Leda Donadel, fonoaudióloga da Audium Brasil, fala sobre fatores comuns que podem causar perda auditiva, explica quando buscar ajuda e deixa dicas para prevenção
Escutar os sons nem sempre significa ouvir
corretamente. Sintomas como cansaço, fadiga, dores de cabeça, tensão muscular
podem estar relacionados a algum grau de perda auditiva, informa a
fonoaudióloga da Audium Brasil e especialista em Audiologia Clínica, Leda
Donadel. Para celebrar o Dia Mundial da Audição, comemorado neste 3 de março, a
especialista conscientiza sobre as causas mais comuns relacionadas a problemas
auditivos, explica como identificar e ensina a prevenir os déficits de audição.
“O ouvido médio contém três pequenos ossos que
recebem as vibrações do tímpano, envia-as para a orelha interna que, por meio
do nervo auditivo, leva a informação sonora para o cérebro. É um sistema
bastante sensível. Qualquer alteração nesses ossos ou mesmo nos pequenos vasos
dessa área, causada por fatores externos ou de saúde, pode afetar a saúde
auditiva e danificar permanentemente o órgão”, explica Leda.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS), cerca de 466 milhões de pessoas, entre elas 34 milhões de crianças, sofrem
de problema relacionados à audição. Até 2050, este total pode atingir 900
milhões. Crianças prematuras, grupos com exposição a ruídos intensos ou ruídos
provenientes de atividades de lazer, pessoas com casos na família e idosos
estão entre os grupos de maior risco para problemas auditivos.
Entretanto, diversas doenças, mesmo não
relacionadas ao sistema auditivo, bem como o uso de alguns tipos de
medicamentos também podem levar à perda da audição. “Meningite, rubéola,
doenças cardiovasculares, hipertensão e osteoporose são exemplos de doenças
comuns e que, em maior ou menor grau, podem lesar as vias auditivas. O uso de
medicamentos como alguns antibióticos, quimioterápicos, diuréticos e
anti-inflamatórios estão entre os remédios mais tóxicos para os ouvidos e a
audição. Por isso, ao menor sinal de deficiência auditiva, é importante
consultar um otorrinolaringologista para evitar que o problema se agrave”,
alerta Leda Donadel.
Quando buscar ajuda
Como saber quando procurar ajuda profissional? É
possível identificar os sinais, em crianças e adultos, lembra a fonoaudióloga.
“Em crianças, o atraso no desenvolvimento da linguagem oral, na aquisição da
fala, desatenção constante, pedidos frequentes para repetir o que foi dito,
hábito de ouvir televisão em volume muito alto são sinais importantes que podem
indicar deficiência auditiva. Nos adultos, muitas vezes os familiares
identificam o problema antes do próprio paciente, quando percebem que ele pede
para repetir com frequência o que foi dito, coloca o volume da TV de uma forma
que incomoda os demais e um sinal muito comum é o próprio paciente relatar que
ouve a fala mas não entende. A inteligibilidade afetada é um sinal importante
de déficit auditivo”, explica Leda.
Para identificar o problema, é possível ainda realizar
testes caseiros. Com as crianças, a emissão de sons de forma lúdica, em
diferentes intensidades, sem que exista a possibilidade do campo visual para
ajudar na resposta e enquanto ela estiver distraída é uma forma de observar se
reage ao estímulo. “Bebês podem responder a um estímulo parando de sugar a
chupeta, ou quando a criança já é um pouco maior, irá procurar com o movimento
ocular a presença do estímulo sonoro”, lembra a fonoaudióloga. “No caso dos
adultos, pode-se ir regulando o volume da TV para ver em qual intensidade ele
se sente confortável em ouvir”, complementa.
Quando são identificados casos de desgaste do
sistema auditivo ou deficiência diagnosticada pelo médico, pode ser indicado o
uso do aparelho auditivo. “O Aparelho de Amplificação Sonora Individual (ASSI)
é um dispositivo eletrônico com a função de converter as ondas sonoras em
sinais elétricos e os manda diretamente a um amplificador, que eleva a potência
dos sinais e os envia para o ouvido através de um receptor. Ele é recomendado
somente após o diagnóstico médico e a validação com um fonoaudiólogo, que vai
acompanhar o paciente no processo de reabilitação”, explica Leda.
Não existe idade mínima para o uso. “Quanto menor a
idade de adaptação do aparelho, melhor será o desenvolvimento auditivo, por
isto a importância do diagnóstico precoce. Para as crianças, preconiza-se a
protetização antes dos 6 meses de idade, para evitar atrasos no
desenvolvimento. Para os adultos, tão logo se identifique qualquer sinal de
deficiência auditiva. A espera por tempo excessivo pode agravar o dano do
sistema auditivo e o uso do aparelho pode não conseguir oferecer o melhor
resultado. Vale informar, ainda, que nem toda a perda auditiva irá se
beneficiar com o aparelho, por isso é importante a consulta com um
otorrinolaringologista”, pontua.
Dicas para prevenção
Confira as principais dicas da especialista da
Audium Brasil para manter a saúde auditiva:
- Monitore os sons em casa (televisão e aparelhos
sonoros); não deixe o ouvido se costumar ao som alto. Se usar aparelhos sonoros
nas ruas, como fones de ouvido, tente manter o volume médio, com o qual possa
conversar mesmo ouvindo música. O limite aceitável é de 85 db por 45 minutos.
- Evite ficar próximo a caixas de som em festas, em
shows de música ou trios elétricos.
- Só escuta som alto no carro? Cuidado! O alto
volume em ambientes fechados não se propaga e, acima de 85 decibéis, ainda é
pior. Cuidado também com a música alta nas academias. O barulho pode chegar a
110 decibéis. Proteger a audição também é cuidar do corpo.
- Sempre que possível, descanse sua audição em um
lugar silencioso.
- Atenção às doenças do ouvido, como as otites;
qualquer sensação incômoda, procure logo um otorrinolaringologista.
- Cuidado com medicamentos que podem causar danos à
audição, como anti-inflamatórios e até aspirina que, se tomada em excesso, pode
levar à perda auditiva.
- Atenção motoqueiros! Motocicletas, principalmente
as de média e altas cilindradas, emitem ruídos em torno ou acima de 95
decibéis. Não trafegue por muito tempo seguido.
- Se estiver exposto a sons intensos no trabalho,
não esqueça de utilizar equipamentos de proteção individual (protetores
auriculares).
- Limpe corretamente seus ouvidos. As hastes
flexíveis devem ser usadas somente na parte externa da orelha. Nada de cutucar.
- Assoe o nariz, de forma suave, duas vezes por
dia. A medida evita a entrada de secreções que podem causar perda auditiva,
dor, pressão nos ouvidos e zumbido.
- Se possui algum familiar próximo que tenha perda auditiva,
procure um especialista com antecedência. Em muitos casos a perda de audição é
um fator genético.
- Faça o teste da orelhinha no bebê logo após o
nascimento, mas avalie também a audição do seu filho, novamente, na época da
alfabetização.
Audium
Mais informações pelo 0800 011 1000 ou www.audiumbrasil.com.br
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