Estudo da Euler
Hermes aponta que o pico do petróleo deve chegar até 2030
Após um ano de baixos preços do petróleo e baixa
demanda que empurrou a maioria das grandes empresas petrolíferas para o
prejuízo, o detrimento na lucratividade continuará em 2021 e 2022. É o que
estima um estudo divulgado na última semana pela seguradora de crédito Euler
Hermes. De acordo com o levantamento, a previsão é que cada
queda de US$ 10 no preço médio anual do petróleo leve a uma redução da margem
de lucro de 0,80 pontos e que cada queda de 1 milhão de barris/dia no consumo
global, se traduza em uma redução de 0,65 pontos.
Com os preços do petróleo provavelmente em torno de
US$ 48 em 2021 e US$ 57 em 2022, e o consumo voltando ao nível de 2018 no
próximo ano, as projeções da seguradora apontam margens de lucro de 2,3% e 4,2%
em 2021 e 2022, respectivamente, bem abaixo da média histórica de 5,7% vista
durante 2010-2019.
Com o pico do petróleo se aproximando, os cortes de
impostos e subsídios diminuindo, é esperada uma reformulação do setor, junto
com uma reorganização do risco. A demanda de petróleo deve atingir o pico por volta
de 2030 em um cenário de "business as usual" (Figura
2), levando em consideração as projeções demográficas globais e fatores de
demanda, como frota de veículos elétricos (já que o transporte é o setor que
mais demanda petróleo). Em um cenário de “líquido zero”, ou se as pressões
regulatórias crescerem rapidamente, esse pico pode acontecer ainda mais cedo.
Energia limpa
“É muito provável que os subsídios e incentivos
fiscais para os combustíveis fósseis diminuam no futuro, em meio à
intensificação da pressão política, social e dos investidores para enfrentar as
mudanças climáticas”, afirma o economista da Euler Hermes, Ano
Kuhanathan. Isso eliminará uma fonte considerável de suporte
para o setor (Figura 3). Além disso, o novo governo Biden nos Estados Unidos já
sinalizou sua intenção de crescer em energias renováveis (plano de investimento
de US$ 2 trilhões) e de parar de apoiar a indústria de petróleo e gás (pausa na
exploração, suspensão de subsídios etc.). A China também sinalizou que a
mudança pode estar na agenda: os planos de desenvolvimento recentes
apresentados pelas estatais PetroChina, Sinopec e CNOOC estão inclinados para a
energia limpa.
Neste contexto, as empresas europeias têm se
comprometido cada vez mais com as energias renováveis (Figura 4), enquanto as
empresas americanas têm se concentrado em tecnologias mais limpas (GNL,
hidrogênio), em gastos com P&D para desenvolver tecnologias de captura de
carbono entre outras ações (reflorestamento) que podem compensar suas pegadas.
Mesmo empresas tradicionais ou em mercados emergentes parecem estar se
preparando para um futuro sem ou pelo menos com menos consumo de petróleo.
Novas negociações
Após um tranquilo 2020 na atividade de M&A
(Figura 5), a Euler Hermes espera mais negócios no setor, especialmente em
relação a “sobrevivência”, dada a situação financeira difícil. Algumas dessas
negociações podem ter o mesmo impacto que a onda de consolidação do final dos
anos 90: conversas em torno de um “mega-deal” entre ExxonMobil-Chevron se
intensificaram recentemente.
De acordo com o relatório, isto pode (i)
tranquilizar os mercados quanto às suas intenções e afastar as acusações de
greenwashing, (ii) beneficiar melhores avaliações das empresas renováveis e,
consequentemente, de custo de capital mais barato. Atualmente, as empresas
focadas em energias renováveis estão, em média, negociando a taxas de P/L duas
vezes mais altas do que as supermajors.
“Apesar de até agora a maioria das grandes
empresas, especialmente as europeias que estão avançando com o desenvolvimento
renovável, tenham declarado que não planejam se separar, acreditamos que o
fariam se os spreads de avaliação persistirem quando eles escalarem com sucesso
seus negócios renováveis”, explica Kuhanathan.
No geral, isso resultaria no setor de energia sendo
composto de empresas de O&G “tradicionais” financeiramente resilientes,
principalmente expostas a riscos regulatórios, seja por meio de suas próprias
atividades ou de seus clientes, e uma reorganização do risco financeiro entre
uma variedade de participantes.
Euler Hermes Insurance Company Euler Hermes
www.eulerhermes.com.br,
LinkedIn ou Twitter @eulerhermes
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