Levantamento feito pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) a partir de dados do Ministério da Saúde mostra que bebês de até um ano são as maiores vítimas
Coordenador da Liga de Urgência e
Primeiros Socorros da UVA lembra que é obrigatória a presença de profissionais
capacitados em primeiros socorros nas escolas e estabelecimentos de recreação
infantil
Entre os diversos riscos de acidentes a que as crianças estão
expostas, o que requer uma atuação mais imediata no atendimento é o engasgo.
Foi por este motivo que, em 2018, foi criada a Lei Lucas (Lei 13.722), que
obriga escolas públicas e privadas, assim como estabelecimentos de recreação
infantil, a terem profissionais treinados em primeiros socorros.
De acordo com um levantamento feito pela Universidade Veiga de
Almeida (UVA), as mortes por engasgo em crianças de até nove anos cresceram
cerca de 40% de 2020 a 2022 no Brasil. No ano passado, foram 242 mortes por
inalação e ingestão de alimentos ou outros objetos causando obstrução do trato
respiratório -- crescimento de 7,5% em relação ao registrado em 2021 (225
mortes) e de 39,8% em relação ao registrado em 2020 (173).
Do total de cada período, os alimentos são os maiores vilões,
tendo sido a causa das mortes em 223 casos dos 242 registrados no ano passado,
191, em 2021 e 154, em 2020. Os bebês até um ano de idade são as maiores
vítimas, com 185 ocorrências em 2022. Na população de um a quatro anos foram 27
acidentes fatais, e de cinco a nove anos, 11 mortes. Os dados constam do Painel
de Monitoramento da Mortalidade CID-10 -- DATASUS, do Ministério da Saúde.
Segundo o coordenador da Liga de Emergências e Primeiros Socorros
da Universidade Veiga de Almeida (UVA), professor Vladimir Fernandes, o engasgo
requer uma atuação extremamente rápida em primeiros socorros, a fim de executar
as manobras para a desobstrução das vias respiratórias. “Estamos falando de
minutos em que a criança fica sem respirar, o que pode ser fatal. Em todos os
outros casos de acidentes, como quedas e queimaduras, é possível esperar a
chegada da ambulância, mesmo que o primeiro atendimento não seja realizado”,
explicou o professor.
A Liga foi criada em 2017 com o objetivo de realizar atividades de
ensino, pesquisa e extensão. Desde então, promove treinamentos para diversos
cursos, incluindo uma disciplina eletiva para os alunos de Pedagogia, o curso
de Suporte Básico de Vida. Com o advento da Lei Lucas, os estabelecimentos de
ensino privados e públicos e espaços de recreação infantil devem ter
profissionais treinados em noções básicas de Primeiros Socorros. O curso deve
ser oferecido a cada dois anos por entidades municipais ou estaduais
especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial ou profissionais
habilitados. Há penalidades para quem não cumprir a lei.
De acordo com o coordenador do curso de Enfermagem da UVA no
campus Tijuca, professor Elson Santos Oliveira, todos os alunos da Pedagogia já
se formam com esta capacitação. “Para os alunos de Enfermagem também é mais uma
oportunidade profissional, porque podem oferecer seus serviços nas escolas
particulares, quando é terceirizado. O primeiro atendimento no trauma é o que
vai fazer a diferença no prognóstico”, comentou.
Sobre a Lei Lucas
Na época, Lucas Begalli, de apenas 10 anos, morreu por sufocamento
ao ingerir um cachorro-quente durante uma excursão da escola. Nenhum dos
professores que acompanhavam os alunos sabia técnicas de primeiros socorros, o
que poderia ter salvado a vida do menino até a chegada da ambulância.
Alessandra, mãe de Lucas, passou a lutar para criar uma legislação que
obrigasse as escolas a terem profissionais capacitados em atendimentos de
urgência, e, assim, evitar que outras mães passassem pelo que ela passou ao
perder seu único filho.
O curso de atendimento básico em Primeiros Socorros visa capacitar
os profissionais para lidar com situações de emergência que envolvam engasgo,
afogamento, queimaduras e fraturas. Outros acidentes que podem acontecer nas
escolas são convulsões e picadas de mosquitos.
O objetivo é prestar o primeiro atendimento com suporte básico de
vida à vítima até a chegada dos socorristas.
No caso do engasgo em crianças ou adultos, utiliza-se uma técnica
chamada Manobra de Heimlich.
Como é feita a Manobra de Heimlich
Em crianças acima de 2 anos:
1) Posicione-se atrás da criança, sendo que ela fica de pé e o
adulto ajoelhado.
2) Abrace a criança e apoie uma mão fechada na altura do estômago
e a outra mão aberta apoiada sobre a mão fechada.
3) Pressione com força moderada a barriga da criança para dentro e
para cima ao mesmo tempo.
Em bebês:
1) Coloque o bebê de bruços apoiado no antebraço e com a cabeça
virada para baixo.
2) Dê cinco tapas no meio das costas e entre os ombros não muito
fortes
3) Se o engasgo persistir, o bebê deve ser virado de barriga para
cima, sobre o outro antebraço, pressionando cinco vezes com os dois dedos
indicadores no meio do peito do bebê, entre os dois mamilos.
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