O coronavírus
chegou mudando os nossos hábitos, as nossas rotinas e, principalmente, as
nossas verdades absolutas. Aquelas velhas certezas estão simplesmente caindo
por terra. O novo cenário está posto e não há nada a fazer, a não ser se
adaptar. Diante disso, precisamos rever posturas e desenvolver novos
comportamentos. Se o mundo muda, a gente precisa mudar junto. Por isso, elenquei
algumas dicas fundamentais para estimular a cultura inovadora na sua empresa
nesses tempos de crise.
# Dissemine
o propósito: momentos como o que estamos vivendo costumam
despertar reflexões profundas. Com a vida sob ameaça, as pessoas tendem a ficar
mais sensíveis, buscando encontrar o sentido das coisas. Nessa hora, é comum se
questionarem sobre qual é o verdadeiro motivo de saírem de suas camas todos os
dias para enfrentar o trânsito e ir trabalhar. Por isso, mais do que nunca, é
importante que o propósito da sua empresa esteja claro. Os colaboradores
precisam saber para o que, de fato, eles estão trabalhando. O que eles estão
construindo? Qual é o legado que querem deixar para os próximos? Então, deixe
todos muito cientes do motivo pelo qual a sua empresa existe.
# Dê
autonomia: não adianta liberar o home-office e ficar
mandando mensagem a cada cinco minutos só para saber se o funcionário está
trabalhando. Autonomia quer dizer liberdade de atuação. Não importa se as
pessoas vão fazer mais tempo de almoço ou se vão parar no meio da tarde para um
café. Essas coisas já acontecem no dia a dia e são absolutamente normais. Vire
a “chavinha”. O trabalho não é uma questão de horas, mas sim de produtividade.
Delegue as tarefas, estabeleça os prazos e confie que tudo sairá bem.
Profissionais com autonomia tendem a ser muito mais produtivos. Garanta que sua
equipe tenha o ambiente necessário para trabalhar sem vigilância.
# Incite a
criatividade: se há um remédio contra essa situação,
certamente é a criatividade. Com ela, é possível fazer mais com menos, fazer
coisas diferentes para chegar aos mesmos resultados ou, melhor, para atingir
resultados antes impensáveis. Se tirarmos a letra S da palavra crise, temos a
palavra CRIE. Então, estimule seus colaboradores a tirarem o S e, com ele,
tirarem também todo o pânico, a ansiedade e as lamentações. É hora de
transformar limões em caipirinhas. Chorar, reclamar e sofrer, simplesmente não
irá resolver o problema. O jeito é arregaçar as mangas, fazer o que for possível,
criar o impossível e seguir em frente. Crises não duram para sempre e, elas
costumam ser darwinistas: não são os mais fortes que sobrevivem, mas sim os que
melhor se adaptam.
# Favoreça
a experimentação: não tem como ser
criativo em um ambiente quadrado, que pune os erros veementemente. Para
enfrentar a crise com criatividade, além de autonomia e propósito, é preciso
criar um clima que favoreça a experimentação. Correr riscos faz parte do
processo. É preciso estimular os testes, com ousadias calculadas, erros
pequenos e rápidos. A chefia precisa levar em consideração que a equipe não vai
acertar sempre, mas nunca vai conseguir um resultado diferente se estiver
fazendo as mesmas coisas. Quando o erro acontecer, em vez de jogá-lo embaixo do
tapete e cortar a cabeça do culpado, é preciso incentivar que todos façam uma
avaliação do que funcionou e do que não funcionou. Nunca temos um erro por
completo e, ele sempre pode trazer grandes aprendizados. Só depende de como ele
será tratado.
# Estimule
a empatia: uma das melhores formas de gerar uma cultura
inovadora é estimular a geração de empatia. Um dos grandes motivos de fazermos
sempre as mesmas coisas é o péssimo hábito de acharmos que sempre sabemos o que
os outros pensam, sentem, gostam. Não! Nós não sabemos. E só há como se
aproximar dos pensamentos, sentimentos e preferências do outro se tentarmos nos
colocar nos lugares deles. Normalmente, costuma-se dizer que empatia é se
colocar nos sapatos dos outros. Mas, como fazer isso se, na maioria das vezes,
somos incapazes de tirarmos os nossos próprios sapatos? Empatia quer dizer
libertação de pré-conceitos e julgamentos. Só é capaz de ser empático aquele
que se distancia de si mesmo para acolher o outro.
# Invista
na diversidade: é muito fácil conviver com pessoas parecidas
com a gente, mas absolutamente castrador. As mesmas ideias, as mesmas atitudes,
as mesmas opiniões. Impossível inovar em um ambiente em que não há diversidade.
E, não estou me referindo apenas a questões de classe social, raça, idade ou
preferência sexual. As empresas precisam de pluralidade para criar uma cultura
inovadora. Tem que ter gente com formações diferentes, com histórias de vida
diferentes, com pensamentos diferentes. A riqueza mora na diversidade. Uma das
premissas básicas da inovação é a multiplicidade. Para construir um novo
caminho, precisamos ver várias rotas simultaneamente.
# Incentive
a colaboração: por fim, ninguém consegue fazer nada sozinho.
A inovação depende da colaboração e da co-criação. Em momentos de crise, a
solidariedade aflora e, é normal que as pessoas fiquem mais dispostas a ajudar,
despertando um senso de coletivismo. Então, aproveite o momento para estimular
a colaboração na sua equipe. Uma vez desenvolvido esse comportamento agora,
provavelmente, ele irá perdurar quando a tempestade passar. Inovação demanda
colaboração em vez de competição. Quanto mais as pessoas puderem se unir para
trocar experiências de sucesso ou para ajudarem as outras, melhor para todos.
Que a crise passe
e que a cultura inovadora se instaure, definitivamente, na sua empresa.
Marília
Cardoso - sócia-fundadora da PALAS,
consultoria pioneira na implementação da ISO 56.002, de gestão da inovação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário