Do momento em que saem de casa até retornarem, as mulheres brasileiras são percebidas como o grupo mais vulnerável a sofrer uma violência durante esse percurso e também são as que declaram sentir muito medo. E a experiência confirma a razão da insegurança: 69% das mulheres já foram alvo de olhares insistentes e cantadas inconvenientes ao se deslocarem pela cidade, 35% já sofreram importunação/assédio sexual e 67% das mulheres negras relataram ter passado por situações de racismo quando estavam a pé. E a pandemia de Covid-19 trouxe outros impactos: além do medo de contrair o vírus, 77% das mulheres disseram sentir mais medo de sair de casa.
O gênero como fator de
vulnerabilidade nos deslocamentos urbanos
As pessoas que circulam pela cidade
sentem-se seguras? A pesquisa Percepções sobre segurança das mulheres
nos deslocamentos pela cidade*, realizada pelos institutos Locomotiva e
Patrícia Galvão, com apoio da ONU Mulheres e Uber, revela uma sensação geral de
insegurança durante os deslocamentos urbanos. Apenas 16% das mulheres e homens
que circulam pela cidade utilizando as mais diversas modalidades de transporte
sentem-se plenamente seguros.
A insegurança na mobilidade reduz a
liberdade de mulheres e meninas, negando-lhes as mesmas oportunidades que
homens e meninos de desfrutarem de seus bairros e cidades. Além de reduzir a
participação na vida pública, seja na escola, no trabalho ou em atividades de
lazer, também impacta negativamente sua saúde e bem-estar.
Ao analisar alguns grupos sociais, a
pesquisa aponta que a sensação de insegurança não é a mesma para todas e todos.
Mulheres, as populações negra, de baixa renda e LGBTQIA+ e as pessoas com
deficiência declaram maior sensação de insegurança e vulnerabilidade quando se
deslocam pela cidade.
77% das mulheres acham os espaços
públicos mais perigosos para elas do que para os homens
Entre os grupos avaliados na
pesquisa, as mulheres são percebidas como mais vulneráveis a sofrer violência
quando estão se deslocando: na avaliação de 72% dos entrevistados
(sendo 77% das mulheres e 66% dos homens), “os espaços públicos são
mais perigosos para mulheres do que para homens”. E, de fato, as mulheres
também declaram sentirem mais insegurança em seus deslocamentos pela cidade em
comparação com os homens.
Meios e locais mais inseguros para as
mulheres
Elas sentem medo ao se deslocarem,
sobretudo quando usam meios de transporte públicos, e quando estão nas ruas e
pontos de ônibus.
Mulheres sentem medo mesmo quando
estão perto de casa
68% das mulheres têm muito medo de
sair sozinha à noite no bairro onde mora
O medo das mulheres reflete suas
experiências: 7 em cada 10 já receberam olhares insistentes e cantadas
inconvenientes em seus deslocamentos, 35% já sofreram importunação/assédio
sexual e o mesmo percentual enfrentou furtos/assaltos.
Do total de mulheres
entrevistadas, 25% já viveram alguma situação de preconceito e
discriminação (exceto por raça/cor, ou seja, em razão de deficiência ou
orientação sexual/identidade de gênero) e 21% das mulheres negras declaram ter
sofrido racismo.
69% das mulheres já receberam olhares
insistentes e cantadas inconvenientes em seus deslocamentos; 35% sofreram
importunação sexual
54% das mulheres já sofreram
importunação sexual no ônibus e 67% das mulheres negras sofreram racismo quando
estavam a pé
Por insegurança, mulheres mudaram comportamentos ou rotina
Após vivenciar essas situações, a
maioria das mulheres mudou hábitos e comportamentos e pouco mais da metade
declara ter sofrido abalo psicológico.
Para driblar a insegurança, as
mulheres adotam medidas que comprometem sua autonomia, como mudar trajetos ou
pedir para que alguém as esperem na porta de casa.
Por medo, mulheres mudam hábitos e rotinas
ao se deslocarem pela cidade durante a pandemia
O cenário de pandemia também impacta
os deslocamentos e faz com que muitas mulheres sintam-se ainda mais inseguras
para sair de casa.
Quais fatores contribuem para a
insegurança e como mudar esse cenário?
Sobre a pesquisa
A pesquisa Percepções sobre
segurança das mulheres nos deslocamentos pela cidade foi realizada
pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva, com apoio da Uber e
apoio técnico e institucional da ONU Mulheres. Participaram do estudo online
2.017 pessoas (1.194 mulheres e 823 homens), com 18 anos de idade ou mais,
entre 30 de julho e 10 de agosto de 2021. A margem de erro é de 2,2 pontos
percentuais.
Fonte:
https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/81-das-mulheres-ja-sofreram-violencia-em-seus-deslocamentos/?utm_term=Aviso+de+Pauta++Pesquisa+revela%3A+81+das+mulheres+ja+sofreram+violencia+em+seus+deslocamentos+pela+cidade&utm_campaign=Jornalistas&utm_source=e-goi&utm_medium=email
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