Nossa sociedade está cada vez mais conectada pelos
mais variados dispositivos tecnológicos.
Só para termos uma ideia, o Brasil possui mais
smartphones do que habitantes, como apontam dados recentes divulgados pela FGV:
Há 242 milhões de celulares em um país que possui uma população de 214 milhões
de habitantes.
À medida que novas soluções tecnológicas surgem,
nos tornamos mais dependentes desses aparelhos para certas necessidades, como
trabalhar, estudar e nos conectar, através das mídias sociais, com o mundo
externo, com notícias veiculadas com um dinamismo enorme.
Essas mídias foram criadas e pensadas para serem
viciantes. Quanto mais tempo passamos consumindo tal conteúdo, maiores serão as
chances de desenvolvermos problemas na saúde mental, como estresse, ansiedade e
até depressão.
Ficamos mais imediatistas e nos obrigamos a estar
sempre bem informados sobre os assuntos da atualidade.
Tal fenômeno acaba sendo maléfico, pois desperta no
cérebro a fobia chamada “Fomo” ( do inglês “Fear of Missing Out”). A Fomo
consiste em uma neurose que nos faz sentir ameaçados de perder algum assunto
importante que esteja acontecendo naquele momento em que estamos sem acesso ao
celular.
Fazendo parte deste mesmo cenário, existe a
Nomofobia, que ocorre quando existe o medo da pessoa ficar sem o aparelho
celular por alguns instantes, desencadeando sintomas característicos da
ansiedade e depressão, como taquicardia e irritabilidade.
Apesar de a tecnologia beneficiar e, por vezes,
simplificar o cotidiano de milhares de pessoas ao redor do mundo, é fundamental
controlar o uso impulsivo da tecnologia para não acarretar, além de problemas
na saúde mental, inconvenientes que prejudiquem a vida social e
profissional.
O ambiente virtual pode potencializar os problemas
já existentes na vida real, deixando todos expostos a práticas como cyberbullying,
rejeição e até sentimentos de solidão e frustração, pois as redes sociais
“pintam” um mundo idealizado e não alicerçado na realidade.
É importante termos atenção quanto ao conteúdo
visto e tempo empregado na internet. Durante a pandemia, por exemplo, houve um
aumento no número de acessos e períodos prolongados dentro das redes, e sem
qualquer tipo de equilíbrio.
As mídias sociais não se tornarão menos
prejudiciais, pelo contrário. Elas possuem algoritmos que identificam quais
tipos de imagens ou assuntos que levarão a pessoa a ficar mais tempo na rede
social, em um ciclo que se torna preocupante.
É preciso controlar o acesso consciente dessa
importante ferramenta tecnológica, a fim de evitar não apenas o surgimento de
algum transtorno mental, mas também a piora dos casos associados à ansiedade.
Em qualquer uma das hipóteses é necessário apoio
psicológico e psiquiátrico, com o objetivo de tratar essa dependência,
controlar a rotina e vencer a ansiedade.
Saulo Barbosa - médico psiquiatra formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro com residência médica em psiquiatria pelo IPUB-RJ. Atende pacientes presencialmente em Minas Gerais, e on-line em todo Brasil e exterior.
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