Pelo menos 10% das
lesões evoluem com sequelas; ABTPé fala sobre a importância do tratamento
Quem nunca sofreu uma torção no tornozelo? É
estimado que a cada 25 anos de vida, uma pessoa percorra o equivalente a uma
volta ao mundo a pé. Sendo assim, a chance de pisar em falso em uma caminhada
não é pequena. Na prática esportiva, então, a entorse, como também é chamado, é
muito comum e considerada o motivo mais frequente para atendimentos
emergenciais.
A maioria das pessoas considera a torção um
problema sem consequências e logo volta às atividades normais, mas o fato é que
a entorse do tornozelo pode ser uma lesão grave e deixar sintomas para o resto
da vida, como explica o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina
e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. José Antônio Veiga Sanhudo. “Estima-se que
pelo menos 10% dessas lesões evoluam com sequelas, especialmente quando o
tratamento é negligenciado”, ressalta.
O tornozelo é a base do corpo e, ao torcê-lo, o
ideal é passar por consulta com um especialista para uma avaliação correta da
gravidade da lesão. “O médico vai avaliar a necessidade de exames
complementares, como radiografias, para descartar fraturas e, eventualmente,
ressonância nuclear magnética para quantificar a extensão da lesão ligamentar,
a possiblidade de lesão tendinosa e/ou de cartilagem associadas”, explica Dr.
Sanhudo.
Graus da torção
Quando uma entorse de tornozelo acontece, um ou
mais ligamentos no lado interno ou externo (mais comumente) sofreram
estiramento, ruptura parcial ou ruptura total.
A gravidade da lesão varia de acordo com o grau de
ruptura das estruturas ligamentares e é classificado de I a III.
Grau I – leve (distensão): ligeiro estiramento dos ligamentos, com formação de edema e presença de
dor.
Grau II – moderado: ruptura parcial dos ligamentos e instabilidade da articulação, com
presença de edema e rigidez na movimentação. Dor de intensidade moderada.
Grau III – grave: ruptura total dos ligamentos e muita instabilidade no pé, com grande
dificuldade para manter-se em pé e dor intensa.
“A entorse do tornozelo compreende graus variados
de lesão ligamentar, que via de regra cicatrizam bem, mas que se não
imobilizadas e supervisionadas por um especialista, muitas vezes cicatrizam
alongadas, sem a tensão adequada, o que, na maioria das vezes, provoca
instabilidade articular, com perda da segurança, falseios e entorses de
repetição”, fala o presidente da ABTPé.
Dependendo do grau de instabilidade e sintomas
residuais, uma cirurgia para reparo ligamentar pode ser necessária. A causa
mais comum desse desfecho é o tratamento inadequado. “Muitas entorses são
tratadas sem orientação médica adequada e o indivíduo acha que ficou curado até
notar que o seu tornozelo não é mais o mesmo”, salienta o especialista. “O
tratamento da lesão, que outrora envolvia longos períodos com bota gessada,
hoje é, na maioria das vezes, realizado de forma funcional com imobilizações
elásticas que bloqueiam alguns movimentos, mas permitem a deambulação com uso
de calçados regulares”, conclui Dr. Sanhudo. A duração do tratamento é de 6 a
12 semanas, habitualmente e, quase sempre, envolve uma fase inicial de
imobilização funcional – como explicado pelo especialista, seguida de
reabilitação.
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