A Residência Médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação, oferecida por instituições regulamentadas pelo Ministério da Educação (MEC) e regimento determinado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). É considerada o “padrão-ouro” na formação de médicos no Brasil.
Nela, o residente realiza treinamento, em serviço,
sob a supervisão do preceptor, médico de elevada qualificação ética e
profissional, mediador do processo de ensino-aprendizagem, das inter-relações
entre estudantes, docentes, usuários, gestores e equipe multiprofissional, nos
diferentes estágios previstos pela CNRM.
Os estágios em urgência e emergência,
pronto-socorro e atendimento a pacientes internados constituem em estágios
obrigatórios com base na Resolução CNRM nº 2/2006, devendo constituir 10% da
carga horária anual. São determinadas, no máximo, 24 “horas de
plantão”, dentro da carga horária de 60 horas semanais.
A Matriz de Competências em Cirurgia Vascular,
aprovada pela CNRM, descreve em seus objetivos gerais: Formar e habilitar
médicos, na área de Cirurgia Vascular, a adquirir as competências necessárias
para realizar procedimentos diagnósticos, terapêuticos clínicos, cirúrgicos e
endovasculares, no ensino, na pesquisa e assistência aos pacientes portadores
de afecções circulatórias congênitas, adquiridas, degenerativas, “urgências
traumáticas e não traumáticas”. E em seus objetivos específicos: Adquirir
competências para abordar os acessos vasculares invasivos ou não, “atendimento
ao trauma vascular e às emergências cirúrgicas e clínicas”.
É durante os processos de estágios e plantões, no
atendimento de urgências e emergências, que atitudes, habilidades e
competências necessárias à especialidade devem ser desenvolvidas para a
adequada capacitação do médico residente, nos serviços de urgência e
emergência, tais como: capacidade de manter-se alerta e estável, tomar decisões
rápidas e adequadas, dentro de normativas das melhores práticas, atuar com
segurança diante das mais diferentes intercorrências e adversidades, saber
lidar com as limitações de recursos, ter boa comunicação com pacientes e
familiares e trabalhar bem em equipe.
É no plantão, em pronto-socorro, que o
médico-residente tem maior contato com pacientes que necessitam de atendimento
de urgência/emergência. Deste modo, é importante ressaltar que, os eventos
cardiovasculares são considerados a principal causa de morte na população
brasileira, enquanto as causas externas, incluindo causas intencionais e não
intencionais, sendo, portanto a principal causa de morte, nas primeiras quatro
décadas de vida (p.ex. trauma).
Esses eventos críticos, comuns no atendimento às
urgências e emergências, apresentam-se cada vez mais desafiadores, sendo o
pronto-socorro considerado área crítica para o desenvolvimento dos médicos, tendo
em vista a evolução da própria medicina e a expectativa da sociedade atual, que
estabelece novos padrões de exigência, desfechos e tempos de resposta às
demandas individuais.
Nesse contexto, os plantões médicos são idealizados
para garantir pronto atendimento aos pacientes, internados ou que chegam à
instituição, seja no pronto-socorro, unidades de emergência, UTI, enfermarias,
garantindo atendimentos emergenciais e assistência contínua aos doentes. Desta
forma, o enfrentamento das situações de urgência e emergência e de
suas causas requer não apenas a assistência imediata, mas incluem ações de
promoção da saúde e prevenção de doenças e seus agravos, o tratamento
contínuo das doenças crônicas, a reabilitação e os cuidados paliativos.
A responsabilidade estratégica do atendimento é de
extrema importância e os setores de Urgência e Emergência, dentro dos sistemas
de saúde, são locais de alta demanda e existe sobrecarga dos serviços
disponibilizados para o atendimento da população. Por outro lado, há necessidade
constante de atualização e educação continuada dos médicos plantonistas.
O médico residente, dentro de um programa de
residência devidamente credenciado pela CNRM, não deve ser o responsável pela
Assistência Médica em substituição ao preceptor (assistente), pois a
atividade-fim do residente se relaciona ao processo de ensino e aprendizagem.
A maneira apropriada do treinamento e capacitação
do médico residente, em regime de plantão, objetiva fornecer formação adequada
com ganho de autonomia e independência para ofertar tratamento adequado à
população. Certamente, essas atividades de alta complexidade exigem supervisão
adequada de preceptor habilitado.
Além de capacitar o médico residente para o
atendimento, nos diferentes níveis de gravidade do doente, presentes nos
serviços de urgência e emergência (pronto-socorro), os programas de residência
médica, também, devem primar pela capacitação técnica, humanização e alinhar conhecimentos
legais, portarias e diretrizes de saúde vigentes, que são pilares essenciais
para a formação profissional do médico.
Dra. Regina
de Faria Bittencourt da Costa - Cirurgiã vascular. Membro do Departamento de Educação Médica Continuada
da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São
Paulo. Doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM)
e Chefe da Cirurgia Vascular do Hospital Heliópolis.
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