A vida é marcada por diversas crises e inúmeros desafios. É durante essas dificuldades que somos surpreendidos por um senso de estagnação, sem entender por que não progredimos. Atenção! Este pode ser um forte indício de autossabotagem. A tendência é pensar: "Mas, autossabotagem? Quem faria uma loucura dessas?", "como uma pessoa pode trabalhar contra ela mesma?".
A autossabotagem acontece na tentativa de se autopreservar. Uma pessoa
não se sabota com a intenção de se prejudicar, mas para escapar de situações e
sentimentos desconfortáveis gerados nas situações da vida e trabalho. Ao invés
de buscar expansão enfrentando a dor e os medos do crescimento, passa a se
proteger da possível crítica, rejeição, perda, falta de reconhecimento, ou do
medo de perder valor aos olhos do outro.
Mas afinal, como vencer a autossabotagem? Existem algumas habilidades
que podem auxiliar nessa luta contra a estagnação. A primeira delas é
conscientizar-se do personagem adotado para se autopreservar. Cada um de nós
lida com o desafio de estar à altura, de se sentir capaz, de atender às
expectativas e se sentir aceito, e é nesse momento que o medo atua levando as
pessoas a criarem personagens com comportamentos contraproducentes. Alguns acionam
o ego brigão, outros se escondem em uma caverna e tem aqueles que se promovem
de maneira exagerada.
Todos esses personagens disfuncionais são gerados por medo; mas ao invés
de fingir que o medo não existe, reconheça-o e ele ficará menor. Quando você dá
nome ao seu "gigante pessoal", que está atuando em seu trabalho,
relações, finanças, projeto ou equipe, ele perde força e deixa de intervir na
sua verdadeira identidade, performance e potencial.
A segunda habilidade é reconhecer os próprios pontos fortes. Se de um
lado o medo paralisa, vire a moeda e perceba a força desenvolvida para se
defender dele. Isso é uma janela de oportunidade. Todas as vezes que pergunto
às pessoas seus pontos fortes, elas entram em hesitação. É muito importante dar
nome também a essas qualidades, pois elas irão atacar os gigantes gerados pela
autopreservação.
O terceiro ponto de habilidade é ter cuidado com as narrativas que conta
a si mesmo. Na intenção de se provar para os outros, a tendência é criar uma
mentira sobre si e se esconder, buscando uma muleta para o seu valor pessoal.
Estas narrativas podem sufocar seu potencial, pois fazem acreditar que nenhum
esforço deve ser feito, que não vale a pena investir em si mesmo. Faça a
seguinte indagação: esta ideia que alimento é um fato ou apenas uma
interpretação do fato? Jogue fora as narrativas que não o fazem avançar!
William Shakespeare certa vez disse que “nossas dúvidas são traidoras e
nos fazem perder o que muitas vezes poderíamos ganhar, pelo simples medo de
arriscar”. Nos sabotamos para evitar a dor do crescimento, temos medo de
arriscar. Mas nem só de clareza vive o homem, é preciso de coragem e impulso,
por isso cito Campbell: "a caverna que você teme entrar detém o tesouro
que você procura."
Seguindo estes passos práticos será possível driblar a autossabotagem.
Então, dê nome ao gigante que o mantém no modo autopreservação, liste as suas
forças para entrar na caverna que tanto evita e tome posse do tesouro que
procura.
Eduardo Rodrigues - especialista em educação, capacitado em
Desenvolvimento de Pessoas pela metodologia coaching nos institutos da ELC de
Londres, ZOVAC Consulting Califórnia e Fuller Seminary em Pasadena, EUA. Autor
do livro Chega de andar em círculos, tem 22 anos de experiência e
conduziu treinamentos em mais de cinco países; foi responsável pelo crescimento
de duas organizações e é coordenador de projetos na América Latina na
Communitas International.
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