• Pessoas com câncer têm um risco quatro vezes maior de desenvolver o problema
• Apesar disso, muitos ainda desconhecem a relação entre as doenças ou a informação se perde em meio ao diagnóstico de câncer
• O uso de anticoagulante oral pode reduzir os eventos trombóticos e proporcionar
melhor qualidade de vida a esses pacientes
Uma pesquisa qualitativa conduzida pela Bayer,
realizada em cinco países, entre eles Brasil, Alemanha, França, Japão e China,
identificou que o estado emocional dos pacientes tem forte influência no
tratamento do câncer e de suas complicações. Um exemplo disso é o achado que
revelou que os pacientes não prestam atenção quando o médico explica sobre a
possibilidade de complicações vasculares e eventos trombóticos, devido ao
impacto da notícia do diagnóstico com câncer. No entanto, como segunda
principal causa de morte em pacientes com a condição1, o tromboembolismo
venoso, que inclui tanto a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo
pulmonar (TEP), requer cuidado e atenção constante.
Um estudo de 2014 que avaliou a associação
entre trombose e câncer mostrou que o indivíduo com câncer tem quatro vezes
mais chance de desenvolver trombose em comparação com pessoas sem a condição1.
Além disso, cerca de 20% dos novos casos de trombose venosa profunda ocorrem em
pacientes com diagnóstico de câncer2. E não apenas a doença, mas o próprio
tratamento oncológico pode ter interferência nisso. O problema é que muitas
pessoas não têm conhecimento sobre a relação entre essas doenças e a falta de
informação pode provocar impactos em sua evolução clínica.
"O corpo humano é uma engrenagem, e quando
há um desequilíbrio em qualquer parte, ele reage. No caso dos pacientes com
câncer, a presença do tumor faz com que o organismo produza substâncias que
ativam a coagulação, favorecendo a formação de coágulos que podem se desprender
e se movimentar na corrente sanguínea, em um processo chamado de embolia. Numa
trombose venosa, o coágulo que se desprende normalmente vai parar nas artérias
dos pulmões, num evento conhecido como embolia pulmonar. As consequências de
uma embolia pulmonar variam dependendo do tamanho do coágulo que se desprendeu
e/ou da quantidade de coágulos. Em casos mais graves, o problema pode provocar
morte súbita", explica o Prof. Dr. Antonio Eduardo Zerati, Cirurgião
Vascular e Endovascular e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da
USP.
"Principalmente os pacientes que fazem
quimioterapia apresentam maior chance de desenvolver trombose, pois o
tratamento aplicado diretamente nas veias afeta a parede dos vasos sanguíneos.
Cerca de 11% dos pacientes em quimioterapia desenvolvem trombose venosa a cada
ano1", aponta o especialista. Além disso, outros fatores de risco que
tornam o paciente mais suscetível ao problema são a idade, obesidade, tabagismo,
histórico familiar, o tipo de câncer e sua localização, tempo de diagnóstico,
tipo de tratamento e menor mobilidade (seja por indisposição ou sequela do
câncer, seja por necessidade de internações hospitalares).
Uma das afirmações de pacientes que participaram
da pesquisa da Bayer foi que "a trombose representou um grande obstáculo
para a recuperação do câncer, e por isso é tão importante que os pacientes
estejam mais informados sobre os riscos de desenvolvimento da doença".
Para isso, Dr. Zerati recomenda que eles fiquem atentos aos sinais do corpo
durante esse período, especialmente inchaço em uma das pernas (onde a trombose
é mais frequente), dor ou mudança de cor da pele, devendo o médico ser
comunicado imediatamente caso um ou mais desses sinais apareçam. "Também é
importante que o paciente ou o familiar/cuidador fique atento a todas as
explicações médicas no início do tratamento", completa o especialista.
Pacientes oncológicos que já apresentaram algum
evento trombótico têm risco de recorrência entre duas e nove vezes maior do que
a população geral3. O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos, sangue e
imagem.
Segundo Rodolfo Ferreira, Diretor de Oncologia
da Bayer no Brasil, há um grande investimento da companhia em fornecer opções
de tratamento para o câncer cada vez mais inovadoras e seguras, que contribuam
com a qualidade de vida do paciente e evitem, consequentemente, que ele seja
acometido por complicações como essa. Um exemplo são as quimioterapias ou
medicamentos orais, que não precisam ser aplicadas nas veias e não exigem que o
paciente permaneça no hospital "Nosso foco é melhorar a qualidade de vida
do paciente. Por esta razão, estamos sempre desenvolvendo novas soluções que
ofereçam a possibilidade de viver e tratar-se com o mínimo possível de efeitos
colaterais", afirma.
Terapia para complicações vasculares é
importante aliada na prevenção de trombose em pacientes com câncer
A profilaxia medicamentosa, baseada no uso de
anticoagulantes, pode prevenir os quadros de trombose em alguns pacientes em
tratamento oncológico. O especialista deve fazer uma avaliação individual dos
riscos e benefícios do tratamento para cada paciente e analisar o perfil de
segurança. A diretriz de 2019 da International Society on Trombosis and
Haemostais (ISTH)4 recomenda o uso da terapia oral com rivaroxabana (10mg/ ao
dia) por seis meses a partir do início do tratamento quimioterápico, em
pacientes com baixo risco de sangramento e sem interação medicamentosa4,5.
"A profilaxia, além de reduzir o risco de
trombose venosa em pacientes de mais alto risco, não apresenta nenhum tipo de
interferência no tratamento do câncer, seja quimioterapia ou outra modalidade
terapêutica. Além disso, quando a opção recai sobre uma medicação administrada
por via oral, há impacto positivo em relação à qualidade de vida desse
paciente, evitando que ele precise aplicar injeções diárias por tempo
prolongado", finaliza Dr. Zerati.
Bayer
Referências
1 Elyamany G, et al. Clin Med Insights
Oncol. 2014;8:129-37
2 Bergqvist D, et
al. Curr Probl Surg. 2007;44:157-216
3 Prandoni P, et al.
Blood. 2002;100:3484-88
4 The use of direct
oral anticoagulants for primary thromboprophylaxis in ambulatory cancer
patients: Guidance from the SSC of the ISTH. Wang et al. J Thromb Haemost;2019;
17 (10): 17772-1778
5 Pebmed. Câncer e
trombose: benefícios e riscos da tromboprofilaxia primária. Disponível em: https://pebmed.com.br/cancer-e-trombose-beneficios-e-riscos-da-tromboprofilaxia-primaria/.
Acessado em março de 2020.
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