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Sem causa
definida, mais 7 milhões de brasileiras vivem com a condição; especialista
aborda a importância dos tratamentos clínicos e cirúrgicos
Cerca de 10% das brasileiras são acometidas pela endometriose, de acordo
com o Ministério da Saúde. O cirurgião ginecológico do Hospital Brasília
Alexandre Brandão alerta para a importância de continuar o tratamento mesmo
durante a pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o médico, a endometriose é uma
doença que precisa de acompanhamento. “Na maioria das vezes o tratamento é
clínico. Porém, há casos em que a cirurgia é necessária, como, por exemplo,
quando há acometimento de outros órgãos. Entretanto, somente com a avaliação
clínica é possível saber”, explica.
Durante o período de isolamento social,
muitas pacientes vêm deixando os tratamentos clínicos por medo de contrair a
covid-19. “Mesmo vivendo um momento complicado, não podemos deixar de cuidar da
nossa saúde. Inúmeras pacientes deixaram de seguir o tratamento e apresentaram uma
piora no quadro clínico”, lamenta.
O médico ainda reforça que a endometriose é
uma doença causadora de sofrimento às mulheres e precisa ser tratada de maneira
adequada. O resultado é uma vida com bloqueios, estresse em níveis altos e até
depressão. Março é comemorado o Mês Mundial de Conscientização sobre a
Endometriose, que afeta aproximadamente 7 milhões de brasileiras, segundo a
Associação Brasileira de Endometriose.
O que é a endometriose?
Formada pelo tecido interno do útero, o
endométrio, a endometriose é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela
presença de endométrio fora da cavidade uterina. Ela acomete os ovários, a
bexiga e, em alguns casos, pode acometer o intestino.
Os principais sintomas são: cólica menstrual
incapacitante, dor na relação sexual, dor para evacuar/mudança do ritmo
intestinal e dor ao urinar. Esta última pode, inclusive, ser confundida com
infecção de urina. Além dos sintomas desconfortáveis, a endometriose pode ser
uma das causas de infertilidade.
Existem cinco tipos de endometriose: a de
parede abdominal, a ovariana, a peritoneal, a profunda e a extra-abdominal.
Tratamento
O ginecologista afirma haver duas formas de
tratamento: a clínica e a cirúrgica. No tratamento clínico, algumas das opções
são: bloqueio hormonal, que visa a parar a menstruação e assim aliviar as
pacientes com a condição; fisioterapia e atividade física; não ingestão de
alimentos que causam má digestão, gases dores abdominais, distensão do
intestino; cuidados com a saúde mental. “As pressões sociais são desgastantes
para as pacientes com a condição. É recomendado procurar um psicólogo, meditar
e orientar os familiares para entenderem melhor a doença”, explica.
O tratamento cirúrgico depende também da
avaliação clínica. Algumas das principais indicações são: risco de
infertilidade; comprometimento de algum órgão, função do intestino, bexiga ou
uretér, ou obstrução desses órgãos; dor na relação sexual; falha no tratamento
clínico multidisciplinar.
Laparoscopia ou cirurgia robótica são as
indicadas pelo médico como tratamento cirúrgico para a endometriose. “Nunca é
feita uma cirurgia aberta, como uma cesariana. A histerectomia também não é o
suficiente para acabar com a doença. É preciso eliminar todos os focos de
endometriose ou ela continuará a crescer”, alerta. Alexandre Brandão ainda
finaliza dizendo que, mesmo com cirurgia, é necessário um acompanhamento
clínico.
Hospital Brasília
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