O Dia da Gratidão, 6 de janeiro, celebra uma das mais
importantes virtudes do ser humano. Sua prevalência é fator espiritual,
emocional, psicológico e de caráter que favorece o afloramento de outros
valores e qualidades e uma interação pessoal e social mais harmoniosa.
O indivíduo grato é mais justo, pois reconhece as ações do próximo
e tudo o que recebeu, seja algo tangível, uma palavra de conforto ou força
moral num momento difícil. Exercita, assim, a reciprocidade da gentileza, do
apoio e do ombro amigo. Pelas mesmas razões, é menos egoísta, mais solidário,
altruísta e tolerante. Ou seja, convive melhor com as diferenças, ao valorizar
cada gesto e a mais singela atenção por parte dos que o cercam na família, no
trabalho e no cotidiano, independentemente da crença, etnia, ideologia e gênero.
Na área da Psicologia Social, é possível notar com clareza como
essas posturas ou a ausência delas impactam de modo expressivo, positiva ou
negativamente, as conexões de um indivíduo com os seus grupos de interação. O
mais importante no caso é saber que as pessoas podem mudar seu comportamento no
âmbito familiar, profissional e social, não apenas num esforço subjetivo, como
também por meio de ajuda profissional. A ciência contribui para isso, por meio
de apoio psicológico. A religião também ajuda muito, nutrindo os corações com a
bênção da boa vontade.
A gratidão é particularmente relevante para o florescimento do dom
do perdão, decisivo para a boa convivência. Ao percebermos e valorizarmos o que
recebemos de bom diariamente nas nossas interações, torna-se muito mais fácil
relevar eventuais ofensas e atos que nos contrariam. Se analisarmos com um
pouco mais de atenção nossas rotinas diárias, desde as soluções de questões
familiares e profissionais, passando pelas discordâncias políticas, até eventuais
situações de conflitos no trânsito, concluiremos, sem dúvidas, ser impossível
viver em sociedade sem exercitar diariamente o perdão.
Não era sem razão que Martinho Lutero, precursor da Reforma
Protestante no Século XVI, afirmava que “a graça (grifo meu, para
enfatizar o valor semântico do termo na frase como sinônimo de gratidão) é uma
qualidade que dá ao homem a força de executar as exigências da lei”. Numa visão
menos pragmática e mais espiritual, também deixou claro que a única recompensa
plausível pelo perdão, de Deus e das pessoas, é a gratidão, imaterial, mas
soberana como preceito cristão. Esta, aliás, é uma das fortes bases filosóficas
e doutrinárias que inspiraram suas convicções e moveram sua vivência religiosa.
Com fé espiritual e crença na capacidade humana de melhoria dos
nossos processos interativos, por meio da introjeção holística da gratidão em
nosso universo cognitivo, teremos mais empatia com as pessoas e os distintos
grupos sociais nos quais convivemos. Ah, não nos esqueçamos de agradecer cada
passo que dermos nesse movimento permanente de aprimoramento pessoal. E muito
obrigado, caros leitores, pela atenção a este artigo!
Robinson Grangeiro Monteiro - chanceler do Instituto Presbiteriano
Mackenzie, mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba,
doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e em Ministério pelo Reformed Theological Seminary (USA).
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