A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais antigas da história da humanidade, causada principalmente pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Descoberta em 1882 pelo bacteriologista alemão Robert Koch, há evidências históricas de sua presença datadas de 8.000 antes de Cristo. Diante de tantas pessoas acometidas mundialmente pela doença, que somente no ano de 2018 somaram 10 milhões de novos casos, desses, 1,5 milhão vieram à óbito, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pergunta que fica é: por que ainda não erradicamos a tuberculose?
Embora seja uma
moléstia milenar, foi somente no século XX, após muitos anos de estudos, que a
tuberculose passou a ser compreendida e surgiram avanços capazes de combatê-la
e preveni-la. Hoje é considerada uma doença tratável e curável, principalmente
a partir do uso de antibióticos específicos em longo prazo. Quanto antes
diagnosticada, mais rápida a recuperação do paciente e menor é o índice de
contágio e disseminação. A porta de entrada do bacilo da tuberculose são as
vias aéreas e a transmissão dá-se através da tosse ou fala durante o contato
prolongado como uma pessoa doente.
Por se tratar de uma
doença, a princípio silenciosa, quando está em sua fase latente, o paciente
dificilmente saberá que está infectado e esse quadro pode persistir por anos,
até que venha apresentar algum sintoma ou por algum motivo faça um teste para
detectar a doença. A metodologia atual para diagnóstico da infecção latente por
tuberculose, usada há mais de 100 anos, é conhecida como teste tuberculínico
(PPD - do inglês purified protein derivative). Através desse teste, a
tuberculina é injetada na parte inferior da pele (subcutânea) do braço e,
depois de alguns dias, o paciente retorna ao médico ou laboratório para a
leitura da reação. Quando se está infectado com a tuberculose, um nódulo
elevado se desenvolve onde a tuberculina foi injetada. Porém, em alguns casos,
principalmente das pessoas que possuem o sistema imunológico comprometido, o
resultado do PPD pode ser falso-negativo e o paciente corre o risco de ter a
doença ativada por desconhecer o seu estado.
Atualmente, com a
evolução da medicina atrelada à tecnologia, existem testes mais precisos para o
diagnóstico da infecção latente por tuberculose, como, por exemplo, os testes
IGRA (ensaio de liberação de Interferon-gama), que reduzem a margem de
falsos-negativos e falsos-positivos e proporcionam um diagnóstico mais
assertivo. Realizados com uma pequena amostra de sangue, requerem apenas uma
visita ao médico e são muito menos afetados pelo imunocomprometimento do
paciente em comparação ao teste tuberculínico. Apresentam resultado rápido e
seguro, com a precisão de testes laboratoriais.
Há tempos vista como
uma doença comum aos segregados da sociedade, muitas pessoas, por vergonha, não
buscam a ajuda médica necessária, tão pouco realizam os testes para detecção da
moléstia. Esse panorama distorcido da tuberculose é também um dos fatores que
dificultam sua erradicação e somente trabalhando a consciência da população
quanto a isso, conseguiremos seguir, com sucesso, esse combate. Portanto, a
partir dos primeiros sintomas, não deve haver dúvidas em procurar o serviço de
saúde. Passada a fase latente, o paciente pode apresentar sintomas como tosse
crônica, febre, perda inexplicada de peso e, quando grave, sudorese noturna. A
tuberculose é uma doença séria e requer atenção.
Dra. Denise Silva
Rodrigues - médica infectologista e diretora clínica do Instituto Clemente
Ferreira, Centro de Referência Terciária para tuberculose de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário