A noção de que o parto normal gera muito sofrimento à mulher é uma ideia ainda bastante difundida. O mesmo vale para outros tópicos: mulheres não podem se alimentar durante o trabalho de parto, apenas a(o) médica(o) pode auxiliar no nascimento, não existem métodos de alívio da dor para parto normal... Mas isso não é exatamente verdade.
Com o avanço da ciência, práticas baseadas em evidências vêm substituindo
antigos procedimentos e crenças infundadas. Assim, mais mulheres estão tendo
acesso a mais partos e satisfatórios. Confira cinco recursos disponíveis
atualmente -- tanto no SUS quanto na rede privada -- para que as mulheres
tenham experiências positivas de parto.
1. Boas
práticas atualizadas e baseadas em evidências
Atualmente,
existem técnicas e recursos que diminuem a dor e promovem o bem-estar da mulher
durante o parto normal, assim, ele pode ser vivido sem sofrimento. Alguns
exemplos: acesso da mulher à alimentação e a caminhadas durante o trabalho de
parto, liberdade de posições e movimentos (posições verticalizadas, de cócoras,
agachada ou em quatro apoios); massagens; banhos de água morna; métodos não
farmacológicos para alívio da dor e até aplicação de analgesia.
Após o
parto, possibilitar o contato pele a pele entre mulher e bebê promove redução
do estresse de ambos e auxilia na criação de vínculo afetivo, entre outros
benefícios com evidências científicas. Essas práticas são orientadas pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. Por isso já é
possível utilizá-las em hospitais e casas de parto do Sistema Único de Saúde
(SUS) e da rede particular.
2.
Informação no pré-natal
A informação
sobre saúde sexual e reprodutiva é um recurso que possibilita liberdade e
autonomia às mulheres e adolescentes. Devidamente orientadas, elas passam a
entender mais sobre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e emocionais
da gestação. E mais: podem escolher como querem viver a gravidez e o parto. Com
frequência, mulheres com acesso à informação são aquelas que vivem experiências
mais satisfatórias de parto, pois participaram do processo de forma ativa,
exercendo o papel de protagonista da própria vida e do próprio parto.
3. Plano de
parto
O plano de
parto é um documento que expressa por escrito os desejos e as expectativas da
mulher para o momento do parto, como a indicação de quem irá a acompanhar, as
posições para o trabalho de parto e as suas decisões em caso de medidas de
emergência. Indicado pelo Ministério da Saúde, o plano de parto funciona como
um guia que vale para a consulta da equipe de saúde durante a estadia da mulher
e do bebê desde a entrada no local do parto até a alta. Para construir o plano
de parto -- que é feito com apoio das(os) profissionais que acompanham a mulher
durante a gravidez --, ela também irá conhecer o local onde irá parir,
conversar com a equipe que irá lhe atender etc.
4. Equipes
multiprofissionais
A assistência
de uma equipe multiprofissional está associada a melhores desfechos. Por
exemplo: um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que a atuação de
enfermeiras(os) obstétricas(os) e obstetrizes no momento do parto está
associada a um menor número de intervenções cirúrgicas desnecessárias. Além
disso, o estudo também demonstra que as mulheres atendidas por essas(es)
profissionais também relataram maior satisfação em relação à experiência de
parto. Já o Relatório Situação Mundial da Obstetrícia (SoWMy) de 2021 indica
que o investimento na formação e dessas(es) profissionais pode salvar 4,3
milhões de vidas por ano até 2035.
5. Casas de
parto
Disponíveis
na rede particular e no SUS, as casas de parto operam um novo modelo
assistencial, cujo foco está na experiência, na saúde, na segurança e no
bem-estar da mulher, assim como do bebê, dos acompanhantes e das(os)
profissionais envolvidas(os). Embora ainda não existam em número expressivo no
Brasil, as casas de parto representam um marco na atenção obstétrica do país.
Com um modelo voltado à atenção humanizada e que tende a não reproduzir casos
de violência como os relatados recentemente pela influenciadora digital Shantal
Verdelho, as casas de parto são uma referência na assistência ao parto normal.
Nesses
espaços, as mulheres não dão à luz em salas de operação, como acontece nos
hospitais, mas em quartos adequados com cama, bancos, banheira, chuveiro, luz e
outros recursos projetados para uma experiência positiva de parto. Lá, todas
são orientadas sobre seus direitos sexuais e reprodutivos e podem levar até
mais de um acompanhante, dependendo das normas locais. Além disso, algumas
casas de partos, como a Casa Angela, localizada em São Paulo/SP, oferecem
educação em saúde a partir de consultas, cursos, palestras e oficinas sobre a
gestação, o pré-parto, o parto e o pós-parto, bem como a amamentação e os
cuidados necessários com o bebê.
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