Especialista explica sobre a lipodistrofia ginoide, a conhecida celulite
O uso de
insulina também pode ocasionar a doença
Lipodistrofia é a disposição anormal
da gordura no corpo, seja pelo aumento (hipertrofia) ou pela diminuição e
ausência (atrofia) da gordura. Algumas formas podem ser hereditárias e estarem
relacionadas a síndromes. Mas também pode ter relação com doenças como o HIV e
a esclerodermia. A lipodistrofia causada pelo uso da terapia antirretroviral
vem se tornando cada vez mais frequente em todas as regiões do mundo, sendo um
dos distúrbios frequentes em pacientes infectados pelo vírus HIV. Além disso, outros medicamentos sistêmicos e locais (como
insulina e corticoide) podem causar alteração da deposição da gordura.
O diagnóstico é, principalmente, clínico. A investigação inicia
com perguntas genéricas e específicas para entendimento das queixas do paciente
e conhecimento dos seus antecedentes pessoais e familiares. Dessa forma é
possível identificar fatores que favoreçam o seu desenvolvimento e até condições
hereditárias e genéticas.
O
cirurgião plástico Dr. Fernando Amato explica que durante a consulta é importante uma avaliação corporal completa para
caracterizar a distribuição anormal de gordura. Medidas
antropométricas como o índice de massa corporal (IMC - relação entre peso e
altura) e exames complementares como RX, ultrassom, densitometria, tomografia
computadorizada e ressonância magnética podem auxiliar no diagnóstico.
“Muitas doenças sistêmicas associadas à lipodistrofia
necessitam de equipe médica multidisciplinar, como o infectologista, nos
portadores de HIV, e o endocrinologista, em doenças metabólicas”,
comenta Dr. Amato.
Lipodistrofia Ginoide (LDG) – Conhecida popularmente como celulite, a LDG é uma
alteração estrutural e inflamatória do tecido subcutâneo que causa modificações
na pele, deixando-a com aquele aspecto ondulado da epiderme, semelhante à
“casca de laranja” em algumas áreas do corpo. “O problema atinge até 90% das
pacientes, praticamente em todas as etapas da vida, começando pela puberdade”,
explica o especialista.
A LDG pode ser tratada com diversos
procedimentos. Entre eles estão a lipoaspiração, que pode liberar as traves do
subcutâneo; lipolaser, que pode soltar as traves e estimular o colágeno;
lipoenxertia, que consiste no preenchimento do subcutâneo com gordura,
melhorando o aspecto de depressão; e os bioestimuladores de colágeno (Radiesse,
Sculptra, Elleva, Ellanse), que melhoram o aspecto com o estímulo da produção
do colágeno. Dr.Fernando conta que o mais importante é saber quando utilizar
essas opções e associá-las sempre que possível!
Lipodistrofia por insulina - O manejo do diabetes mellitus pode
ser responsável por eventos adversos cutâneos, incluindo a lipodistrofia, que
se desenvolvem no local das injeções de insulina.
Um
artigo da Divisão de Diabetes, Nutrição e Doenças Metabólicas, do Departamento
de Medicina do Hospital Universitário Sart Tilman, na Bélgica, explica que a
infusão contínua de insulina subcutânea e injeções de análogos de insulina com
uma sequência de aminoácidos alterada em comparação com a insulina nativa pode
causar lipodistrofia em pacientes diabéticos.
Ou
seja, quando o rodízio de áreas onde a insulina é aplicada não acontece ou
quando uma agulha é utilizada diversas vezes, ocorre uma distribuição anormal
da gordura nessa região. Além do surgimento de nódulos, inchaço e endurecimento
da pele, a lipodistrofia também retarda a absorção da insulina pelo corpo,
sendo assim, muito prejudicial ao diabético.
Nestes
casos, a recomendação é não aplicar a insulina na região em que a condição já
apareceu e intercalar os locais das injeções dentro da área do corpo escolhida.
Lipodistrofia
trocantérica
– A que mais incomoda as mulheres já que acúmulo de gordura fica localizado na
região do culote.
“Neste
caso, o tratamento pode envolver lipoaspiração, dermolipectomias - remoção
cirúrgica do excesso de pele, podendo associar lifting glúteo e lifting de
coxas - drenagem linfática feita por um profissional de confiança do médico
cirurgião e fisioterapia dermatofuncional. Vale lembrar que uma boa forma de
prevenir a gordura localizada é mantendo um estilo de vida saudável com boa
alimentação e atividades físicas diárias”, ressalta Dr. Fernando Amato.
Para pacientes que apresentam
lipoatrofia (redução significativa de gordura nas pernas, braços, bumbum e
rosto), o tratamento de correção pode ser feito mediante lipoenxertia - técnica
de cirurgia plástica que usa a gordura do próprio corpo como preenchimento.
“Durante o procedimento, é realizada
lipoaspiração em partes do corpo com mais gordura acumulada como barriga,
costas ou coxas. Depois de tratada, essa gordura é enxertada na região
pretendida com agulhas finas. O procedimento pode
até ser feito com anestesia local, com ou sem sedação e a recuperação é bastante
rápida. Os sintomas mais comuns no pós-operatório são dor discreta e
controlável, pequeno desconforto, inchaço ou hematoma”, explica o cirurgião
plástico.
Segundo
Dr. Fernando, os impactos causados pelas deformidades corporais incluem
depressão, prejuízos nas relações sociais e a má aceitação da própria imagem
corporal. “Neste caso, mais do que um tratamento estético, a cirurgia plástica
pode ajudar a reconstruir a autoestima dessas pessoas, contribuindo para o seu
bem-estar e qualidade de vida. É uma questão que vai muito além da imagem.”,
conclui o cirurgião.
Dr.
Fernando C. M. Amato – Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica
e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de
Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões
Plásticos (ASPS).
https://www.instagram.com/meu.plastico.pro/
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