Planejador
financeiro também dá dicas para garantir a aposentadoria de maneira segura e
sem depender do INSSCuidados financeiros durante a aposentadoria
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Dos mais de 61,3 milhões de pessoas com nomes
negativados em janeiro de 2020, 6,73 milhões tinham entre 65 e 94 anos. Segundo
dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC), a maior alta de inadimplência (5,35%), em comparação
com o mesmo período de 2019, é observada entre os idosos com faixa etária entre
65 e 84 anos, mesmo com boa parte dos integrantes desse grupo recebendo uma
renda regular.
Segundo o planejador financeiro pessoal, João
Gondim, ter uma renda regular mensal não significa ter uma vida financeira
saudável porque muitos aposentados podem ter esse valor garantido todos os
meses, mas terem hábitos de consumo descontrolados. “Pode acontecer de uma
pessoa receber R$ 5 mil por mês e acabar tendo gastos de R$ 6 mil ou até mesmo
o aposentado que gasta todo mês exatamente o mesmo valor da renda e não possuir
uma reserva financeira. Quando surgir algum imprevisto, é muito provável que
ele recorrerá a empréstimos”, explica João Gondim.
Para superar esses problemas, Gondim orienta que
os aposentados devem, assim como qualquer outra pessoa, contar com uma reserva
de plena liquidez, ou seja, um dinheiro de segurança que seja possível resgatar
rapidamente em caso de adversidades. “Outra dica muito importante é fazer a
gestão dos gastos eventuais, ou seja, aqueles que a pessoa não tem todos os
meses, mas que fazem parte do orçamento, como vestuário, presentes e manutenção
do carro. Portanto, esse tipo de gasto deve ser controlado para que não
extrapole o orçamento”, detalha o planejador financeiro.
Porém, a grande armadilha para os aposentados
pode ser o crédito consignado. Justamente por ter uma renda mensal regular,
esse grupo da população consegue ter acesso mais fácil aos créditos, mas quando
essa busca por ajuda financeira é associada ao descontrole financeiro, é
possível que o aposentado acabe comprometendo sua receita. “O problema é que
muitas dessas dívidas não são feitas pelos aposentados, mas por pessoas que
sabem que os aposentados têm condições facilitadas para conseguir o crédito
consignado e acabam pegando dinheiro emprestado no nome do aposentado. No final
das contas, acaba não pagando e o nome do aposentado fica sujo na praça”,
alerta Gondim.
Investimento para aposentados
Para aqueles que ainda planejam continuar
investindo após a aposentadoria, João indica evitar investimentos de longo
prazo, já que esse tipo de investimento está voltado para um contexto de
acumulação patrimonial, como as ações, e envolvem um risco intrínseco muito
alto no curto prazo. “Pode ser que o aposentado amargue cinco ou seis anos de
queda de suas ações e retire menos do que investiu. Já pessoas com 30 anos que estão
nessa fase de acúmulo de capital para garantir, por exemplo, a aposentadoria,
já pode pensar em investir 100% em ações por mais 30 anos, tempo que um
aposentado pode não ter para recuperar o investimento”, detalha o Gondim.
Nesse cenário, o ideal é investir em renda fixa,
como o tesouro direto, já que esse grupo da população está mais preocupado em
ter mais qualidade de vida e usufruir daquilo que acumulou ao longo do tempo.
“O aposentado é uma pessoa que, provavelmente, vai deixar de fazer a maior parte
dos investimentos que fez ao longo do tempo porque pressupõe que ele já
conquistou a casa própria e não vai ficar trocando de carro com a mesma
regularidade que antes”, explica. “Quando a pessoa se aposenta, é provável que
tenha um decréscimo de renda média e, com isso, muitos investimentos reduzem.
Além disso, não será mais preciso destinar uma parte da renda para a
aposentadoria. O que será preciso é fazer uma organização financeira para
realizar objetivos um pouco maiores, como fazer uma viagem”, completa o
planejador financeiro.
Como garantir a aposentadoria?
Já aqueles que estão pensando no futuro com uma
aposentadoria confortável sem depender do INSS já podem começar a se programar
desde já. João detalha alguns passos para conquistar a segurança financeira no
futuro:
1 - Definir o valor da aposentadoria: uma pessoa
que quer se aposentar com uma renda de R$ 5 mil mensal, por exemplo, deve
pensar que ainda tem que levar em consideração alguns impostos, que giram em
torno de 15%. “Por isso, é necessário pegar o valor desejado, que neste exemplo
é de R$ 5 mil, e multiplicar por 1,15, o que dará um valor de R$ 5.750.Esse é o
valor bruto, considerando o valor desejado acrescido dos impostos”, explica
Gondim.
2 - Encontrar o valor do patrimônio necessário para
aposentadoria: após encontrar o valor da renda bruta necessária (R$ 5.750), o
próximo passo é dividir esse número por 0,0065, que é o valor da rentabilidade
esperada dos investimentos em fundos imobiliários. “Dessa forma, chegará a um
patrimônio de R$ 884.615, que é o valor que deve ser juntado para alcançar a
aposentadoria no valor desejado”, detalha.
3 - Decida quando quer se aposentar: após saber o
valor que deve ser levantado, a pessoa deve encontrar a diferença em meses da
idade atual com a idade da aposentadoria planejada. Portanto, uma pessoa que
tem 33 anos hoje e pretende se aposentar com 75 anos, resultará em 504 meses
até a aposentadoria.
4 - Valor do investimento para se aposentar: para
encontrar o valor que deve ser investido mensalmente, basta acessar o site da
Calculadora do Cidadão, do Banco Central, e buscar a área de aplicações com
depósitos regulares. Depois, basta preencher o formulário com os dados
encontrados durante o processo acima, como número de meses (504), taxa de juros
mensal (0,65%) e o valor do patrimônio desejado (R$ 884.615). Ao clicar em
calcular, a pessoa terá o valor que deverá investir mensalmente para garantir a
aposentadoria. Neste exemplo, o valor seria de R$ 226,79.
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