Companhias com
atenção a meio ambiente, impacto social e boa governança são bem vistas por
seus públicos, desde consumidores até investidores
Os valores definidos pela já famosa sigla ESG estão
ganhando espaço na reputação corporativa e rendem pontos nos mais diferentes
stakeholders, ou públicos de interesse das companhias. Afinal, nem só de
consumidores vivem as empresas, cujos destinos podem ser influenciados por comunidades
vizinhas, por funcionários, fornecedores, bancos, governos e investidores. E os
investimentos reais feitos pelas empresas para se inserirem com franqueza na
realidade que as cercam não estão passando despercebidos.
Entretanto, o movimento ainda é mais bem avaliado
fora do que dentro das empresas. Pesquisa recente realizada pela EY Brasil
indica que os donos do dinheiro miram ESG para decidir destino de
investimentos, inclusive no Brasil. O estudo foi feito com 1050 líderes
financeiros seniores nas empresas e 320 investidores ao redor do mundo.
Entre os últimos, 99% usaram divulgações ESG das
empresas para apoiar suas decisões. Além disso, embora 80% dos investidores
digam que muitas empresas não conseguem articular adequadamente justificativas
para investimentos de longo prazo em sustentabilidade, 78% acreditam que
empresas devem investir em ESG mesmo com redução de lucros no curto prazo. Mas
só 55% dos líderes financeiros creem que suas empresas devem abordar questões
na área – principalmente porque, segundo 53% deles, as empresas enfrentam
pressões de ganho de curto prazo.
Segundo a EY, investidores afirmam ter dificuldade
em obter relatórios e insights baseados em dados para justificar suas decisões
e avaliações sobre crescimento e perfil de risco das empresas, principalmente
porque, segundo 76% deles, as empresas são seletivas na escolha de informações
ESG fornecidas, o que desperta questionamentos sobre greenwashing (quando o
discurso é superior ao resultado real) e sete em cada dez falham em criar
relatórios mais aprimorados.
De acordo com Claudia Bouman, especialista
em reputação de marca e sócio da Percepta Marketing e Comportamento,
“a conta fica mais fácil de fechar quando o quesito reputação entra em campo. O
desafio é objetivar uma questão na maioria das vezes intangível. Trazer alguns
elementos para a mesa, entre eles definição de valores e sondagens com públicos
de interesse, podem ajudar. Encontrar formas de reportar investimentos e
resultados com mais objetividade, também. Consultorias e serviços
especializados na área podem ajudar a colocar tudo isso em perspectiva”.
O resultado já começa a se delinear,
principalmente, no campo financeiro. Nos Estados Unidos, no ano passado, o
Índice de Sustentabilidade Morningstar caiu menos do que o famoso S&P 500,
18,9% contra 19,4%. Em escala global fundos ESG atraíram fluxos até de fundos
mais amplos, conforme dados da Refinitiv Lipper. ESG representou 65% de todos
os ETFs europeus em 2022. Por aqui, o número de empresas listadas que assumiram
metas de redução de impacto ambiental aumentou de 37%, em 2021, para 45% no ano
passado.
Em uma pesquisa realizada pela Somatório para a
Percepta, em fevereiro de 2022, por exemplo, sete em cada 10 executivos avaliam
que a priorização da agenda ESG teve alto impacto em suas empresas. Além disso:
- Destacam
a grande importância reputacional da agenda ESG;
- Reconhecem
que a necessidade de integrar a agenda ESG às estratégias de negócios vem
exigindo uma revisão sistêmica de diversos processos.
Ainda, em um exercício de autoclassificação do
estágio atual de maturidade da agenda ESG de suas companhias, a maioria dos
executivos admite a necessidade de aperfeiçoamentos, tais como:
- Documentação
de processos;
- Definição
de metas e KPIs;
- Implementação
de projetos de sustentabilidade;
- Alinhamento
com fornecedores e parceiros da cadeia de negócios;
- E,
principalmente, comunicação com stakeholders.
Comunicação essa que impacta diretamente na
formação de imagem e reputação das empresas.
“O tema está na mesa. Os esforços em ESG serão mais
recompensados na medida de sua estruturação e divulgação, principalmente
baseados em metas concretas e previsões de resultados. Como certamente
impactarão na reputação corporativa em todos os sentidos, pode ser um bom ponto
de partida buscar ajuda para construir os pilares deste futuro”. Finaliza Claudia.
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