Facilitar sim,
substituir jamais. Sempre que me deparo com conversas ou leituras em torno do
ChatGPT, a poderosa ferramenta de inteligência artificial (IA) desenvolvida
pela OpenAI, costumo reforçar o meu entendimento pessoal de que o uso
tecnológico de linguagens e máquinas não irá sobrepujar o lado humano por trás
de tais evoluções – e, porque não, revoluções! O que veremos, cada vez mais, é
a maximização das potências.
Digo isso sem
nunca perder de vista que, na minha carreira, tudo começou com análise e gestão
de sistemas de informação, há 34 anos. E corroboro o entendimento que não há na
história recente da humanidade algo tão impactante no mundo tech como o
ChatGPT. Ao simular o comportamento humano por intermédio de amplos modelos de
linguagem (LLMs), a plataforma oferece uma infinidade de conteúdos variados
como resposta.
Para o mundo
corporativo, também ficou clara a gama de possibilidades para o aumento de
eficiência e qualidade de produtos, soluções e negócios. O mais comum hoje, não
importa a área, é o uso de chatbots, assistentes virtuais e
mecanismos de resposta automática. Todavia, como uma ferramenta nova, ainda em
desenvolvimento e com amplitude ainda incerta, é preciso tirar proveito de
maneira inteligente. Se falamos em ChatGPT, isso significa saber o que
perguntar, sob pena de não obter as melhores respostas para determinadas
questões.
No ambiente de
programação e do aperfeiçoamento de códigos, já é notória a possibilidade de
escrever ou corrigir linhas codificadas, sejam em C++, Java ou Python, em
termos de sintaxe, semântica e estruturação. Em resumo, o programador pode
trabalhar desde temas de sintaxe acerca de uma determinada linguagem, trabalhar
tarefas específicas em código, pedir melhorias ou correções de códigos, ou
ainda escrever projetos inteiros dentro do ChatGPT. É só saber perguntar.
Evolução ou
revolução? Possivelmente as duas coisas. Estamos falando de uma perspectiva totalmente
nova para trabalhar a arquitetura de softwares, com soluções de design que
outrora poderiam ser consideradas caras ou complexas demais. Até por isso, não
causa surpresa a Microsoft ter feito um aporte bilionário na OpenAI, o Google
estar trabalhando no Bard, ou o governo britânico estar financiando o seu
próprio projeto GPT.
Para os
profissionais especializados em programação e desenvolvimento de sistemas, o
grande alarde em torno da ferramenta gerou um forte temor de que a tecnologia
possa substituir o aspecto humano da equação. Consigo entender o temor, mas não
me atenho a ele. Prefiro pensar no ChatGPT e em outras soluções de IA como
formas de aumento de produtividade e eficiência. E posso dizer o porquê disso.
Em primeiro lugar,
devemos distinguir programar de desenvolver sistemas. Se o primeiro trata de
escrever códigos para determinada tarefa, o segundo aborda várias ações, como
design, análises de requisitos, testes, etc. Feita essa explicação, voltemos ao
cerne da questão. Por mais que a tecnologia esteja em rápido desenvolvimento, o
ChatGPT não possui conhecimentos de domínio específicos, o que o torna limitado
para atender, por exemplo, diferentes ambientes de negócios ou a multiplicidade
de usuários que existe mundo afora.
Além disso, a qualidade
dos dados armazenados pelo ChatGPT, ainda que gigantesca, ainda requer ajustes,
apresentando por vezes respostas erradas, incompletas ou ainda inverídicas.
Cabe, desta maneira, ao lado humano desfazer tais “mitos”, revisando respostas
e sendo o comandante dos processos – incluindo os que envolvam a criação e
revisão de códigos de programação. A ausência da chamada inteligência emocional
por parte de soluções de IA é outro elemento a ser aqui mencionado.
No caso do mundo
dos negócios, cabe ao programador analisar e trazer resoluções claras e
corretas a cada problema colocado, levando em conta das demandas do usuário
final e da empresa, caso a caso. Tais habilidades, ao menos por enquanto,
mecanismos de IA não conseguem ter por conta própria. Contudo, o que já se sabe
é que o uso do ChatGPT no ambiente dos códigos permite automatizar tarefas de
rotina, repetitivas ou de depuração, abrindo espaço para que o profissional se
foque na parte estratégica e criativa do sistema que esteja gerenciando ou desenvolvendo.
No chamado
“codiquês”, ferramentas como o ChatGPT acelera o processo envolvendo expressões
regulares em parcelas de códigos que não precisam mais ser digitadas
manualmente, linha por linha. Outro aspecto de substancial mudança é o acesso
ao um grandioso mundo de informações presentes na web, os quais geram etapas de
desenvolvimento de códigos mais rápidas do que as metodologias conhecidas até
hoje.
Me parece nítido que caminhamos, em um futuro próximo, para códigos de mais qualidade, estes produzidos em menor tempo, com soluções melhores para cada desafio. O impacto em temas mundiais, como o meio-ambiente, a saúde, o mercado de trabalho, a educação ou de segurança serão ainda mais sentidos, tão logo esses sistemas mais robustos e confiáveis ganhem forma e corpo em todo o planeta, graças a melhores processos de entradas de dados que gerem respostas como saídas.
Neste sentido, o
tempo poderá ser um aliado. A cada nova atualização, o ChatGPT e seus rivais
ganham modelos linguísticos atualizados e, tão logo aperfeiçoados, gerarão
códigos de qualidade ainda maior. E tudo em menor tempo, o que reduzirá ainda
mais os custos, com aumento de eficiência, além de respostas rápidas, mais
precisas e, quiçá, sagazes, com um olhar mais pragmático digno do mundo artificial.
Apesar do ChatGPT
ser considerado um sistema de aprendizagem, nós também temos muito o que
aprender com ele.
Alessandro
Buonopane - CEO Brasil da GFT Technologies
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