O mercado de trabalho está em constante evolução, e se adaptar a essas mudanças é extremamente necessário. Um ano após o início da pandemia, tenho notado um fenômeno interessante: alguns modelos de trabalho e modos de gestão, que têm proporcionado enormes benefícios tanto para as empresas quanto para os funcionários, se difundiram rapidamente e, ao que tudo indica, não são mudanças passageiras.
Ao contrário do que víamos antigamente, as
organizações estão tendo que se adaptar e deixar de encarar essas mudanças como
algo temporário – mas sim como estratégias que, se implantadas de maneira
eficiente, podem contribuir para todo o funcionamento e produtividade do
negócio. Dentre elas, destaco 5 tendências que mais tenho visto nas
organizações:
#1 Trabalho remoto, full home office e home office
Tanto o trabalho remoto (quando o colaborador
tem total flexibilidade do local de trabalho, podendo inclusive escolher
alguns dias da semana para estar presente no escritório) quanto o full home
office (100% da jornada de trabalho em casa) e o home-office (parte da jornada
de trabalho em casa e parte no escritório), estão liderando com grande vantagem
essa lista de maiores evoluções. Além de terem uma enorme popularidade entre os
praticantes, tem sido possível notar o aumento da produtividade e a
possibilidade de contratar profissionais de diferentes regiões e até de outros
países. Em uma pesquisa feita pelo Runrun.it – empresa provedora de software
que é um gerenciador de tarefas - 81,5% dos entrevistados disseram que
gostariam de trabalhar em dias alternados (presenciais e remotos). Ainda
segundo esse estudo, 57,5% das empresas esperam continuar trabalhando de forma
100% remota.
#2 Melhora da comunicação
A comunicação informal foi drasticamente
transformada e consolidada, ampliando os pontos e a frequência de contato entre
os profissionais, o que foi extremamente importante para o fluxo de trabalho.
Graças a ferramentas de comunicação como o Slack e o Zoom, a distância
gerada pelo isolamento social não impossibilitou as empresas de manterem uma
comunicação clara e próxima entre líderes e equipes. Muito pelo contrário! Em
alguns casos, terminou obrigando os times a se manterem atualizados e
informados para que todo o processo fluísse mesmo que a distância. No RH,
inclusive, surgiu um termo sobre essa tendência: o engajamento virtual
dos times. Posso dizer que ainda estamos em uma fase de testes, mas vejo com
clareza que muitas ações e procedimentos presenciais, antes tão comuns, mas não
tão eficientes, logo serão extinguidos.
#3 Flexibilidade e equilíbrio
Trabalhar em casa nos proporciona uma grande
flexibilidade de realizarmos nosso próprio horário, principalmente por não
termos que nos locomover até a sede da empresa. Apesar disso, é preciso ter um
grande cuidado para que isso não acabe sobrecarregando o dia a dia e, torná-lo
em sua maioria, dedicado unicamente ao trabalho. É necessário estabelecer um
equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, separando parte do dia para
atividades de lazer e descanso, que proporcionem bem-estar e mantenham nossa
saúde física e mental. O que antes era mais difícil de ser visto, ou seja,
jornadas de trabalho mais flexíveis – especialmente em empresas mais
tradicionais – hoje se tornou a realidade de muitos profissionais nesse momento
de isolamento social, onde os profissionais que usufruem desse “benefício”
dificilmente irão abrir mão disso após essa conquista.
#4 Infraestrutura
Ter uma infraestrutura de tecnologia de qualidade,
antes mesmo da pandemia, já era um fator indispensável para o bom funcionamento
das empresas, principalmente àquelas que já atuavam no ambiente online. Com a
pandemia, essa necessidade se tornou uma das principais preocupações das
organizações para continuar garantindo o desempenho das atividades e as
entregas de produtos e serviços. Não por acaso, as empresas precisaram acelerar
seus investimentos em plataformas digitais mais estáveis e seguras, além
daquelas que precisaram de fato fazer a transformação digital ser uma nova
realidade na operação. Aliado a isso, as empresas também precisaram
proporcionar melhores condições de trabalho remoto com infraestruturas mais
robustas de VPN e auxiliando, por exemplo, em pacotes de internet para os
funcionários e ajudando a prover, inclusive, infraestrutura física, como
melhores computadores, mesas e cadeiras de trabalho.. Essas demandas de
infraestrutura foram aprendizados que as empresas levam consigo para um cenário
futuro, onde a necessidade para atender esse público será algo constante.
#5 Digitalização dos processos internos
Muitos processos altamente burocráticos e
predominantemente manuais tiveram que ser adaptados e digitalizados com a
pandemia. Empresas mais tradicionais e que não nutriam um mindset
- modelo mental - voltado para a digitalização desse tipo de processo, sofreram
mais na pandemia. Por isso mesmo, empresas que oferecem soluções que prometem a
redução da burocracia e a simplificação de processos, como é o caso de muitas startups,
estão registrando um crescimento vertiginoso, mesmo em um cenário desafiador
como esse.
Por fim, quero enfatizar que todas essas evoluções
que pontuo estão interligadas. Sem comunicação, os times não conseguem
funcionar. Sem flexibilidade e equilíbrio, as pessoas não terão saúde física e
mental. Sem infraestrutura, não há como trabalhar e prover produtos e serviços
de forma eficiente e eficaz. Portanto, em conjunto, elas representam ganhos que
o mercado teve e terá ao longo do último ano e, principalmente, nesse ano e nos
próximos que estão por vir, se consolidando como tendências que vieram para
ficar. No entanto, digo com toda a certeza que elas não serão as únicas. O
mundo vive em constante evolução, assim como o mercado de trabalho. E aí? Na
sua opinião, qual será a próxima grande evolução?
Igor
Trisuzzi - Consultor Sênior da Yoctoo e formado em
Administração de Empresas pela FEA USP. Possui mais de 5 anos de experiência na
área de recrutamento especializado, com certificação internacional em Coaching
pela SLAC, tendo atuado não só em consultorias, mas também na área interna de
Recursos Humanos de multinacionais de tecnologia.
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