Naturalmente, ao longo dos anos as organizações passam por diversas mudanças, principalmente no quadro de colaboradores. Isso não seria um problema se elas conseguissem transmitir para os novos membros aquele mesmo propósito idealizado pelo fundador, mas na prática, ocorre que cada novo colaborador o altera um pouco e a missão inicial vai se perdendo por problemas na comunicação, "fala uma coisa, faz outra" e na execução da estratégia. Quando o fundador instituiu aquele propósito, ele sabia o que significava, os que vieram depois não tinham a mesma compreensão dessa missão.
Para que se crie uma
conexão entre a missão da empresa e seu time, ela deve ser trabalhada e
incorporada na rotina. Os OKRs - Objectives and Key Results -
metodologia de gestão - dentro de um Sistema de Gestão Integrada, são capazes
de fazer muito bem isso.
A exemplo disso, temos
acompanhado o surgimento constante de startups, que nascem com um propósito,
com o sentimento de resolver algum tipo de problema, desburocratizar, facilitar
o acesso, criam uma conta corrente sem mensalidade, por exemplo, dentre outras
coisas que nos encantam. E são esses ideais que fazem com que elas se destaquem
e ganhem visibilidade e o desafio é manter esse propósito vivo ao longo do
tempo. As empresas podem e devem ajustar seu propósito e se modernizar ou
reposicionar no mercado, mas isso não significa deixar o propósito inicial
totalmente para trás.
De maneira geral, o OKR
é uma ferramenta de execução da estratégia, que, por sua vez, é a
materialização da missão do negócio. Essa estratégia é elaborada pelo time
executivo, pensando em atingir a missão da empresa e ao longo da estrutura
hierárquica, como em um telefone sem fio - da gerência à produção ou aos
analistas etc- ela acaba se perdendo ou chegando com muitos ruídos às pontas.
O OKR é o elo
entre a estratégia e os colaboradores, ele faz essa conexão. É como se fosse o
corpo humano, um órgão mandando um sinal para os outros órgãos e estes
reagindo. Os OKRs são esse sistema que, constantemente, trazem a
estratégia para as ações diárias, para aquilo que as pessoas precisam fazer,
seja entregar a operação, seja a transformação. E aí assim se transmite o
propósito da empresa, por meio das metas da organização e dos colaboradores.
Quando surge uma ideia de novo negócio, de um novo produto, ela já nasce com a
missão de ser especial, diferente ou transformadora. Mas quando isso não
acontece, seu negócio se transforma em mais um que pode, inclusive, acabar
sucubindo, por não ter mais o atrativo que gerou sua criação, ou ter seus
lucros reduzidos de forma drástica
Quando as empresas
usam o OKR fica tudo mais claro, porque no O (Objetivo) está a narrativa do
propósito para cada time. A organização pode ter mais de um OKR, cada um
narrando um objetivo, uma meta. Em suma, o "O", de OKR, compreende o
propósito ou uma parte daquele propósito maior da organização, você une o
propósito da empresa para o trimestre/ano com o propósito de cada área/time ou
colaborador.
Como colocar em
prática?
Já participei de
diversas reuniões com diretores, gerentes sêniores e analistas, onde eles
ouviam os direcionamentos do próprio CEO. Isso faz com que o engajamento dessas
pessoas seja muito maior, pois elas têm muito mais clareza da direção a seguir.
Você simplifica os canais de comunicação e os comunica com os OKRs, de maneira
constante, daí a necessidade da disciplina de acompanhamento e a transparência,
que são valores e princípios do OKR.
O ideal é que se
diminuam os ruídos na comunicação. Como? Tornando os canais de comunicação cada
vez mais diretos, o presidente trata as questões de auditoria, com o analista
de auditoria. É possível fazer isso em todas as empresas? Nem sempre, mas
conceitualmente faz sentido, à medida que você diminui os layers de
comunicação.
Pedro Signorelli - tem 20 anos de experiência no mercado
corporativo, tornou-se especialista na implementação do método OKR. Em 2019,
criou e fundou a Pragmática Consultoria em Gestão, com o objetivo de
ajudar outras organizações em suas jornadas de transformação e gestão.
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