardo Mello -líder da Câmara de Descartáveis, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação. Encabeça, junto com outros membros, o projeto Plástico Amigo, que busca aumentar a conscientização sobre as propriedades benéficas do material.
https://www.plasticoamigo.com.br/

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