O Brasil é o quinto maior alvo de crimes cibernéticos do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e África do Sul, de acordo com um levantamento realizado pela Roland Berger, uma consultoria estratégica global. A estimativa é que esses ataques gerem perdas globais próximos à casa dos US$ 6 trilhões. O caso mais recente que acompanhei foi o da operadora de turismo CVC, que deixou a central de atendimento da empresa temporariamente indisponível.
Conforme esse tipo de crime aumenta, tenho visto
crescer também a demanda por profissionais de cibersegurança. Só na Yoctoo,
consultoria de recrutamento e seleção especializada em tecnologia, a nossa
busca por esses especialistas saltou de 15% em 2019, para 25% de todas as vagas
para as quais recrutamos em 2020. Ao que tudo indica, em 2021, com a contínua
consolidação da transformação digital nas empresas, esse número será ainda mais
expressivo.
Na minha opinião, um dos principais motivos dessa
alta é a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o anúncio da
aplicação de multas para as empresas que não cumprirem com as regras. Mas, não
é só isso. Felizmente, hoje, muitas organizações estão mais conscientes da
necessidade de se protegerem contra vazamentos de dados e ataques de hackers.
Assim, essa área está se tornando cada dia mais essencial e, promissora, do
ponto de vista de trilhas de carreira em tecnologia.
Formação do profissional de cibersegurança
Para quem deseja atuar em cibersegurança, o mais
recomendado é ter uma graduação na área de tecnologia. Depois, é interessante
buscar uma especialização, como um MBA em Gestão de Segurança da Informação. As
certificações também são importantes e muito apreciadas pelos recrutadores, com
destaque para a CCNP, PCI DSS, COBIT, Ethical Hacking Essentials, CSIRT
Foundation e Privacy & Data Protection, entre outras que podem variar
de acordo com o segmento de mercado em que se pretende atuar ou a tecnologia
adotada pela empresa.
Com uma boa formação, o próximo passo é escolher um
direcionamento para a carreira, que pode ser tanto para a área técnica, voltada
à operação de sistemas, monitoramento e ferramentas; quanto para a área de
gestão, onde o profissional irá atuar nas políticas de risco, governança e
atendimentos às legislações internacionais e locais. Mas atenção, não adianta o
profissional dispor de ferramentas avançadas, se a empresa não estiver engajada
no processo de conscientização da cultura de segurança.
Principais motivos da alta da demanda por esses
profissionais
Um ponto relevante sobre o aumento na procura por
esses profissionais, no meu entendimento como especialista, é que, até bem
pouco tempo atrás, a segurança era uma preocupação exclusiva de empresas com
grandes aparatos de tecnologia ou produção de informação, tais como bancos,
seguradoras, operadoras de telecom, fintechs, e empresas provedoras de serviços
de tecnologia. Hoje, garantir a segurança das informações é essencial para toda
e qualquer empresa, independentemente do porte ou segmento, é uma questão de
sobrevivência. Quem já sofreu um ataque ou vazamento sabe bem os impactos
negativos que isso pode causar: perda de dados importantes, financeiro e,
claro, na credibilidade da marca. Como reflexo desse cenário, profissionais
dessa área passaram a ser valorizados pelo mercado.
Faixas salariais médias desses profissionais
Os salários de um analista de segurança de
informação variam de R$ 4 a R$ 10 mil. Já um especialista ganha entre R$ 13 e
R$ 16 mil e um coordenador, entre R$ 17 e R$ 20 mil. Enquanto quem está no topo
da carreira, em cargos de gerência e diretoria, esse número pode variar entre R$
25 e R$ 35 mil mensais.
Então, se você quer se tornar um profissional de
cibersegurança, saiba que para estar bem-posicionado salarialmente, precisará
estar em constante desenvolvimento. Afinal, novas formas de crimes cibernéticos
estão sempre evoluindo e, é preciso ter um perfil analítico, orientado à
resolução de problemas e, capaz de fazer simulações de ataques e defesas a fim
de observar as vulnerabilidades constantes de um ambiente. Somado a isso,
destaco a habilidade de entender sobre o negócio da empresa ao qual trabalha e
saber traduzir esse ambiente técnico em linguagem de negócio.
Além disso, sugiro que mantenha seu networking em
dia. Trocar experiências com outros profissionais da área é a melhor maneira de
ficar por dentro de tudo o que acontece – inclusive sobre quais são as melhores
vagas disponíveis no mercado!
Da mesma forma, busque proximidade com um
headhunter de sua confiança. Esses profissionais geralmente são os termômetros
do mercado e poderão te ajudar a dar novas perspectivas sobre quais são as
principais habilidades demandadas no momento, além de dividir com você os
cenários e desafios em atuar em determinadas áreas, tipos de empresas e
segmentos.
Espero que esse conteúdo tenha te ajudado a
entender mais sobre uma das áreas mais promissoras no mundo pós-pandemia.
Paulo
Exel - administrador de empresas com MBA em Gestão Estratégica de Negócios e
Certificação Profissional em Coach. Apaixonado por pessoas e tecnologia, há 12
anos atua como headhunter de TI. Desde 2017, está no comando da operação da
Yoctoo na América Latina. É palestrante e tem diversos artigos publicados na
mídia.
Yoctoo
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