crédito Noelia Nájera |
Yara de Novaes dirige Cleide Queiroz e Plínio Soares em peça que
discute envelhecimento e etarismo no Brasil. Nova temporada acontece de 16 de
junho a 9 de julho no CCSP.
Após uma temporada de estreia com ingressos
esgotados, espetáculo Mãos Trêmulas reestreia no Centro
Cultural São Paulo, de 16 de junho a 9 de julho,
com sessões sextas e sábados, às 21h e domingos, às 20h. Com texto de Victor
Nóvoa e direção de Yara de
Novaes, a montagem levanta questões sobre o processo de envelhecimento, que
pode ser doloroso, com enfrentamento de preconceitos, dificuldades financeiras
e da busca pelo aplacar da solidão.
Protagonizada por Cleide
Queiroz e Plínio Soares, a peça foi premiada pela
II edição do prêmio dramaturgias em processo do TUSP e com proponência da
produtora Catarina Milani foi
contemplada pela 15ª edição do Prêmio Zé Renato. Neste retrato delicado, mas
político, Nóvoa quis jogar luz sobre as histórias de idosos e idosas operárias
e periféricas que sofrem a espoliação de sua lembrança.
A peça apresenta uma mulher e um homem que,
por conta de suas mãos trêmulas e idade avançada, são descartados pela
sociedade. Na trama, ela é uma costureira que trabalhava com produções teatrais
e ele um ajudante de cozinha. Os dois se encontram na vida após perderem seus
trabalhos, por serem considerados velhos demais. Morando juntos, mas sem
perspectivas financeiras, vão criar estratégias para evitar mais um processo de
despejo.
Para criar a dramaturgia, Nóvoa, primeiro,
foi instigado por histórias próximas: experiências da mãe, dos tios e das tias.
Depois, passou a estudar o tema e encontrou no livro Memória e sociedade:
Lembranças de velhos, de Ecléa Bosi, conceitos que o ajudariam a contar estas
histórias.
“Há um recorte social e periférico que
atravessa essas experiências da minha família. Então, eu fui pesquisar
socialmente sobre o tema. E a partir da relação mais íntima, comecei a questionar
a estrutura: como a nossa sociedade capitalista do desempenho e da eficiência
trata os nossos velhas e velhos, em especial de pessoas periféricas. Quando se
pensa nos corpos e nas memórias, como mercadorias, eles se tornam descartáveis.
Então essa pulsão do íntimo ao estrutural foi importante”, explica o
dramaturgo.
Colocar a potência do texto em cena foi um
desafio e um prazer para a diretora. “O texto é muito teatral porque consegue
alterar o tempo e fazer experiências com a realidade. É uma dramaturgia que
dialoga com a atuação, a cena, o Brasil, ficciona o real e gera afetos muito
importantes nesse momento. A minha concepção se ancora na ideia de que estamos
todos o tempo todo em grandes e imprescindíveis metamorfoses. Não há quem ou o
que nesse mundo não esteja em movimento e envelhecer é uma estação desse
percurso”, declara.
Cleide Queiroz e Plínio Soares são os
únicos atores em cena e Novaes celebra a escolha da dupla de protagonistas que,
além da sensibilidade, também carrega uma história intimamente ligada ao
teatro. “Eles são os artistas perfeitos para fazerem esse trabalho, pois são
pessoas que reconhecem no teatro um lugar em que o poético se encontra com o
político e pode criar pequenas e grandes revoluções”, elogia.
Ficha
técnica
Idealização
e realização: Catarina Milani e Victor Nóvoa. Direção:
Yara de Novaes. Assistência de Direção: Ivy
Souza. Dramaturgia: Victor Nóvoa. Colaboração
Dramatúrgica: Salloma Salomão. Elenco:
Cleide Queiroz e Plínio Soares. Preparação Corporal:
Ana Vitória Bella. Figurinos: Fábio Namatame. Cenário:
André Cortez. Iluminação: Marisa
Bentivegna. Trilha Sonora: Raul
Teixeira. Direção Audiovisual: Julia
Rufino. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Registro
fotográfico: Noelia Nájera. Direção
de Produção: Catarina Milani. Assistência
de Produção: Paula Praia. Contrarregragem:
Éder Lopes. Design e Comunicação: Cuíca
Comunica (Mauricio Prince). Operador de som: Thiago
Schin. Operador de Luz: Henrique Andrade.
Centro Cultural São Paulo
Rua
Vergueiro, 1000, Paraíso.
Espaço
Cênico Ademar Guerra
Temporada: De 16 de junho a 9 de
julho. Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 20h.
Duração: 60 minutos.
Classificação: 16 anos
Ingressos:
Gratuitos, retirados pelo site
https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket
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