Dia 28 de julho data o Combate às Hepatites Virais. Uma luta que o
Brasil tem desempenhado fortemente desde 2002, quando foi pioneiro na criação
do Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV). Até hoje, porém, milhares de
brasileiros são afetados pela doença. De acordo com o último boletim
epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em 2020, há uma queda nos
casos nos últimos anos. Contudo, essa redução ainda não é suficiente. O país
tem a meta de reduzir pelo menos 90% dos casos e 65% das mortes até 2030,
conforme compromisso firmado no Plano Estratégico Global das Hepatites
Virais.
Mas, afinal de contas, o que é hepatite?
Hepatite é um termo bastante amplo que se refere a uma inflamação
no fígado, causada por cinco tipos diferentes de vírus: A, B, C, D e E. Os
tipos B e C são os mais frequentes e letais, e muitas vezes acabam por se
tornar crônicos. O grande problema é que nem sempre a doença apresenta muitos
sintomas e, geralmente, é silenciosa. Quando o paciente descobre a doença,
normalmente ela já se encontra em estágio avançado.
Atualmente, cerca de 1,4 milhão de pessoas morrem por ano em todo
o mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada
às hepatites. O tipo B é essencialmente transmitido sexualmente e via placenta,
de mãe para filho. Pode ser transmitido por contaminação sanguínea também –
assim como o tipo C, ou seja, por meio de transfusão e uso coletivo de objetos
cortantes.
O tipo B já conta com vacina eficaz, que inclusive está disponível
no calendário do Programa Nacional de Imunização do Sistema Único de Saúde
(SUS). A hepatite A também já tem vacina. Esse tipo é geralmente benigno e
acaba trazendo mais complicações para paciente mais velhos, com o contágio ocorrendo
pela ingestão de alimentos mal lavados ou por más condições de
higiene.
A grande verdade é que a hepatite, no geral, é um desafio até para
alguns profissionais da saúde. São muitos tipos, cada um com um comportamento
diferente, modos de transmissão e fatores de risco também. Se é assim para
a comunidade médica, imagina para a população em geral?
Informação, vacinação e diagnóstico precoce: sem essa tríade, não
conseguiremos vencer essa doença que, infelizmente, ainda afeta milhares de
pessoas em todo o mundo.
Ibrahim El Bacha - gastroenterologista,
hepatologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro –
Unisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário