De acordo com presidente do Sindicato
das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF), a
capital federal possui um mercado de tecnologia pungente e, por suas
características, pode ser imensamente afetado pelas novas soluções tecnológicas
A Inteligência Artificial (IA) está se desenvolvendo e chamando a
atenção do mundo inteiro. O que em algumas décadas só se via em filmes de
ficção científica, hoje, é uma realidade. A capacidade de máquinas “pensarem”
de modo parecido ao dos humanos traz inúmeros desafios e mudanças nas
sociedades ocidentais e orientais. É certo que a tecnologia permeia todas as
áreas do mercado de trabalho e, por isso, é necessária ainda mais uma rápida
adaptação dos profissionais e das novas gerações.
Brasília não poderia deixar de ser impactada por essas mudanças. A
cidade, ainda muito jovem quando comparada a outras capitais e metrópoles, está
se desenvolvendo e procurando adaptar-se às transformações digitais. O mercado
brasiliense entende a importância da tecnologia para os desenvolvimentos
econômico, social e político. “O futuro do DF será imensamente afetado pelas
novas soluções suportadas pelas ferramentas de IA por conta da velocidade com
que esta tecnologia permite cruzar milhões de dados em segundos e ainda criar
dados a partir dos originais", afirma Marco Tulio, presidente do Sindicato
das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF).
A capital federal possui um mercado de tecnologia pungente. De
acordo com dados do Sindesei-DF, hoje, são cerca de 12 mil empresas inscritas
só no Distrito Federal. Além disso, Brasília tem uma das maiores médias
salariais do Brasil. "Na cidade, existe a demanda do mercado federal, do
mercado distrital, de inúmeras representações diplomáticas e do mercado do DF
que cresce a passos largos. Todas as soluções de tecnologias irão crescer nos
próximos anos. A IA será apenas umas das dezenas de áreas que irão fazer parte
deste crescimento. Acredito que Brasília continuará sendo referência no
comércio, no desenvolvimento e nos serviços do setor de TI no Brasil”,
acrescenta o presidente.
Soluções tecnológicas
A grosso modo, a Inteligência Artificial é a capacidade
de dispositivos eletrônicos funcionarem de forma parecida com o pensamento
humano. Por meio de comandos e dados, as máquinas podem perceber variáveis e, a
partir disso, criar soluções e resolver problemas com muita rapidez. É o caso
do Chat GPT, ferramenta que, em dois meses após o lançamento pela empresa
norte-americana OpenAI, já tem cerca de 100 milhões de usuários e tem gerado
inúmeras discussões sobre os limites éticos da Inteligência Artificial. A
plataforma é capaz de criar textos completos e coesos sobre qualquer assunto e
com espantosa qualidade no tratamento de dados e informações.
“Com a inteligência artificial, tarefas como
classificação de dados, processamento de informações e até mesmo a criação de
relatórios podem ser automatizadas, permitindo que os profissionais se
concentrem em tarefas que exijam criatividade e tomada de decisão”, defende o
diretor de tecnologia André Leão. “Outro benefício é a capacidade que a IA tem
de se adaptar ao ambiente e aprender, possibilitando que ela identifique
padrões e tendências em dados que pessoas teriam dificuldade em detectar.”
Apesar do rápido avanço, a tecnologia de IA ainda está em suas
fases iniciais. "O que veremos em breve será a interação direta da IA com
o público em geral, como atividades do dia a dia, como atendimento telefônico,
vendas de produtos, marcação de consultas e outras ações que, no passado, eram
feitas, exclusivamente, por humanos e foram sistematicamente sub-intitulados
por sistemas de robôs automatizados", esclarece Marco Tulio.
Esses sistemas, por sua vez, são limitados tendo em vista que só
possuem, normalmente, uma resposta possível, enquanto na IA o atendimento
possui infinitas possibilidades de respostas de acordo com o tipo de informação
(dados) que a tecnologia está conectada. Para o presidente do Sindesei-DF,
tanto o Governo, quanto o mercado privado irão se utilizar destes serviços.
Novas profissões e novas gerações
Apesar das inúmeras dúvidas e de colocar diversos
profissionais no mercado de trabalho em posição de vulnerabilidade, a verdade é
que a Inteligência Artificial poderá contribuir para o surgimento de novas
profissões e aquecer o mercado. Em relação ao Chat GPT, uma das discussões
levantadas é a possibilidade de prejuízo à criatividade e à aprendizagem,
especialmente de crianças e adolescentes, sem falar na possibilidade de algumas
violações do ponto de vista da ética profissional em relação à IA de maneira
geral. Entre elas, monitoramento pessoal sem consentimento, criação de perfis
falsos e bots nas redes sociais, imitações ou cópias indevidas do trabalho
intelectual de terceiros, entre outros fatores, como destaca André Leão.
“A atual tecnologia não está pronta para assumir
nossos postos de trabalho. Sabemos que movimentos da IA podem cometer erros e
serem programados para “pensar” de uma certa forma, com interesses de
terceiros, como políticas de governo, defesa de alguma bandeira extremista ou
mesmo como uma simples ferramenta de vendas. E por mais absurdo que pareça,
estas ações podem não vir de uma programação, e sim de uma evolução da própria
IA, afinal ela é uma inteligência e, por conta disso, conforme ela “percebe” as
informações, pode mudar uma resposta que se deu ontem, para uma outra
totalmente diferente dias depois, como acontece com os seres humanos. A
informação é o que a alimenta. A imparcialidade da IA deve ser objeto de
discussões e de leis nas próximas décadas e mais uma vez aqui a interação do
público com o privado se faz necessária”, pontua Marco Tulio.
A necessidade de preparar as pessoas que já ocupam
seus espaços no mercado de trabalho para as mudanças que virão se faz cada vez
mais necessária. A importância do ensino ainda na infância das novas gerações
deve ser prioridade e precisa estar alinhada à políticas públicas eficazes para
sanar as necessidades do mercado de trabalho e do desenvolvimento do país.
“Hoje, o acesso à políticas públicas na área de
tecnologia deve ser prioridade em qualquer governo. Na educação, ela deve ter a
prioridade máxima. Quando uma criança entra na escola em seus primeiros anos,
nem ela, nem seus responsáveis sabem em que área de atuação irá trabalhar
quando adulta, mas sabemos que terá que interagir com tecnologia. Tecnologia
está em todos os setores e áreas do mercado. Precisamos mudar a cabeça dos
governantes para que entendam que tecnologia não é uma vertical da economia,
mas que permeia todas as outras”, finaliza o presidente do Sindesei-DF.
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