Mudanças no comportamento da população diante da pandemia refletiu no perfil dos lançamentos
A pandemia
trouxe uma profunda reflexão ao ser humano sobre a necessidade de mudar hábitos
e repensar padrões de comportamento e visões tradicionais que já não fazem mais
sentindo para os tempos atuais.
Nesse
sentindo, o mercado editorial enxergou essa oportunidade e, cada vez mais, é
possível encontrarmos livros que abordem assuntos complexos, delicados ou
anteriormente vistos como tabu. Editoras e autores têm buscado tornar a leitura
mais próxima das necessidades do leitor, oferecendo títulos que discutam temas
ligados a dilemas, escolhas, medos, inseguranças, preconceitos, fraquezas e
imperfeições.
Para
Eduardo Villela, book advisor e especialista no mercado editorial, esse
crescimento nas vendas foi provocado pelo isolamento social. “Tenho observado,
principalmente nas áreas em que assessoro autores na escrita e publicação de
seus livros , como os livros de negócios, por exemplo, que, ao contrário do que
ocorria anteriormente, onde os conteúdos eram mais técnicos e traziam modelos,
estratégias e ações para o alcance do sucesso, as pessoas estão buscando cada
vez mais informações sobre riscos, o que não dá certo, erros, problemas,
desafios e a forma de contorná-los. As publicações estão ficando mais próximas
da realidade do leitor e tratam de suas dores e dificuldades no dia a dia de
trabalho com mais naturalidade. É muito positivo que os livros estejam falando
mais de equívocos e más práticas. Percebo que as empresas e os profissionais
estão passando por uma mudança da mentalidade ‘é proibido errar’ para uma nova
em que você pode, sim, errar, desde que aprenda com seus erros e busque se
tornar melhor. Isso está se refletindo nos livros”, completou.
Eduardo
explica que as pessoas estão buscando nos livros um meio para refletirem mais e
aproximarem-se de seus problemas. Isso para qualquer gênero. “Não é uma
tendência que surgiu com a pandemia, mas acredito que esteja se consolidando
agora. Eu observo isso acontecendo já há alguns anos e consigo destacar alguns
títulos que se encaixam neste perfil, como por exemplo “A coragem de ser
imperfeito”, de Brené Brown, que revela ser necessário aceitarmos nossas
fragilidades para prosperamos na vida, “12 Regras para a Vida: Um
antídoto para o caos” escrito por Jordan Peterson, que traz uma reflexão sobre
o valor de sermos plenamente responsáveis por nossas vidas e buscarmos viver a
vida com significado; outro exemplo que posso citar é “Nascidos para Comprar”
escrito por Juliete B. Schor, que mostra como o marketing e a propaganda
voltados ao público infantil podem influenciar e converter as crianças em
futuros consumidores compulsivos e “A Infância Perdida”, de Diane E. Levin e
Jean Kilbourne, que levanta a discussão sobre os perigos da sexualização
precoce das crianças provocados pela cultura contemporânea. São livros que
trazem de forma contundente a discussão de assuntos delicados e fundamentais
para a evolução no nosso pensar e agir”
O
book advisor conclui: “Hoje existe uma busca pela quebra de vários padrões de
comportamento e isso está retratado diretamente no universo dos livros, onde os
autores estão colocando o dedo nas feridas do autoritarismo, conservadorismo e
trazendo novas perspectivas sobre a forma como nos relacionamos com nós mesmos
e uns com os outros.”
Certamente,
a humanidade não será a mesma no pós-pandemia.
Eduardo Villela - Book Advisor e
assessora pessoas, famílias e empresas na escrita e publicação de seus livros.
Trabalha com escrita e publicação de livros desde 2004. Já lançou mais de 600
livros de variados temas, entre eles comportamento e psicologia, gestão,
negócios, universitários, técnicos, ciências humanas, interesse geral,
biografias/autobiografias, livros de família e ficção infantojuvenil e adulta.
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