No nível prático, a sociedade contemporânea parece estar sofrendo de uma deficiência simultaneamente crônica e aguda de valores sociais. Solidariedade, reciprocidade e confiança são termos fora de moda; os relacionamentos humanos hoje não são mais intimistas e calorosos, mas meros negócios marcados por impessoalidade e frieza, ou seja, as relações interpessoais morreram e deram lugar às transações.
Dentro de
uma organização, por exemplo, o líder tem um papel essencial em promover esses
valores sociais. “Hoje, ao falarmos da liderança e desenvolvimento de
pessoas, pensamos em líderes que sabem dialogar, ouvir, incluir. Pensamos
primeiro em profissionais coerentes, éticos, íntegros e fiéis a seus valores, e
depois pensamos em resultados. Mas, quando fazemos uma relação da liderança com
o capitalismo moderno, nos parece que este fato é ignorado. Teoricamente, seu
grande objetivo seria possibilitar a prosperidade coletiva, uma finalidade
digna, porém não suficiente. Em uma sociedade ideal, cada indivíduo deve não
apenas enriquecer, mas desabrochar, movido por um sentimento de apreço e
pertencimento”, afirma Sérgio Guerra, CEO da SG Aprendizagem Corporativa.
Para mudar
esse quadro, é necessário que a liderança tenha em mente que não basta
somente acumular riquezas, o que importa mesmo é o legado que a liderança deixa
na sociedade como um todo.
“Em primeiro
lugar na lista de pilares do capitalismo
consciente encontra-se o “propósito maior” que refere-se ao motivo
de existência da companhia. Em seguida, aparece a “cultura consciente” a fim de
conectar propósito,
stakeholders e processos a valores sociais - o que nos leva diretamente ao
terceiro item. A “liderança consciente” trata-se de líderes responsáveis por
seguir o propósito da marca e guiar os colaboradores nesta trajetória com a
habilidade de gentileza. Por fim, está a “orientação para stakeholders” onde
acontece a geração de valores a todas as partes interessadas no negócio. A SG de
certa forma já vem se aliando há tempos com esse conceito mais humanizado. O
"SER" é introduzido nas soluções de aprendizagem que criamos, de forma
leve, porém substancialmente profunda, usando metodologias e ferramentas,
aliadas aos novos contextos organizacionais”.
Como a liderança pode trabalhar para promover essa
mudança?
Ética - A moralidade está fundamentada na consciência de pertencer
a uma comunidade, porém a economia de mercado encontra-se cada vez mais
distante desse ideal. Hoje, ser funcionário de uma empresa não significa mais
pertencer a uma comunidade, pois os líderes em geral priorizam o lucro em
relação a todas as demais considerações morais. Assim, o indivíduo corre sempre
o risco de ser despedido a toque de caixa se não alcançar os resultados
financeiros desejados por seus supervisores, e para evitar tal destino parece
tentadora e válida qualquer manobra, por mais antiética que seja.
Nesta área,
portanto, o pior bloqueio que um líder precisa enfrentar é o fato de o negócio
da maioria das empresas visar à criação de valor econômico, e não de valores
éticos e sociais. Felizmente, porém, o jogo está virando: a exigência por mais transparência
corporativa vem ganhando força, e as organizações terão suas propostas,
prioridades, comprometimentos e atividades submetidos a uma intensa e crescente
vistoria em âmbito internacional.
Nos últimos
anos, esse processo está sendo impulsionado pela emersão de novos e modernos
sistemas de valor e de tecnologia da informação. Neste contexto, uma gama cada
vez maior de diversos stakeholders
está demandando informações sobre a situação dos negócios e os possíveis
cenários futuros, utilizando esses dados para comparar, fazer benchmarking e
avaliar a natureza da atuação de diferentes corporações.
Responsabilidade
- Neste contexto, valores humanos
e as próprias “regras do jogo” sociais serão redefinidos através da:
“eficiência econômica voltada à igualdade social, dos direitos individuais para
obrigações coletivas, do individualismo para comunidade, da quantidade para
qualidade, da separação para a interdependência, da exclusão para a igualdade
de oportunidade, do homem para a mulher, do luxo para a necessidade, da
repressão para a liberdade, do hoje para o amanhã e do crescimento que
beneficia poucos para um desenvolvimento humano que beneficie a todos.” A sustentabilidade
– seja ela ambiental, social ou econômica - deve ser vista pelas empresas como
uma oportunidade e não uma ameaça; é urgente o fim desse tipo de queda de
braço, com um lado forçando para novos padrões e regras e o outro tentando
derrubá-las.“O T&D
tem uma grande importância no sentido de treinar esses profissionais para
prepará-los para a mudança de padrão mental quanto ao legado versus o
acúmulo de riqueza. Por meio de diferentes processos, são oferecidos novos
conhecimentos, habilidades e atitudes, capazes de modificar hábitos e
comportamentos. Dessa forma, os profissionais se tornam mais eficientes naquilo
que fazem e no que verdadeiramente importa”, finaliza Sérgio Guerra.
Referência - E-BOOK Consciente, Capitalismo Consciente Brasil
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