Selic está fixada
em 13,75% ao ano desde agosto passado e inibe o consumo e o acesso ao crédito
Mais
dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na
economia e redução de empregos. Estes são alguns dos reflexos de como a taxa
básica de juros, a Selic, fixada pelo Banco Central em 13,75% ao ano, pode
afetar diretamente as micro e pequenas empresas. Esta percepção já é captada
por quem está na ponta. Há 31 anos no mercado, Renato e Lucas Gibertoni são
donos da AIDU, indústria de alimentos localizada em São Paulo (SP). Atualmente,
a maior parte da receita vem da fabricação para grandes empresas, sobretudo com
produtos alimentícios em aerosol. Sobra demanda, mas falta crédito.
“A Selic
nos afeta bastante no crédito para expansão. Precisamos crescer, mas os juros
cobrados pelos bancos estão muito altos", avalia o empresário Lucas
Gibertoni. "Crédito para capital de giro nem se fala, está insustentável.
No início do ano não tivemos muita saída de produtos, alguns boletos atrasaram,
então pegamos empréstimo mesmo assim. E isso acabou atrasando alguns planos que
tínhamos para a AIDU. Temos que ser muito guerreiros para sobrevivermos a um
sistema tão adverso", completa o empreendedor.
A visão
de Lucas sobre a taxa de juros também pode ser percebida pelo Índice de
Confiança das Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) de maio, que apresentou um
ligeiro recuo de 0,8 ponto, caindo de 88,5 para 87,7 pontos, de acordo com a
Sondagem Econômica da MPE, realizada mensalmente pelo Sebrae em parceria com a
Fundação Getulio Vargas (FGV).
O
coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Beviláqua,
explica que a Selic é uma taxa básica (mínima) e que para os pequenos negócios,
a taxa média está em 35% ao ano: "Esses valores praticados são um impeditivo
para o empreendedor acessar o crédito”. "Com a taxa de juros da Selic
alta, há um desestímulo das instituições financeiras e dos tomadores de
financiamento. É sempre uma tomada de decisão que deve ser feita com muita
cautela", contextualiza.
Beviláqua sugere que os empreendedores procurem
orientações para a tomada de decisão. Além disso, é importante estar atento à
gestão financeira da empresa, à organização dos processos e ao controle de
estoques, que pode ajudar a ter um fluxo de caixa saudável e ter subsídios
sobre a requisição de empréstimos. "Todo crédito tomado hoje se torna uma
dívida que será paga ao longo do tempo. Por isso, deve ser muito bem
planejado", explicou.
Entenda melhor:
- Taxa
de juros alta = menos acesso ao crédito, menos consumo e dinheiro
circulando na economia e uma redução de empregos
- A
Selic, que é a taxa básica de juros, está fixada em 13,75% ao ano. No
entanto, a média de juros para as MPE está em 35% ao ano.
·
A gestão
financeira e o controle de estoques ajudam a manter um fluxo de caixa saudável
e ter subsídios na hora de solicitar crédito.
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