Apesar do aumento de transplantes no segundo semestre de 2020, mais de 40 mil pessoas estão na fila de espera para doação. A participação da sociedade é peça importante para conscientização.
Encontrar um
doador compatível nem sempre é uma tarefa fácil, demanda tempo
e análise de
compatibilidade. Além do mais, no atual cenário que estamos atravessando, houve um aumento na
fila de espera por um transplante de órgãos e tecidos.
Com a
pandemia do covid-19, o Brasil contabilizou mais de 40
mil pacientes na fila de espera para receber uma doação. Na contramão destes dados, segundo
a Associação Brasileira de Transplantes e Órgãos (ABTO), de agosto à setembro de 2020 houve
um crescimento de 11% no
número de transplantes. Apesar desta
esperança, os dados absolutos apontam uma queda
de 30% em relação ao mesmo período de 2019.
Nos últimos
anos, a taxa de doadores vinha numa
crescente gradativa. Em 2019, o país contava
com 18,1 pessoas por milhão¹, e no primeiro
trimestre de 2020, pré-restrições da pandemia, o Brasil chegou a registrar 18,4 pmp, bem próximo do esperado
dentro de um cenário de normalidade. Hoje,
segundo levantamento do ABTO, é registrado 15,8 pmp.
O Brasil é o 3º maior transplantador no mundo, sendo
referência em especialidades como
doação de rim, fígado, coração, entre outros. Mesmo assim, o grande inimigo do paciente é o tempo. A fila de espera por um transplante é a
principal causa de mortes entre os que
necessitam da doação.
Segundo a ABTO, entre abril e junho de
2020, foi registrado um aumento de 44,5% no número de óbitos em pacientes na fila do
transplante, em comparação com o mesmo
período de 2019. O
receio da contaminação do coronavírus durante a internação para o procedimento da doação é a principal causa na queda no número de doadores e o aumento na maior
espera dos beneficiários.
População é
peça fundamental
A
flexibilização das restrições no segundo semestre de 2020 permitiu a retomada gradativa dos procedimentos. Apesar da queda na
taxa nacional de doadores efetivos, algumas regiões do Brasil obtiveram uma
crescente na participação da sociedade em doações, como no Sul e Sudeste, que registraram um
aumento de 5% e 3%, respectivamente.
Segundo
informações da Associação da Medula Óssea do Estado de São Paulo (Ameo),
as pessoas cadastradas no Registro Nacional de
Doadores de Medula Óssea (REDOME), que foram convocadas para a doação, não recusaram realizar
o procedimento. Hoje, o Brasil tem mais de 800 pessoas na fila do transplante de medula
óssea, na espera de encontrar um doador compatível.
Dados do
REDOME apontam que a maioria dos cadastrados no registro nacional estão
presentes nas regiões Sul e Sudeste, o que
dificulta a doação e o deslocamento do
material colhido até outros locais do país, já que o doador acaba optando para beneficiar um receptor do mesmo Estado. Mesmo assim, a doação
é um ato anônimo, não sendo possível direcionar o material colhido a um
paciente específico. Apesar disto, a regionalização acaba fazendo com que cada Estado tenha sua
própria fila de espera.
O
transplante de
medula óssea pode beneficiar no tratamento
de mais de 80
doenças em diferentes estágios e faixas etárias. Os transplantes estão sendo
realizados normalmente, seguindo as recomendações sanitárias do Ministério da
Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e a Sociedade de Transplante.
Hoje, as
instituições privadas e públicas promovem ações de conscientização sobre
a importância na participação da sociedade
em temas importantes como a doação. Como é
o exemplo da campanha da Singular Medicamentos,
que ao longo de todo mês de fevereiro, trabalha conteúdos informativos e
conscientizadores sobre leucemia e a importância
de se tornar um doador de sangue e medula óssea.
Os tipos de doadores
Atualmente,
segundo o Ministério da Saúde, existem 2 tipos de doadores. O primeiro é o doador
vivo, sendo aquele que concorda em contribuir em vida com a
doação, sendo feito uma triagem onde comprovam
as condições necessárias para a realização do procedimento. O segundo é o
doador falecido, desde que ele seja cadastrado no registro nacional, ou que a
família permita a utilização dos órgãos saudáveis.
Hoje, no
Brasil, a maioria dos procedimentos realizados são através de doadores
falecidos, que tiveram morte encefálica em decorrência de traumas
cranianos, ou acidente vascular cerebral (AVC). Para isso, é necessário a
verificação médica, que avaliam as reais
condições dos órgãos para a doação.
Como ser um
doador de sangue e medula óssea?
As cirurgias
demoram para acontecer, pois é necessário
que o paciente tenha compatibilidade com o doador. A chance desta
compatibilidade é de 1 em 100 mil pessoas. Além disso, as quedas nos números de doadores por conta da pandemia,
aumentou ainda mais a espera na fila do transplante.
Para se
tornar um doador de medula óssea é bem simples. Primeiro, é necessário fazer o
cadastro no hemocentro mais próximo de sua residência, onde será coletado
uma amostra de sangue. Após a triagem, os dados do doador são inseridos no
cadastro do REDOME, onde será identificado
um paciente compatível com o material colhido. Caso este paciente seja
encontrado, o doador é convocado para realizar o procedimento.
Alguns
critérios são necessários para que você possa se tornar um doador de medula
óssea. É preciso ter entre 18 e 55 anos, estar com a saúde em dia, não possuir
nenhum tipo de doença infecciosa, não ter doenças celulares como o
câncer, e não
possuir nenhum tipo de doença sanguínea ou no sistema imunológico. Vale salientar que algumas complicações de saúde não impedem
de se tornar um doador, mas será analisada caso a caso.
Aproveite
também o cadastro no hemocentro para ser um
doador de sangue. Atualmente, os hemocentros espalhados
por todo o Brasil estão com o baixo estoque, também em decorrência da pandemia do coronavírus. Na doação de sangue, é possível salvar até 4 pessoas.
Exames de
rotina ajudam no diagnóstico
Manter a
consciência sobre a saúde é melhor maneira de prevenção. Hoje, exames de rotinas são
cruciais na detecção de doenças e a melhor
forma de lidar com as possíveis identificações delas. É necessário estender
também desde os primeiros anos de vida, já que doenças como a leucemia são mais
frequentes em crianças e jovens.
A Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que, para crianças de até 6 meses de
vida, o acompanhamento deve ser integral e mensal. Após o sétimo mês de
idade até os 2 anos, as visitas nos médicos devem ser regulares trimestralmente. Já para crianças de 2 a 4 anos de idade, recomenda-se
que os exames sejam realizados semestralmente, e após isso, anualmente. Desta forma, é
possível identificar anomalias celulares, desregulamento funcional das células
e desequilíbrio funcional do corpo.
1(pmp - dado que contabiliza
o número de doadores disponíveis por milhão de pessoas
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