A falsa sensação de proteção contra a covid-19 entre crianças e adolescentes e a exclusão inicial deste grupo do plano nacional de imunização contra a doença podem fazer com que esses personagens ganhem um papel ainda mais importante na propagação da pandemia.
“Com toda certeza esse é o grupo mais desafiador pela dificuldade de aderência às medidas de prevenção e por existir uma errônea ideia de que crianças e adolescentes não possuem riscos”, explica a cardiologista infantil e médica do exercício e do esporte do Hospital Edmundo Vasconcelos, Silvana Vertematti.
Segundo ela, a falsa sensação de segurança de que são menos afetados pelo Covid pode colaborar para uma maior chance de contaminação de crianças e adolescentes. Por isso, enquanto a vacinação para este grupo ainda não é uma realidade, a médica alerta para a necessidade de adesão às medidas de prevenção: uso de máscara, higienização das mãos e, principalmente, distanciamento físico.
Além disso, Vertematti chama a atenção para o fato de que evitar a covid entre os mais jovens e as crianças evita que esse público sofra com os sintomas tardios do que hoje já chamado de covid longa – o quadro de doenças associadas à resposta inflamatória do organismo durante o combate contra a covid-19.
Esses sintomas persistentes e tardios já são uma realidade entre crianças e mais jovens que tiveram contato com vírus e podem ser sentidos em todo o organismo, além de implicar transtornos psicológicos, cansaço prolongado, vômitos, manifestações dermatológicas, dores no tórax, nas articulações e garganta.
A especialista lembra que esses indícios são facilmente confundidos com outras doenças também comuns a este grupo, fator que pode complicar o diagnóstico de covid longa. “É necessário um bom raciocínio clínico e exames complementares e pertinentes para conquistar uma conclusão correta”. Somado ao obstáculo dos sintomas, tem-se ainda a baixa testagem em crianças e adolescentes.
“O resultado positivo é uma informação muito
importante na hora de se considerar os sintomas e direcionar a investigação
clínica. E como temos uma baixa porcentagem de testes destinados a essa
população, fica ainda mais difícil diagnosticar tanto a covid-19 quanto as
consequências da doença”, conclui a médica.
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