Estudo
avaliou mais de 320 cuidadores que já estão na terceira idade, em São Carlos
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar) revelou que o idoso que cuida de outro idoso tem alta
prevalência de pré-fragilidade e fragilidade. O estudo foi realizado pela
gerontóloga Ingrid Cristina Lopes e pela fisioterapeuta Roberta de Oliveira
Máximo, sob orientação de Tiago da Silva Alexandre, docente do Departamento de
Gerontologia (DGero) da UFSCar, com base nos dados do projeto "Variáveis
associadas à cognição em idosos cuidadores", coordenado por Sofia Cristina
Iost Pavarini, também docente do DGero. Os resultados mostram que a
pré-fragilidade afetou 60% dos idosos cuidadores e a fragilidade esteve
presente em 20% dos entrevistados.
A Síndrome da Fragilidade é uma condição em que os idosos manifestam, pelo menos, três dos seguintes sintomas: fraqueza muscular, fadiga ou exaustão, lentidão para caminhar, diminuição do nível de atividade física e perda de peso sem dieta. A pré-fragilidade é um estágio intermediário reconhecido pela presença de, pelo menos, dois desses sinais.
De acordo com Alexandre, se a pré-fragilidade e a fragilidade não forem identificadas podem aumentar os riscos dos idosos caírem, de perderem a capacidade de realizar suas atividades diárias com independência, de hospitalização e de institucionalização, além do óbito. "Por isso, a importância que a Síndrome seja detectada precocemente, identificando sua causa e promovendo o tratamento adequado", destaca o professor.
O docente explica que o fato de prover cuidados a outro idoso, uma atividade que requer considerável esforço físico e psicológico, pode acentuar a possibilidade do cuidador apresentar a Síndrome da Fragilidade dada a vulnerabilidade desse indivíduo que, além de lidar com suas próprias doenças e questões relacionadas à idade, também dedica cuidados a outros idosos.
A pesquisa foi feita em São Carlos com uma amostra de 328 pessoas, com mais de 60 anos de idade, que cuidavam de idosos dependentes. Os participantes foram entrevistados em suas residências, responderam a questionários sobre aspectos sociodemográficos e condições de saúde e foram submetidos a avaliações clínicas medidas antropométricas e testes de desempenho físico e cognitivo. De acordo com o docente, o estudo apontou que pouco mais de 60% dos entrevistados apresentaram sinais de pré-fragilidade e 20% já tinham os sintomas da fragilidade.
Diante da prevalência da pré-fragilidade e da fragilidade identificada, Alexandre considera que os cuidadores idosos necessitam de um olhar atento para as suas próprias carências e precisam revezar o cuidado para que tenham um tempo para cuidar de si mesmos. Além disso, ele defende que a participação em grupos de cuidadores é importante para a troca de experiências e alívio da ansiedade e do estresse que o cuidado traz consigo. "Por fim, o controle de doenças crônicas, uma dieta equilibrada e exercícios que mantenham a massa e força muscular ajudam na prevenção da instalação da fragilidade", complementa.
Os profissionais da Saúde devem estar preparados para o rastreio da pré-fragilidade e fragilidade, já que iniciar precocemente um tratamento adequado é fundamental para evitar a progressão da Síndrome. O docente também destaca que, por ser uma condição clínica com diversas manifestações, são necessárias muitas frentes de tratamento, além de políticas públicas e serviços de Saúde aprimorados e com estratégias que permitam o apoio ao cuidador, uma vez que as famílias estão cada vez menores, reduzindo as possibilidades de pessoas que possam auxiliar na prestação do cuidado.
Os resultados foram divulgados recentemente em artigo (https://bit.ly/2uP81RY) na Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Além de disseminar o conhecimento e publicar os resultados de uma pesquisa de caráter epidemiológico, o orientador destaca que a publicação também "permite compreender o panorama da fragilidade em idosos cuidadores de modo a contribuir para o aprimoramento de políticas públicas e elaborar estratégias de enfrentamento que efetivamente melhore a vida das pessoas".
Pesquisa desenvolvida com base em projeto aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (Parecer: 68/2013).
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