No Brasil, mais de 143 milhões de brasileiros estão
com o esquema vacinal completo, o que levou as empresas a rediscutirem o modelo
de trabalho ideal no pós-pandemia. Segundo a sexta edição da pesquisa
“Covid-19: como será o retorno aos escritórios”, elaborada pela KPMG, 85% das
companhias devem optar por um formato entre o teletrabalho e as atividades
presenciais. O relatório apontou ainda que cerca de 30% devem optar pela
frequência dos trabalhadores duas vezes na semana e o mesmo percentual três
vezes no período. Empresas de tecnologia da informação apresentam o maior
percentual de trabalhadores nesta modalidade, mas encontramos esta iniciativa
em outros setores.
Já do ponto de vista do trabalhador estudos apontam que 75% deles optaram por
uma modalidade que alterne entre o cumprimento de horas de forma presencial e
outras em home office. Uma pesquisa da empresa de recrutamento Robert
Half revelou que 63% da população prefere o modelo híbrido e cerca de 30%
buscariam outra oportunidade profissional.
O home office apresenta alguns benefícios
para o trabalhador principalmente, por proporcionar maior flexibilidade de
horários, maior concentração, possibilidade de dialogar com colegas e
profissionais sem restrições geográficas, redução de despesas no deslocamento e
alimentação na rua, menos gastos de tempo logístico, entre outros. Já o modelo
híbrido, adota algumas características do trabalho a distância com um destaque
para encontros presenciais de maneira alternada. No entanto, estas modalidades
também apresentam desafios.
Sobre os horários, é importante ter uma maior
organização e sistematização do expediente, pois não há mais os limites entre o
tempo no escritório e o de descanso ou lazer, o que pode gerar um prolongamento
da jornada de trabalho. A escolha do ambiente também merece atenção. Por ser em
casa, parte dos profissionais é suscetível a alternar a concentração ou até
mesmo dividi-la entre várias atividades, o que pode prejudicar a atenção
seletiva, fundamental.
As estratégias em comunicação também precisam de
assertividade. Ainda que o home office torne o diálogo mais prático e
rápido, o cérebro pode levar tempo para manter e reter as informações. O
profissional precisa entender quais são as características pessoais, como a
forma de processar as demandas e as necessidades emocionais. Perfis
sistemáticos tendem a obter êxito por envolver planejamento e organização
constante. Colaboradores que precisam de interação levarão mais tempo para
adaptação.
O modelo híbrido é uma estrutura comum que flexibiliza
as horas trabalhadas em casa e no escritório. Essa forma de atuação apresenta
alguns obstáculos como a dificuldade em manter a equipe motivada e alinhada com
as metas, o relacionamento e a troca de informações entre os colaboradores
também são prejudicadas devido ao distanciamento, a comunicação passa ser em
duas vias casa e empresa, e a jornada pode ser maior do que a recomendada para
o dia. Independente do formato preferido o trabalhador terá que se adaptar as
novas demandas do mercado de trabalho. Mas antes o que vai pesar na balança é a
garantia da saúde mental e a produtividade.
Mauro Félix -
professor de psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio
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