A menstruação normal é o sangramento cíclico que se repete a cada 25 a 35 dias, com duração de 2 a 7 dias, que leva a uma perda sanguínea de 20 a 80 ml. Embora muitas mulheres considerem o ciclo de 28 dias como “normal” e um sinal de “saúde”, intervalos de 25 a 35 dias são considerados normais. A irregularidade menstrual é comum nos extremos da vida reprodutiva: logo após a menarca e no período de transição para a menopausa. A presença de sinais como o muco filante (“clara de ovo”), uma dor em cólica no meio do ciclo e dor nas mamas são sinais que indicam a presença de ovulação.
Aproximadamente 80% das mulheres são acometidas de sintomas pré-menstruais que podem variar de leves a graves. A dor em cólica durante o período menstrual atinge 15% a 50% das mulheres jovens, e pode ocorrer em associação com outros sintomas como náuseas, vômitos, alterações do hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), cansaço, tontura, sensação de peso nas pernas, dor de cabeça entre outros.
Em geral, estes sintomas são limitados e desaparecem após o término da menstruação. Em algumas situações, entretanto, as cólicas são intensas e interferem com a qualidade de vida da mulher. A avaliação médica nestes casos é fundamental pois algumas doenças, como endometriose, podem ser encontradas. Se as cólicas são persistentes ou se há piora progressiva das mesmas, há necessidade de buscar avaliação e tratamento.
Há vários tratamentos disponíveis para tratar as alterações mesntruais, mas somente uma avaliação ginecológica será capaz de determinar a melhor abordagem e tratamento.
É seguro suspender a menstruação por longos períodos?
A pergunta é frequente e traz consigo preocupações comuns a todas as mulheres no que se refere à #menstruação. A suspensão do sangramento menstrual é uma opção no tratamento de cólicas menstruais, endometriose, sangramentos e até da famigerada TPM (tensão pré-menstrual).
Até o surgimento de métodos contraceptivos como a pílula anticoncepcional, as mulheres tinham aproximadamente 40 menstruações devido ao número de gravidezes e amamentação, da lactação. Atualmente, com as mudanças econômicas e sociais que resultaram na redução drástica do número de gestações, as mulheres podem ter até 400 menstruações ao longo da vida.
Dessa forma, as mulheres ficam mais sujeitas às alterações menstruais e, na presença de hábitos pouco saudáveis (sedentarismo, dieta rica em gorduras) e stress, resultam no desenvolvimento de várias doenças como endometriose, alterações ovulatórias, infertilidade e até câncer de mama e endométrio. O uso contínuo de anticoncepcionais orais (ACO) é uma boa opção para o tratamento de várias dessas alterações como a endometriose e tem vários efeitos benéficos como controle do sangramento e correção da anemia, melhora da acne e oleosidade da pele e redução do câncer de endométrio entre outros.
Estudos revelam que o uso contínuo de ACO é seguro e não está associado a aumento de risco de trombose, infarto ou acidente vascular cerebral (“derrame”) ou outros efeitos colaterais em relação ao uso cíclico (com pausas).
Além disso, não há efeitos adversos sobre a fertilidade feminina nem aumenta o risco de câncer de mama. Obviamente que a suspensão do ciclo menstrual através do uso de qualquer medicação hormonal deve ser acompanhada por seu médico.
É preciso esclarecer que durante o uso contínuo de ACO:
• o sangue menstrual não se acumula em nenhum local do organismo;
• o sangramento leve ora vermelho ora em “borra de café” é efeito colateral comum e costuma desaparecer com uso contínuo.
Procure seu ginecologista em caso de dúvidas.
Dra. Márcia Mendonça Carneiro - Diretora Científica da Clínica Origen e professora titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
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