Na última quarta-feira (10) o Senado Federal aprovou a medida provisória que aumenta, de 35% para 40%, a margem para o crédito consignado de servidores públicos ativos e inativos, militares e aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A notícia, que aparentemente é boa, esconde grandes riscos.
Como resultado da
crise financeira em decorrência da pandemia do COVID-19, muitas famílias estão
com problemas financeiros, contudo, a situação se agrava para os que
solicitaram crédito consignado sem planejamento e sem a percepção do real
impacto que isso terá nas finanças.
"O crédito
consignado é uma modalidade de empréstimo na qual o trabalhador vincula o
pagamento ao seu salário, ou seja, as parcelas são descontadas antes mesmo do
dinheiro cair na conta. O lado positivo é que isso faz com que os juros sejam
menores, já o lado negativo é que dificilmente se consegue negociar valores e
que os ganhos mensais diminuirão", explica o presidente da Associação
Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), Reinaldo Domingos.
Os problemas
relacionados ao crédito consignado vêm antes mesmo da pandemia sendo que esse
modelo de crédito estava crescendo muito se tornando uma das principais formas
de endividamento da população. O resultado são recordes de inadimplência,
portanto é preciso tomar muito cuidado na hora de utilizar essa linha de
crédito.
E diante a crise ainda
se tem muitos trabalhadores querendo tomar essa linha de crédito, para esses o
presidente da ABEFIN preparou dez orientações que devem ser levadas em conta:
• É importante
conhecer a sua real situação financeira antes de tomar qualquer crédito,
fazendo um diagnóstico financeiro, descobrindo para onde vai cada centavo do
dinheiro durante o mês e registrando as dívidas caso existam.
• Não permita que este
empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu desempenho
profissional, pois será muito mais complicado pagar as contas sem nenhum
salário.
• Antes de buscar pelo
crédito consignado é preciso ter consciência de que o custo de vida deverá ser
reduzido em até 40% do ganho mensal, isto porque a prestação deste reduzirá o
seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de aposentadoria.
• A opção do crédito
consignado é muito usada para quitação de cheque especial, cartão de crédito e
financeiras, porém a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a
causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento.
• A linha de crédito
consignado pode ser bem utilizada, mas não deve fazer parte da rotina de um
assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser pontual e ter um objetivo
relevante.
• Tem sido comum o
empréstimo do nome à terceiros por parte de aposentados e até mesmo
funcionários, mas este procedimento é prejudicial a todos, por isso, deve ser
proibido.
• Caso encontre taxas
de juros mais baixas, a portabilidade também deste crédito é necessária. Para
os funcionários o caminho será falar com a área de Recursos Humanos, para os
aposentados as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar.
• Os juros também são
um grande perigo. Mesmo com taxas baixas, a cada ano esses valores representam
uma grande parcela do valor total emprestado, é preciso negociar.
Reinaldo Domingos
ainda recomenda: "para quem quer tomar o crédito consignado, antes mesmo
de assinar o contrato com a instituição financeira, é importante fazer uma boa
reflexão e analisar se este valor, que será descontado diretamente no salário
ou benéfico, não fará falta para os compromissos essenciais mensais",
finaliza.
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