Estar em cargo de liderança dentro de uma empresa ou começar
o seu próprio negócio não é uma tarefa fácil; especialistas apontam as
principais dificuldades que as profissionais femininas enfrentam
Estar dentro de um negócio e avançar até conquistar cargos
de liderança não é uma tarefa fácil, ainda mais quando são as mulheres que
estão em busca disso. A dificuldade também é encontrada na hora que as mulheres
desejam empreender. Para se ter ideia, mais de 7 milhões de CNPJs ativos no Brasil
são controlados e pertencentes a mulheres. Entretanto, um levantamento feito
pelo Sebrae-SP e o Movimento Aladas, mostra uma realidade dura: enquanto 24
milhões de mulheres brasileiras desejam empreender, 43% delas não o fazem por
medo de falhar.
Além disso, de acordo com o relatório “Women in the Workplace 2021”,
da consultoria McKinsey, que revela que quanto mais alto for o cargo, menor a
presença feminina - enquanto há 62% de homens brancos na alta liderança
(C-Suite), há apenas 20% de mulheres brancas. De homens de cor, há 13%, e o
percentual de mulheres é ainda mais baixo, atingindo apenas 4%. O fato é que,
quando falamos em mulheres se tornando líderes de empresas ou criando o seu
próprio negócio, não são poucos os desafios e obstáculos que elas enfrentam.
Abaixo, especialistas esclarecem quais são os principais
obstáculos a serem enfrentados. Confira:
1. Saia da
zona de conforto e converse com novas pessoas: quando se trata
de networking, é importante falar com as pessoas e pensar em maneiras criativas
de construir o seu negócio. “Dedique tempo aos relacionamentos que você já tem.
Estenda a mão e pergunte se as pessoas estão bem, se há algo que você pode
fazer para ajudá-las”, explica Mara Leme Martins, PhD. Psicóloga
e VP BNI Brasil
- Business Network International.
2. Não saber argumentar: “Quando falamos de negócios, um dos principais requisitos
para se tornar um bom líder é saber argumentar. Saber conversar e argumentar
nos negócios já é uma tarefa difícil, e essa dificuldade pode se tornar ainda
maior quando são mulheres em posições de liderança. É importante saber que a
argumentação não servirá somente no aspecto profissional, mas no pessoal
também. No mundo dos negócios vendemos nossas ideias e projetos todos os dias
para parceiros, fornecedores e líderes. Damos e recebemos feedback. Isso diz
muito sobre a importância de sabermos veicular nossas ideias e ideais de uma
forma clara e convincente, mas não somente no ambiente profissional, mas
principalmente pessoal”, explica Maytê Carvalho,
que é escritora, professora, comunicóloga e autora do livro "Ouse
Argumentar: Comunicação assertiva para sua voz ser ouvida”.
3. Assédio e importunação sexual: “O assédio e a importunação sexual são uma das ferramentas
utilizadas pela socialização patriarcal para intimidar mulheres a ocupar
espaços de trabalho. Quando ocupamos espaços, eles nos reduzem a corpos que
servem apenas para pegar café, anotar compromissos e para serem assediados.
Quando ocupamos espaços, o sistema patriarcal nos pune. Por isso, cada dia é
mais essencial que as mulheres que conseguem ocupar espaços, usem o seu
privilégio dentro dos ambientes corporativos para remodelar esses espaços e
ajudar com que sejam lugares seguros para as mulheres”, entende a advogada com
perspectiva de gênero e especialista em Direitos Humanos e Direito Penal, Mayra Cardozo.
4. Confiança no trabalho: “É fato que não se pode negar a realidade do preconceito e
machismo contra mulheres e mães no mercado de trabalho atual. Não deveria ser
assim, mas é a realidade. Para se destacar, a mulher tem que ser tecnicamente
muito melhor qualificada do que qualquer homem que exerça a sua mesma função e
ainda ter garra para dar conta, com mestria das suas duplas e, às vezes,
triplas jornadas de trabalho. Mas na minha visão, o principal é ser uma
profissional focada em resultados. Se o resultado final do seu trabalho é acima
da média, isso vai ser o seu cartão de visitas”, acredita Larissa DeLucca, CEO
da Negócios Acelerados e Diretora da Fundação Mulheres
Aceleradas.
5. Machismo: “Mesmo que velado, é um comportamento que predomina no mundo
dos negócios. O preconceito e a desvalorização das mulheres muitas vezes
as mantém longe do crescimento nas empresas. Apesar de ser um assunto que está
ganhando cada vez mais atenção, infelizmente a cultura predominante ainda é
marcada por uma série de situações que, nos mais diferentes níveis, colocam as
mulheres em posição de desvantagem. A falta de treinamento, de políticas
rígidas e regras claras sobre o tema também abrem brechas para situações que
prejudicam as mulheres. Existe desigualdade de tratamento, de salários, de
critérios de desempenho, entre outros problemas por vezes até mais sutis como
abertura para um ponto de vista, a receptividade a uma ideia, o espaço para
conclusão de um raciocínio ou a aprovação de projetos. Por isso, é fundamental
entender que essa situação não é normal e que devemos atuar a favor dos nossos
direitos, com diálogo, conhecimento dos fatos e de forma estruturada”, afirma Fernanda
Ramos, especialista em comunicação com mais de 18 anos de experiência na
área.
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