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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Educar para a vida não é fácil, mas extremamente necessário

 

Na maior parte das vezes em que o tema Educação é a pauta, as discussões acabam direcionadas para questões relacionadas ao aprendizado que é transmitido ou adquirido nas salas de aula. Porém, como bem sabemos, a educação não se restringe à escola. O processo educacional começa ainda em casa, na infância, por meio dos exemplos dados pelos pais, pela transmissão de valores e normas, além do respeito à ancestralidade. É extremamente importante que possamos aprender com os exemplos de vida deixados pelos mais velhos. 

 

A Educação, em seu conceito mais puro, é uma prática social que visa o desenvolvimento do ser humano, de suas potencialidades, habilidades e competências. Assim, é importante entender que educar é uma tarefa complexa e ininterrupta, que exige muito empenho e que, na minha visão, só é completa e eficiente quando realizada por meio de uma parceria estabelecida entre a família, a escola e a sociedade de forma geral. 

 

Entendo ser essencial ter em mente que a Educação é um ‘processo de vida’. Não é meramente um complemento do processo de amadurecimento do Ser Humano. Educar é ensinar a viver. Os valores transmitidos devem fazer com que as pessoas entendam que são dependentes de si mesmas. Educar é fazer com que crianças e adolescentes se tornem adultos capazes de conduzir seus próprios processos de aprendizagem. Trata-se de uma jornada de conhecimento contínuo, por meio da qual aprendemos, experimentamos, empreendemos e legitimamos a compreensão em nós mesmos e conseguimos perceber a diferença nos outros, entendendo que somos únicos e, portanto, apesar de convivermos em sociedade, temos nossos próprios caminhos e momentos individuais. 

 

Muitas famílias buscam subterfúgios para determinadas condutas das crianças e alegam que os amigos são responsáveis por este ou aquele comportamento. Ou seja, quando a criança ou adolescente não se comporta como deveria socialmente, a família tende a culpar suas amizades e outros fatores. No entanto, é preciso refletir de quem realmente é essa culpa. 

 

De maneira simplificada, podemos dizer que as famílias devem ficar atentas aos seus filhos. Observar a mudança de comportamento é imprescindível, assim como buscar a parceria entre família e escola, pois assim será possível acompanhar de perto o desenvolvimento à medida em que essa criança leva para casa os conceitos aprendidos em sala de aula e pode revivê-los junto aos familiares, discutindo aqueles temas. 

 

Deve-se levar em conta que a Educação não é apenas formal. É importante ter atenção também aos processos informais, tão importantes para a convivência social. Coloco aqui essa reflexão, pois é possível observar desníveis de conduta e falhas no processo de amadurecimento pessoal nos adultos. Fica mais simples entender quando vemos um adulto se comportando de acordo com interesses próprios, sem levar em conta quem está a sua volta. Claramente, percebemos aí que houve uma falha na Educação e na transmissão de valores. Um adulto que passou por todos os processos de vida e amadureceu tem os “pés firmes no chão”. Ninguém irá dissuadi-lo de suas crenças, metas e objetivos de vida. Apesar de parecer o contrário, há pessoas que não se deixam corromper, porque a Educação Global cumpre seu papel de inserção social saudável. 

 

Além de tudo isso, em minha opinião, educar envolve, ainda, o desenvolvimento da inteligência emocional e do universo socioemocional de crianças, adolescentes e até de adultos. Muito antes da pandemia, já havia uma preocupação com esses assuntos. Agora, eles se tornaram ainda mais importantes, seja pelas consequências que o isolamento social e a perda de entes queridos trouxe para a realidade das pessoas, seja pelos efeitos diários que o uso das novas tecnologias podem trazer para as nossas vidas. 

 

É primordial reforçar no Ser Humano a sua própria identidade. Esse início, se possível, deve acontecer ainda na infância. É importante ajudar as crianças a entender quem eles são, quais são os seus pontos fortes e fracos e orientá-los quanto a identificação e como lidar com os mais variados sentimentos. Com as habilidades socioemocionais entendidas, torna-se possível alcançar, de forma mais assertiva, outros objetivos, além de torná-los mais independentes para tomar decisões e gerenciar as próprias emoções. 

 

Educar para a vida é, possivelmente, o maior desafio enfrentado por nós, pais e/ou responsáveis. Temos que entender que cabe à escola o processo de aprendizagem formal e a nós a educação informal, focada em valores e pautada no caráter. Os sentimentos também precisam ser trabalhados pela família. Por meio de ações, podemos demonstrar o amor, o carinho, o respeito, o acolhimento, a sensibilidade, a empatia, a humildade, a fraternidade e outras emoções seguindo uma trilha que definirá e separará as pessoas boas das ruins. Claro, não se pode avaliar condutas e caráter tomando por base pequenos atos isolados, mas são eles que acabam nos tornando vulneráveis ou não para as ações praticadas pelos outros. 

 

Se uma criança, adolescente ou jovem passa pelo processo educacional de maneira saudável, com certeza serão adultos saudáveis, com valores morais e afetivos bem definidos no seu interior. Os responsáveis pela educação devem cumprir essa tarefa, sempre que possível, contando com o apoio da escola e de outros adultos que possam dar suporte em determinadas ocasiões. No final das contas, quando os resultados da educação para a vida podem ser vistos e vividos, o sentimento de gratidão e de missão cumprida se tornam presentes e a sensação, eu garanto, é maravilhosa. Afinal, caráter é um conjunto de ações, qualidades e defeitos pessoais e todos estão diretamente ligados à Educação. Ou você se entrega a este processo ou desiste, porque para ‘Ensinar’ é necessário ‘Ser’ e ‘Viver’ esse conjunto. Muitas vezes, será necessário dizer não a determinadas situações, assim como também será importante rever seus processos para ajudar o outro!  



Sueli Conte - aplicadora de Barras de Acess, licenciada em Psicologia e desenvolve um trabalho voltado para os aspectos educacionais. Tem especialização em psicopedagogia, é mestre em educação e em neurociência, autora dos livros ‘Re-novações’, ‘Bastidores de uma escola’ e, mais recentemente, da obra ‘Educando para a vida no pós-pandemia’.
Instagram: @sueliconte_oficial
www.sueliconte.com.br

 

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