Estimativas apontam que até 15
milhões de pessoas tem a doença no Brasil, mas a busca por diagnóstico e
tratamento é baixa
O Transtorno afetivo bipolar (TAB), doença mental
crônica, é uma das mais incapacitantes e com altas taxas de suicídio, acomete
cerca de 4% da população mundial ou 140 milhões de pessoas de acordo com
estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a estimativa é de
que até 15 milhões de pessoas sejam afetadas pelo transtorno bipolar,
caracterizado por alterações marcantes do humor, da energia e dos níveis de
atividade, o que pode impactar a habilidade do indivíduo em lidar com as
tarefas do dia a dia.
Os episódios podem ter características tanto de
mania quanto de depressão simultaneamente, o que é chamado de episódio misto. O
transtorno bipolar pode causar muito sofrimento para os indivíduos e suas
famílias, chegando a incapacitar o portador.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
apontaram que o transtorno bipolar foi a sexta maior causa de incapacitação no
mundo na década de 1990. Como exemplo, um portador com os sintomas da doença
aos 20 anos, pode perder 9 anos de vida e 14 anos de produtividade
profissional, se não receber tratamento adequado.
A taxa de mortalidade dos portadores de
bipolaridade também é elevada, e o suicídio é a causa mais frequente de morte,
principalmente entre os jovens. Estimativa da Associação Brasileira de
Transtorno Bipolar (ABTB) mostra que até 50% dos pacientes tentem o suicídio ao
menos uma vez em suas vidas e 15% destas tentativas se efetivam.
O transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser
controlado e o tratamento inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças
no estilo de vida, tais como o fim do consumo de substâncias psicoativas, como
cafeína, anfetaminas, álcool e drogas ilícitas.
“O diagnóstico é complexo e por isso é importante
as pessoas terem mais informação e buscarem ajuda especializada de
profissionais de saúde, como médicos e psicólogos. Essa procura é muito baixa
e, devido a isso, muitas pessoas e suas famílias sofrem tanto com a condição. A
manifestação de um episódio é particular. Com o tratamento adequado e
individualizado, o transtorno bipolar reduz a incapacitação e a possibilidade
de morte dos pacientes”, explica Camila Ribeiro, psicóloga da rede de Hospitais
São Camilo de São Paulo. Ela afirma ainda que casos de crises agudas também
podem demandar internação.
Van Gogh e o Transtorno
Bipolar
No dia do aniversário do pintor holandês Vincent
Van Gogh, 30 de março, diagnosticado postumamente, como provável portador do
transtorno, celebra-se o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. A data tem o
objetivo de levar informação à população, eliminar o estigma social e
sensibilizar para a doença, estimulando a prevenção, diagnóstico e tratamento
adequado.
O que é o Transtorno Bipolar?
É uma doença mental crônica que se caracteriza pela
alternância entre episódios de euforia e depressão, variações intensas de
humor. A causa exata da doença é desconhecida, mas vários fatores têm sido
identificados, sendo a genética um dos mais importantes. Para prevenir crises,
é importante manter hábitos saudáveis que proporcionem satisfação, como
praticar yoga, esporte, e atividades como jardinagem ou marcenaria. O
tratamento do transtorno bipolar envolve o uso de medicamentos e terapia.
Sintomas
Os sintomas do transtorno bipolar incluem períodos
de intensidade não usuais, mudanças nos padrões de sono e níveis de atividade e
comportamentos incomuns. Durante os episódios de mania, a pessoa pode
apresentar estado de euforia exuberante, valorização da autoestima e
autoconfiança, pouca necessidade de sono, agitação psicomotora e descontrole ao
coordenar. Em episódios de depressão, a pessoa pode apresentar tristeza sem
motivo aparente, perda de interesse em prazeres, memória fraca, perda de energia
e pensamentos suicidas.
Diagnóstico
O histórico do indivíduo é decisivo para o
diagnóstico conclusivo, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais
ou passados de depressão, histórico familiar de perturbação do humor ou
suicídio. Exame de sangue pode ser requisitado para verificar se outra condição
é a causa dos sintomas.
Uma avaliação psicológica cuidadosa também é
realizada para identificar a severidade dos episódios, tempo de duração e
frequência. É importante notar que o transtorno bipolar pode aparecer em
crianças e é geralmente diagnosticado no fim da adolescência ou início da vida
adulta.
Tipos
De acordo com o DSM.IV (manual diagnóstico e
estatístico da Associação Psiquiátrica Americana) e o CID-10 (documento de
Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da
OMS), o transtorno bipolar pode ser classificado da seguinte forma:
Transtorno bipolar: Tipo I
O indivíduo apresenta períodos de mania, que duram,
pelo menos, sete dias, acompanhado de sintomas depressivos, que se estendem por
duas semanas ou mais. Tanto na mania quanto na depressão, os sintomas são
intensos e provocam grandes mudanças comportamentais e de conduta, podendo
interferir em diversas áreas da vida.
Transtorno bipolar: Tipo II
Há alternância entre os episódios de depressão e de
hipomania.
Transtorno ciclotímico
É o quadro mais leve do transtorno bipolar, marcado
por oscilações crônicas do humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. O
paciente alterna sintomas de hipomania e de depressão leve o que, muitas vezes,
pode ser interpretado como o próprio temperamento do indivíduo.
Transtorno bipolar não
especificado
Pode surgir como consequência de outras doenças ou
induzido pelo uso de substâncias.
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