É comum sofrer de dor de cabeça, mas, se para alguns esse desconforto é fácil de aliviar, para outros é uma doença incapacitante
Existem duas formas de
classificar uma cefaleia (termo médico
para “dor de cabeça"): primária e secundária. A dor de cabeça primária é
aquela que não é causada por nenhum outro problema de saúde subjacente. Nesses
casos, o uso de medicação analgésica costuma ser suficiente para o alívio dos
sintomas. Já as cefaleias secundárias têm outra causa subjacente, como uma
doença ou um trauma, por exemplo. Sendo assim, diante da suspeita de uma dor de
cabeça secundária, é importante buscar atendimento médico para realizar exames
de sangue e/ou de imagem e identificar a causa correta do problema.
Algumas
simples atividades do dia a dia podem causar dor de cabeça:
- Estressar-se ou ficar muito
tenso por algum acontecimento
A cefaleia de
tensão afeta a grande maioria dos adultos em algum momento
da vida. O paciente sente uma dor geralmente frontal e bilateral na cabeça, que
pode ser percebida como se um capacete apertado estivesse fazendo uma pressão
desconfortável no local. A sensação da dor em si costuma ser leve ou moderada
e, apesar de atrapalhar, não impede as pessoas de realizarem suas atividades
diárias como de costume.
Alguns motivos clássicos de
estresse – não dormir o suficiente, sentir calor excessivo ou ficar muito tempo
sem se alimentar/pular refeições – podem desencadear a cefaleia
tensional. Outras possíveis causas são: abuso no consumo de
bebidas alcoólicas, postura inadequada durante longos períodos de tempo,
sentimento constante de tensão e a ingestão insuficiente de água
(desidratação). Na maioria dos casos, medicamentos analgésicos promovem o
alívio da dor.
- Atividades físicas e
exercícios intensos
A atividade
física melhora o sono, diminui o nível de ansiedade e tem um impacto positivo
na qualidade geral de vida. No entanto, algumas pessoas costumam ter dor de
cabeça após praticar atividades físicas, principalmente se
houver muito esforço envolvido. Isso porque, diante de um treino
particularmente intenso, acontecem a diminuição da oxigenação dos tecidos do
corpo humano e o aumento da pressão intracraniana. Tudo indica que três
cuidados em especial podem ajudar a prevenir a dor de
cabeça ao fazer exercícios: beber líquidos antes e durante a
atividade, realizar um aquecimento “caprichado" antes de iniciar o treino
e reduzir a intensidade da atividade, se possível.
“É importante buscar avaliação
médica especializada quando se tem dor de cabeça desencadeada por esforços
físicos, principalmente se a dor surgir de repente e já com forte intensidade e
se houver outros sintomas associados. Embora possa ser um sintoma benigno,
temos que excluir outras causas antes de afirmar que a dor está relacionada
somente com a atividade física", alerta a neurologista do Hospital Águas
Claras Aressa Leal.
- Estar “naqueles dias"
Conhecida como dor de
cabeça hormonal, esse tipo de cefaleia afeta principalmente as
mulheres em idade fértil. Ela está relacionada com o início do ciclo menstrual,
a gravidez, a menopausa ou a utilização de alguns medicamentos hormonais. “Pode
até mesmo tratar-se de uma cefaleia tensional ou enxaqueca, que pode ser
agravada por oscilações hormonais", pontua Aressa.
Não há muito o que fazer para
prevenir essa ocorrência, mas algumas modificações no estilo de vida podem ser
úteis no tratamento, como garantir um sono adequado, fazer refeições regulares
(sem ficar longos períodos em jejum) e manter os níveis de estresse reduzidos.
Além disso, os analgésicos simples ou anti-inflamatórios podem fornecer ajuda
eficaz.
“Quando a dor está presente de
modo muito regular durante os ciclos menstruais, de moderada a forte
intensidade, e atrapalha as atividades diárias, podem ser necessárias
abordagens terapêuticas específicas nos dias previstos para maior
desconforto", recomenda a especialista em neurologia.
Outros 3 tipos
conhecidos de cefaleia:
1. Um dos tipos
mais comuns de dor de cabeça, a enxaqueca costuma causar
uma dor latejante relativamente intensa, que pode afetar um ou ambos os lados
da cabeça, além de apresentar vários outros sintomas comumente associados –
náuseas, vômitos, fotofobia (maior sensibilidade à luz ou claridade), fonofobia
(maior sensibilidade a barulhos) e osmofobia (maior sensibilidade a cheiros
fortes). Os sintomas podem durar de algumas horas a vários dias e podem impedir
a pessoa afetada de participar das atividades diárias normalmente. Consultar um
médico é fundamental para traçar um plano terapêutico adequado, para evitar
possíveis gatilhos desencadeadores das crises de enxaqueca.
2. Descrita
como um dos piores tipos de dor de cabeça, a cefaleia em
salvas provoca dor aguda, penetrante e de extrema
violência, geralmente localizada na região da têmpora ocular e que atinge
apenas um e sempre? o mesmo lado da face. É acompanhada por lacrimejamento,
olhos vermelhos e nariz escorrendo e, em muitos casos, também é observada
sudorese intensa na face. A cefaleia em salvas costuma ocorrer periodicamente,
em crises muito intensas, porém de curta duração quando comparadas com outras
dores primárias. Acredita-se que a causa seja um distúrbio do ritmo biológico,
ou seja, do nosso relógio biológico interno. Outra razão pode ser uma
inflamação que afeta os vasos sanguíneos dilatados no cérebro. Esse quadro deve
ser sempre examinado por um médico.
3. A dor de
cabeça de sinusite acontece por causa do aumento da
pressão nos seios da face, no nariz, na testa e nas bochechas, característico
dessa complicação de saúde. O paciente sente uma dor em pressão que se torna
mais intensa com movimentos repentinos ou algum tipo de esforço da cabeça. O
tratamento ideal para a cefaleia sinusal depende
da causa e da gravidade da sinusite e pode incluir analgésicos, antibióticos,
anti-histamínicos, descongestionantes ou corticosteroides únicos. Vale
ressaltar que esse tipo de dor só acontece quando há inflamação ou infecção dos
seios nasais, e muitas vezes os pacientes acreditam que “têm sinusite"
quando de fato estão com outros tipos de dor. Portanto, a melhor opção é sempre
consultar um médico especialista no assunto, para seguir o tratamento mais
indicado para o seu caso, considerando as suas especificidades e necessidades.
Algumas
outras situações consideradas sinais para possíveis cefaleias
secundárias:
- Cefaleia “em trovoada": de
início súbito, com dor de forte intensidade, geralmente é descrita como a
pior da vida.
- Outros sintomas neurológicos
associados: visão embaçada ou dupla; alteração do nível de consciência
(sonolência ou agitação anormal); dormência ou dificuldade de mexer alguma
parte do corpo; incoordenação; alteração da fala.
- Sintomas sistêmicos associados:
febre; perda de peso; lesões na pele; vômitos; rigidez de nuca.
- Crises de dor com início após os
50 anos.
Nesses casos, deve-se procurar
atendimento, idealmente em serviço de pronto-socorro.
É importante ter em mente que uma
pessoa com dor de cabeça deve procurar um neurologista sempre que a dor se
torna muito frequente e/ou quando ela interfere na qualidade de vida e nas
atividades diárias do indivíduo.
“Também vale atenção
especializada se a dor começar a apresentar características diferentes das
habituais, se surgirem novos sintomas associados ou se houver dificuldade de
alívio com medicamentos que antes eram eficazes. Para esse último caso, deve-se
estar atento ao uso excessivo de medicamentos para a melhora da dor, pois eles
podem piorar as crises de cefaleia. Se houver uso excessivo de analgésicos,
anti-inflamatórios ou 'medicações antienxaqueca', já está indicado o tratamento
especializado", conclui a neurologista.
A literatura científica traz
novidades constantes sobre o estudo das dores de cabeça, tanto no que diz
respeito às cefaleias associadas a outras doenças quanto às cefaleias primárias
específicas. Podemos citar, como exemplos mais recentes, a investigação e o
manejo da cefaleia associada à Covid-19 e novos tratamentos para enxaqueca, com
terapia imunobiológica. Também há novidades em tratamentos ainda pouco
conhecidos pela população em geral, como bloqueio de nervos cranianos, uso da
toxina botulínica e dispositivos de estimulação de nervos e modulação de dor.
Hospital
Brasília
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